O dia seguinte àquela missão dramática foi estranhamente comum. Depois de viver o nível mais alto das adrenalinas, Estinien quase sentiu vergonha em admitir a si mesmo que tinha gostado de correr perigo. Eram devaneios ou apenas o espírito ninja que crescia dentro dele? Apenas o tempo diria. Tentando voltar ao costume de fazer tarefas mais simples (e também porque precisava urgentemente de dinheiro) ele tomou um café da manhã rápido, vestiu seu traje shinobi e foi em direção a um lugar que já estava ficando familiar.

Dezenas e dezenas de papéis com diversas tarefas estavam presos no grande quadro de missões. Estinien não estava com um humor muito bom naquele dia, então decidiu focar em atividades que não exigissem muito contato social. Retirou do quadro duas que lhe chamaram atenção e as colocaram no bolso, partindo logo em seguida ao local indicado no primeiro folheto.

Não foi difícil encontrar seu objetivo. Em uma grande praça pública, no centro da vila, encontravam-se diversas pessoas organizando um evento comunitário. Sem nem ter tempo de ir até alguém pedir instruções, uma mulher veio correndo em direção a Estinien assim que percebeu sua presença. — Estava vendo aquelas toras de madeira? Use isto para montar uma barraca igual a do lado, obrigada! E saiu correndo novamente, entregando-o um pacote de pregos e um martelo. Cerca de trinta minutos haviam se passado quando a barraca finalmente conseguiu se sustentar em pé, completa. Não só isso, mas a velocidade que os voluntários estavam pregando foi o suficiente para deixar toda a estrutura completa. Sem muito humor para festas e com mais uma tarefa para fazer, Estinien partiu de encontro à sua próxima missão.

— Espera… sério? Depois de ler com mais atenção os detalhes da missão, o garoto percebeu que ela também se relacionava com o evento em que havia acabado de prestar serviço. Entretanto, a ajuda da vez seria de auxiliar na limpeza do local após a finalização das atividades. — Bom, ao menos posso me distrair enquanto espero o evento acabar. Depois de passear um pouco pelo local, Estinien percebeu que aquela era uma reunião de artesanato. Diversas esculturas das mais variadas formas e tamanho podiam ser encontradas ali, algumas para admirar e outras para venda. Enquanto andava e admirava algumas das obras, ele ouvia ocasionalmente o som de argila quebrando, o que lhe causava frustração ao lembrar que seria quem teria de limpar a bagunça depois.

Quase uma hora depois o evento chegou ao fim. A mesma moça que veio correndo lhe dar os pregos e martelo agora distribuía vassouras para voluntários, colocando uma na mão de Estinien no momento que passou por ele. O lixo recolhido era composto por, em suma, cacos de vidro, pedaços de argila quebrada e alguns copos descartáveis espalhados pelo chão, nada muito além do que ele já imaginava. Incrivelmente, a limpeza também não foi um trabalho tão árduo assim, com exceção dos acidentes, as pessoas haviam sido educadas. — É, acho que acabei por aqui. E, depois de devolver a vassoura de volta para a moça, partiu rumo à sua casa.