A taverna que nos recebe é uma atmosfera completamente diferente da minha vivência, o que me deixa meio deslumbrado. O distrito comercial humilde de onde venho não tinha locais como aquele, e raríssimas foram as vezes que fui a um restaurante. E ali estávamos, envolvidos por uma música tradicional, a arquitetura característica de Uzushio e sua agitada vida noturna. Não imaginei que teria lugares assim quando cheguei aqui.

Me pego observando meus companheiros. Nanami e eu compartilhamos uma bebida sem álcool, e eu observo o garotinho loiro e espevitado. Não o subestimo, garanto a mim mesmo, mas quero vê-lo em segurança. Apesar da idade, aquele dia deixou claro que tinha experiência no caminho shinobi. Nos conhecemos recentemente, não ousaria me autoproclamar seu "amigo", mas... há uma vontade de vê-lo florescer, sem atrapalhá-lo.

E também havia nosso mestre; o icônico penteado púrpura marcado por pequenos chifres, o sorriso que vem fácil à boca enquanto fala sobre bater em ninjas ou técnicas de doenças. O viciado em apostas e chocolate, e também o pivõ de toda aquela missão. Termino o dia pensando o mesmo de quando o vi pela primeira vez: ele é tão legal. Porém, há algo a mais: ele também é um mistério. Continuar sob sua tutela seria um caminho curioso...

E então, havia eu. Amargo os últimos goles da bebida, mas meus pensamentos são afastados com nosso toque de recolher. Agradeço mentalmente e me despeço de meu time com uma reverência cordial.

O sono não vem fácil. Encaro a janela noite afora, deixando o vento gelado da primavera vergastar meu pijama de linho como se fosse água. Vou acordar gripado amanhã, penso com tristeza sobre minha imunidade baixa, mas não fecho a janela. Minha mente viaja pelo deserto de Suna, para Kira — e então vai além, para pouco tempo atrás, no final do inverno. Treze anos. Nenhuma comemoração, como de habitual, mas isso não me incomoda. A perspectiva de estar naquela equipe é que muda tudo. Os caminhos serão mais difíceis e tortuosos. Tremo um pouco com o frio. Só o que me resta é um corpo fraco; só o que me guia é a busca por um propósito maior.

Os raios opusculares já estavam presentes quando consigo pregar os olhos, mas logo depois sou convocado para o café da manhã. Me esforço para não aparentar a exaustão, apesar das olheiras e da tosse chata que me acompanha. O caminho de volta será longo.

No portão de saída, me esforço para sorrir quando deixamos o paraíso dos redemoinhos para trás.

— Vamos.