Não sabia muito bem o que pensar por estes dias tão cansativos além de que tudo o que eu queria era descansar por um longo período de tempo. Olhando os arredores do vasto - Ainda que não tão diverso País do Arroz me fizeram ter lembranças dos campos sangrentos que rodeavam Kumogakure, onde eu aprendi a sobreviver com base na brutalidade de predadores naturais e supremos, como os ursos e tigres que ali viviam no local. Era uma paisagem agora maldita aos meus olhos, a qual eu tentei evitar por muito tempo - Mas jamais esquecendo-a. Por todos os anos e situações em que me encontrei até então, jamais poderia me esquecer das raízes que me transformaram nesta criatura abismal e corrupta por poder. Eu tinha noção do que estava me transformando, mas não é como se eu não estivesse gostando de tal. Era muito melhor se acostumar ao ser temido. A sensação de poder que residia em minhas mãos era simplesmente divina, eu me sentia importante, ao menos uma única vez nesta vida. A minha fama era crescente e meu nome já era conhecida em boa parte tanto em Kumogakure como nesta miserável espelunca do Lixo do Arroz. Era um país pobre, deprimente e que me dava vontade de vomitar apenas de andar sobre estas planícies fétidas e pútridas pela sua própria existência inferior. Uma verdadeira sarjeta a escala regional, era tudo o que eu tinha para me manter ao menos distante do contato com a maldita Vila Oculta da Nuvem. Mas mesmo assim eu não me sentia seguro, pois sabia que em breve alguém viria atrás de mim por mais vez. Por todos os crimes que eu cometi, por tudo o que fiz contra e com Kumo, e por todos aqueles que joguei à cova. Todos eles disseram que eu pagaria, mas no final, a vitória sempre é de quem bate mais e fala menos. Meus passos agora eram pesados e focados, enquanto os cabelos pairavam à brisa da noite. A lua estava em fase crescente, o que significava que hoje encerraria-se o ciclo festivo do vilarejo próximo a caverna a qual habito, como um verdadeiro troglodita ancestral. Me aproveitaria desta brecha para enfim escapar deste lugar o mais rapidamente possível, pois as condições de vida que aqui se encontram beiram a linha da miséria absoluta, com pouco menos de alguns animais de pequeno porte para devorar. Sem poder me aproximar dos vilarejos sem causar um massacre, tudo o que me restava era me mudar e sumir para um lugar muito...Muito distante daqui. Mas mesmo assim, eu deixaria um último recado para que Kumo temesse a minha volta a este vilarejo. Eles saberão que quando a hora chegar, a lua se alinhará em sangue e trará a desgraça para todos. Eu mesmo farei questão de afundar a vila, nem que eu faça isso sozinho e com minhas próprias mãos. Raikage, Assistente, homens e mulheres...Toda aquela raça imunda pagará pela sua existência medíocre. Farei com que nunca se esqueçam de quem eu verdadeiramente sou: Um Demônio.

Estava havendo um pequeno festival na vila próxima a caverna, aparentemente os cidadãos comemoravam a troca de fases que se fazia graças ao ciclo lunar pré-estabelecido, o que me intrigava. Haviam muitas pessoas, mas o lado bom é que se encontravam do lado oposto a que eu estava, mesmo assim conseguindo ouvir seus gritos de euforia e luzes piscantes ao fundo. Cobrindo-me com uma capa negra para ocultar minha identidade, levantei-me do solo pútrido da antiga caverna e me pus a correr a uma direção rumo a norte, seguindo pela trilha de terra que levava a quem sabe onde. Olhei aos arredores com cautela para ter certeza de que não estava sendo seguido por ninguém, como se meus esforços visuais realmente fossem fazer alguma diferença contra um oponente que se mantém oculto nas sombras da noite pouco iluminada. Bufei e inspirei, focando os olhares afiados na estrada que me aguardava ao momento, e com passos pesados e extremamente rápidos ao utilizar de sua velocidade no potencial máximo, eu conseguia fugir dos holofotes multicoloridos com bastante facilidade, por mais que este não fosse o grande problema da vez. Eu sentia que algo se aproximava de mim com certa velocidade, e por conta de tal já havia posto a mão sobre o cabo da Sanjin no Õgama, prevendo que poderia ser surpreendido por algum tipo de inimigo enviado por Kumogakure por mais uma vez. Eles realmente não aprendem, não é? Mandam mais e mais homens para sua morte, como se fosse algo proposital: Será que estavam descartando aqueles que consideravam fracos? Eu não tinha certeza, apenas sabia de que qualquer um que interferisse em minha jornada pagaria com a vida - E de maneira brutal e lenta. Não era mais o Kressel piedoso e bondoso de antes, agora eles deveriam reconhecer minha existência como algo a ser corrigido e apagado da história. Mesmo assim, será difícil me encontrar quando eu estiver em um país do outro lado do mundo, não é mesmo? Certifiquei-me de que a capa estava posta por cima da Foice e continuei a corrida, apenas visando pará-la caso viesse a entrar em contato drieto com um possível inimigo ou se um combate fosse iniciado próximo dali. A rua era escura e silenciosa, não havia nada além de mim e o vento...De fato, o clima ficava mais tenebroso. Seria, por acaso, um sinal de aviso de que um presságio maléfico me aguardava? De hora em hora, jogava olhares para trás apenas para me certificar da segurança de minha retaguarda, temendo um ataque surpresa ou mesmo emboscada. Mesmo confiante de meu poder avassalador, eu não poderia simplesmente baixar a guarda para qualquer um, não é mesmo? O luar se obscurecia com a passagem de algumas nuvens por sua frente. O Clima se tornava mais pesado...E eu sabia bem o seu significado.

De fato, minhas previsões estavam corretas. Eu conseguia ouvir passos se esgueirando por trás de mim, entre as folhas secas do lado esquerdo a cerca de 25 metros. Mesmo assim, eu não tenho certeza se esta atitude é ou não proposital por parte de meu oponente. Dei continuidade a corrida até chegar em uma curva onde existia um enorme lago o qual refletia a forma iluminada da lua que pairava sobre os céus, virando imediatamente para trás e deslocando cerca de trinta metros da Sanjin no Õgama, arremessando a lâmina tripla na direção a qual os passos se davam origem. Alcançando a localização em menos de um único segundo por conta da força gigantesca que possuía no momento, notei que os passos ainda poderiam ser ouvidos, mesmo após o certeiro ataque ter atingido a localização pensada. Puxei a foice de três lâminas criada de maneira sobrenatural para minha direção por mais uma vez, colocando-a em minhas costas e não sabendo dizer muito bem o que se passava, até que enfim uma voz chamou minha atenção, estando totalmente oculto do alcance dos raios prateados do belo luar que se fazia àquele momento.

— "Você parece ser bem durão, afinal de contas. Kressel, não é? Não importa o quão forte você seja, ainda não passa de um monte de músculos e pouco cérebro...Não poderá me vencer, mas é uma lástima que a vila tenha preferido testar seu poder com outros shinobis com especialidades diferentes umas das outras. Agora, é hora de acabar com isso. Você será punido pelo vilarejo, fui encarregado de fazer isso. Então não se preocupe: Eu vim apenas buscá-lo..O que acontece depois, não é da minha conta, hahahaha!!!" — Ele proferiu, confiante.

Contraí os músculos do peito, braços e pernas, me preparando para avançar sem ativar nenhum dos Oito Portões internos, para testar o poder total de meu oponente. Também não respondi às suas provocações, ignorando completamente as falas e me focando totalmente em atingir um ponto fraco o qual pudesse me trazer uma vitória fácil e rápida, pois não queria perder muito tempo com alguém de nível tão baixo. O olhar se afiou totalmente e o punho estava mirado diretamente contra o coração do ninja de Kumogakure, não demoraria mais do que um único segundo para chegar até sua posição, afinal de contas. Como uma serpente, eu estava totalmente preparado para o bote...Apenas me restava saber quando e como atacar, como um verdadeiro predador. O homem, vendo que eu não cederia a provocações tão ridículas, pareceu suspirar e começou a dar passos em minha direção. Quando a lua bateu sobre seu peito e o mesmo virou-se lentamente para a esquerda abrindo totalmente sua guarda por um único momento, meus pés involuntariamente avançaram para um ataque devestador centrado no peito, com intuito de causar uma morte rápida, quase como uma técnica de assassinato.

O Homem assustou-se com o golpe repentino, que atravessou seu peito facilmente, perfurando sua caixa torácica como se fosse papel. Mesmo assim, algo me disse que algo estava errado. O corpo humano não era tão frágil deste jeito, eu havia perfurado uma das mais resistentes partes do corpo com apenas um único golpe de pressão...Foi quando notei que o corpo do mesmo começou a desfazer como uma miragem, desaparecendo ao ar enquanto se deformava em algo desconhecido. Olhando ao redor, percebi que estava cercado por dezenas - Se não centenas de cópias com rostos deformados e corpos monstruosos daquele mesmo shinobi, todos falavam e riam ao mesmo tempo. O que era aquilo?! Eu não fazia ideia, mas a única coisa que fiz questão de fazer foi estender o cabo da Sanjin por mais uma vez em até 33 metros, segurando-a com ambas as mãos e aguardando o avanço dos oponentes, afiando os olhares e percebendo que tais seres não pareciam ser humanos: Muito pelo contrário, aquilo era algo sobrenatural. Uma gota de suor escorreu da lateral direita de minha testa e a preocupação consumia minha mente, que não conseguia processar o que diabos estava acontecendo naquele lugar. Ainda não havia aberto nenhum dos Oito Portões Internos por não considerar que aquele alvo pudesse ser algo verdadeiramente perigoso para sua integridade física. As cópias demoníacas moldadas da mais fina camada da esquizofrenia avançaram de maneira bestial enquanto a lua lentamente desaparecia do céu e o solo ao redor era lentamente tomado pelo sangue daqueles que matei no passo. Pisando sobre cadáveres, sangue e outras putrefações que causei, sendo observado fixamente todo o tempo pelos rostos deformados em agonia daqueles que já se foram, lutava contra as centenas de cópias infernais do shinobi desconhecido, tendo poucas dificuldades para desfazê-las com um único golpe. mesmo assim, elas não paravam de vir e tudo ao redor parecia ficar cada vez mais bizarro. As árvores choravam e criavam rostos, enquanto plantas queimavam em chamas rosadas e meus dedos começavam a derreter em carne viva, com todo o corpo queimando como se estivesse no próprio purgatório. Percebi que o cabo da foice começara a se desfazer lentamente e que as criaturas riam incessantemente, não importasse a situação ou por quanto tempo. Eu estava começando a ficar um pouco perturbado com tudo aquilo, e pensava em uma maneira de dar um fim definitivo a esta situação sombria e completamente deturpada dos conceitos verdadeiros do mundo real. Eu já estava cogitando de que era um Genjutsu, por já ter estudado e ter tido contato com este tipo de jutsu no passado. Se este fosse o caso, teria que me virar para conseguir algum resultado...Uma vez que como um Lee, não possuía qualquer técnica ou aprendizado com técnicas que sejam moldadas do chakra. Rangi os dentes, mas continuei a luta incessante contra as criaturas, sem deixar uma única se aproximar de mim. Mesmo assim, o tempo parecia diminuir cada vez mais...O que estava acontecendo de verdade, do outro lado desta realidade infernal?

Não tinha como algo daquele calibre ser real, era impossível, totalmente impensável que algo deste tipo possa existir fisicamente no mundo. Pensando bem, não demorei muito até a chegar a conclusão de que eu estava sendo feito de otário e que isso tudo não passava de um Genjutsu altamente bem feito, talvez desenvolvido pelo próprio perseguidor. Colocando um sorriso no rosto de confiança e estudando sobre as maneiras possíveis de se escapar de um genjutsu, pensei que a melhor seria através de uma súbita transformação no chakra, mas pro ser incapaz de desenvolver o Kai, minha única alternativa era o meu próprio poder oculto o qual marquei o olho direito com a numeração que me faz ser quem eu sou: O Juinjutsu, uma transformação verdadeiramente provinda da própria treva da alma daquele que é capaz de dominá-lo por completo. Me afastei rapidamente das figuras que continuavam a surgir e girei a foice ao meu redor para afastar a onda mais próxima, então libertando o lacre do selo, liberando uma quantia de chakra invejável do corpo que foi forte o suficiente para arremessar o manto negro que encobria a identidade para longe enquanto as marcas amaldiçoadas o consumiam quase que por completo, exalando um chakra de coloração roxa enquanto os olhos se tornavam mais vermelhos e os dentes se alongavam, além de algumas marcas amaldiçoadas tomarem uma coloração vermelha-carmesim. Com isto, todo o mundo do genjutsu criado por aquele cidadão havia sido desfeito por completo. A ilusão ruiu de pouco a pouco como se fora um vidro, despedaçando-se até que tudo retornasse ao normal. Quando me dei conta, estava a cerca de quinze metros do homem, por pouco não lhe atingindo com a foice. Um sorriso maléfico e uma expressão de felicidade genuína combinada com deboche e raiva surgiu em meu rosto, enquanto gargalhava em direção ao homem. A dor em meu corpo me consumia lentamente, porém eu pouco me importava com isso no momento. Apontei o dedo indicador esquerdo para o especialista em ilusões, elvantando a voz para subjugá-lo perante meu poder.

— "E VOCÊ PENSOU MESMO QUE PODERIA ME PARAR COM ISSO?! SEU MERDA, VOU TE ENSINAR A COMO LUTAR IGUAL UM HOMEM DE VERDADE, COVARDE!!!" —

Gritei, imediatamente avançando contra o homem, que não parecia ser muito veloz ou resistente. Minha ideologia, no entanto, se mantinha imutável. Aqueles que se utilizam de truques baratos para confundir a mente de seu oponente ao invés de terem um combate honrado não merecem mais do que o completo desprezo dos verdadeiros guerreiros que pisam nestas terras. Ilusões estão em um nível muito abaixo do que qualquer outro ninjutsu, é um método de fuga para se manter intacto na batalha, uma verdadeira porcaria que não só envergonha a própria natureza da batalha, mas como também define seu rumo sem quaisquer desafios. Por conta disso, eu jamais aceitaria me submeter aos ensinamentos pífios e infundamentados das artes ilusórias, muito menos das técnicas shinobi as quais chamam de "Ninjutsus". Tudo o que me importava eram as artes marciais: Um combate limpo, justo, cadenciado. Uma luta honrada entre guerreiros, sem vantagens...Apenas técnica. Qual guerreiro não sorriria perante um oponente a mesma altura de suas habilidades, afinal?!

Com punhos fechados e grande velocidade, avancei contra o homem em uma velocidade descomunal, com tanta pressão nos punhos cerrados que o mesmo sabia que morreria com um único golpe advindo de minha pessoa. Porém, utilizando-se de seus reflexos como um ninja despreparado para um combate a curta distância, conseguira esquivar-se do golpe parcialmente, ainda que tenha tido a ponta de seu nariz decepada apenas pelo golpe passar de raspão em seu rosto. Sangrando e dolorido, o usuário de genjutsus optou por fugir. O sorriso grande e maléfico que permanecia em meu rosto aumentou ainda mais ao ver que o alvo estava correndo como um cãozinho medroso. Agarrando o cabo da Sanjin no Õgama, arremessei a foice extensível na direção do oponente e desfigurei a trajetória do cabo, fazendo-a viajar em um ataque giratório extremamente poderoso que conseguira destruir o tronco de uma árvore inteira com facilidade amedrontadora. Apesar dos esforços para desviar, as lâminas triplas conseguiram atingir seu pé esquerdo, o que culminou na perda de três de seus cinco dedos, também causando sua queda em meio à corrida e gritos de dor agoniantes. Trouxe a arma demoníaca de volta para mim enquanto as marcas amaldiçoadas continuavam a consumir meu corpo. Lançando meu pior sorriso para aquele homem, exalava uma verdadeira intenção assassina. Notei também que o mesmo começara a realizar uma sequência de selos manuais, mas nada aconteceu após isso. A expressão facial do shinobi era de surpresa por nada ter adiantado a utilização falha de uma técnica, o que me levou a gargalhar por saber que a vitória estava muito mais próxima do que o imaginado.

— "Eu já deveria ter imaginado que você não passaria de um mero rato, como todos os outros. Vocês não podem me parar, ninguém desta maldita vila de merda pode, entendeu, seu lixo? Você e sua raça imunda sofrerão as consequências de terem despertado o demônio que residia dentro de mim, e se arrependerão muito disso. Por mais que peçam desculpas e se ajoelhem, eu ainda irei preferir decepá-los e mutilá-los de maneira brutal e impiedosa, apenas para o mundo ver que eu não sou qualquer um. Todos vocês temerão meu nome, e minha presença será mais que infernal. Mas se você me der todo o seu dinheiro, TALVEZ eu te deixe viver...Por mais que ainda prefira estar morto depois do que farei." — Proferi em um tom debochado.

A expressão daquele homem era de puro terror, era notório que até mesmo lágrimas caíam de seus olhos, como se já tivesse aceitado seu destino trágico. Ergui a Sanjin no Õgama e me preparei para desferir um ataque letal em diagonal para decepar o adversário com apenas um único golpe, causando assim uma morte indolor e rápida, pois não estava afim de causar muita confusão a essa hora da noite em um país totalmente desconhecida. Os raios da lua brilhavam mais intensamente na hora do assassinato sanguinário, que agora, viria a decretar o fim. A mão baixou-se violentamente na direção do pescoço do shinobi de Kumogakure, e então...

Os esforços que tive para atingir o homem mais uma vez foram em vão. Quando a foice encostou em sua pele, seu corpo se desfez em uma poça de água e agora ele não mais estava naquela localidade. Assustei-me com a velocidade que o homem conseguira conjurar uma de suas técnicas ninja, e agora me perguntava se sequer isto era uma técnica. Tudo parecia normal ao meu redor, não conseguia sentir absolutamente nenhuma mudança além de que várias nuvens negras agora se formavam no céu, lentamente bloqueando a luz prateada que a lua ali emanava, com toda a sua magnificência estelar. Afiando olhares e fixando-me em pontos específicos dos arredores, estendi o cabo da foice tríplice em seu máximo de cinquenta metros e passei a balançá-la para todos os lados, cortando arbustos, árvores, e até mesmo pedaços de concreto com poucas dificuldades a fim de encontrar o delinquente o mais rápido possível, mas de nada adiantava. Foi quando algo me acertou pelas costas. Um ferimento leve fora formado e um corte ficou aparente, assim se repetindo pelo lado esquerdo do abdomen e a perna direita. Eram como facadas, mas meu corpo era resistente a ponto de conseguir absorves golpes perfurantes mesmo de armas deste calibre. Mesmo assim, eu não conseguia ver quem me acertava e de onde o mesmo vinha. Não estava invisível...Então logo pensei que só poderia se tratar de uma segunda ilusão, mas como quebrá-la? Meu Juinjutsu já se encontrava ativo, e quanto mais golpes vinham, menos tempo eu tinha para pensar. Passei a girar a foice ao meu redor em sinal defensivo, conseguindo facilmente repelir vários dos ataques diretos e até uma saraivada de projéteis invisíveis e não-identificados. Mostrei os dentes em sinal de raiva e pulei para trás, ficando com parte das pernas submersas na água do lago que agora pouco refletia o luar encoberto.

— "Você se acha muito esperto, não é mesmo? Sinto lhe informar, mas eu tenho doutorado em socar a cara de pivete, e você não passa de um de meus testes, ainda de baixa dificuldade. Vamos, seu retardado! Qual é, não tem coragem de mostrar sua cara fofa pra mim transformar em um monte de merda, vagabundo?! Se você realmente se considera um ninja, ao menos tenha a decência de mostrar seu verdadeiro corpo!" —

Nenhuma resposta obtive, e ficava cada vez mais difícil de defender-me dos golpes. Eu pensava no que poderia fazer, mas no atual momento nenhuma conclusão parecia clara: Eu não tinha opção? Não.Ainda haviam alguns truques na manga que eu poderia usar, e um m específico para marcar a memória daquele shinobi para a eternidade. O olhar de ódio foi trocado por um sorriso, eu sabia exatamente...O que faria. Não mataria aquele homem, muito pelo contrário, ele avisaria Kumogakure sobre mim. Será divertido vê-los tremer a distância, enqaunto rezam para que o bem prevaleça. É uma pena, não é mesmo?

Após rebater dezenas, se não centenas de ataques invisíveis com as defesas giratórios de minha foice, finalmente encontrei uma brecha que pudesse ser usada. Sorri quando pude desfazer-me da posição defensiva e assim finalmente avançar, aumentando a quantidade de selos amaldiçoados em meu corpo e os fazendo tomar conta de toda a pele. O corpo começou a se transformar drasticamente, com a cor da pele se tornando mais clara porém com diversas marcas marrons tanto na cabeça como no corpo. Os cabelos cresceram ainda mais e tomaram uma coloração também amarronzada, além de ambos os olhos agora possuírem uma cor vermelha e sem pupilas. Garras cresceram, os músculos aumentaram e os dentes mais se assemelhavam a presas de predadores vorazes. Com um pisão após a transformação completa do selo amaldiçoado, optei por não invocar as duas asas a qual tinha direito, por não realmente precisar delas nesta situação. A voz se engrossou e tomou um tom praticamente demoníaco, como uma verdadeira criatura das sombras, e por mais uma vez a ilusão se quebrou em pedaços, e o ilusionista agora se encontrava completamente desesperado, jogado ao chão e com as mãos sobre a cabeça. Aquilo não deveria acontecer, e nunca havia presenciado uma transformação como essa. Ele chorava e pedia por piedade, porém eu não estava o escutando. Com risadas e passos lentos, me aproximava cada vez mais do mesmo, forçando-o a levantar o resto. Com um corpo com cerca de 2,25m com o selo amaldiçoado completo, eu olhava para baixo de maneira a visualizar o rosto da vítima, que mal conseguia esboçar reação perante tamanho poder.

— "O Que foi? Isso é tudo que você pode fazer? Eu sinceramente não esperava muito de um shinobi de Kumogakure, mas você conseguiu ainda ficar abaixo da minha expectativa...Que decepcionante. Mas não se preocupe, eu tenho planos melhores para você do que simplesmente matá-lo, meu bom companheiro...E você vai fazer isso por mim, queira ou não." —

O Homem se encontrava completamente desolado e sem esperança alguma, então simplesmente concordou com as palavras do Nukenin, que gargalhou por mais algumas vezes. A camisa que antes vestia partiu-se por conta do poder liberto e tamanho exagerado de seu corpo na situação situação. A Lua parecia querer se esconder por detrás de suas nuvens, mas nem mesmo um astro poderia fugir de minhas mãos. Estava bem próximo do começo...do fim. Sabia muito bem o que estava fazendo e tinha noção das consequências que isso poderia trazer tanto a mim quanto a todo o mundo ninja, mas não é como se eu me importasse com alguém além de mim mesmo. O homem, submisso ao poder, aguardava por ordens enquanto eu pensava sobre como aplicar tal estratégia.

Gargalhei ao presenciar o desespero e a tremedeira daquele homem. Realizando mais selos de mão como um último recurso, o mesmo lançou uma ilusão que criava diversos espelhos e sombras ao meu redor, mas de nada adiantou. Facilmente pude destruir o genjutsu apenas com a elevação de meu chakra no Juin nível dois. Quando presenciou seu trunfo sendo completamente despedaçado sem nem mesmo ter chance de verdadeiramente atuar sobre o alvo, deixou os braços caírem como sinal de rendição e apenas esperava pela morte, como se não tivesse escutado o que eu disse. Tampei os raios da lua com o tamanho na visão do homem, e apenas uma sombra e aura assassina poderiam ser vistas pelo chuunin especializado em genjutsus de Kumogakure no Sato. Ele continuava tremendo e grunhindo, com os olhos totalmente arregalados. Me cansei de toda aquela bobagem e prensei seu peito contra a árvore com o pé direito, em seguida desferindo diversos socos contra os mais variados pontos do corpo, como uma forma de tortura. A minha expressão facial permanecia imutável, eu sentia prazer em levar o desespero a um verme como aquele, destinado a nada mais do que o fracasso e desgraça por toda a eternidade em que continuará a viver. Ele tentava resistir enquanto as roupas se rasgavam e o sangue derramava. Sem paciência, agarrei o braço esquerdo do mesmo com ambas minhas mãos e perfurei-o com as garras alongadas e extremamente afiadas que se fizeram no lugar das unhas, apertando com tanta força que o osso foi completamente esmagado. Com alguma dificuldade e usando toda a força, cortei a carne do inteiro e puxei, então decepando por completo metade do braço do mesmo, jogando-o para longe e causando além de uma hemorragia, também uma quantidade de dor imensurável. Ele gritava sem parar, chorando...Até que deixou algo parecido com uma prancheta cair. Me perguntava o que era aquilo, e por curiosidade, peguei-a na minha mão agora ensanguentada. Estava em branco e havia uma espécie de lápis/caneta presa em seu verso, o que me deu uma excelente ideia. Sim, era de tudo o que eu precisava...Nada mais do que a escrita.

— "Isso é uma prancheta? Muito bem, você facilitou bastante as coisas. Já que terá o privilégio de não ser morto pelas minhas mãos, então eu farei com que você faça algo por mim...E acredite, será pelo bem da sua vila. Eu vou escrever uma mensagem nessa coisa, e você a levará para mim. Não me chame de Kressel. Kressel morreu há muito tempo, entendeu? Aguarde um pouco, esse sangramento não será fatal a você...Hehehehe...Com sorte, o hospital conseguirá curá-lo." — Proferi, enquanto sacava a caneta.

O Homem segurou o braço parcialmente decepado com toda a força enquanto engolia o choro e tentava conter a dor, correndo até o antebraço e mão decepados, desesperado. Ele sabia que médicos talvez pudessem suturar e reconstituir as partes rasgadas por ter sido algo extremamente recente, então não se deu completamente por vencido por conta daquilo. No entanto, aquele ser de aparência demoníaco - Vulgo eu - ainda estava no local, com a prancheta em mãos. Ele parou por algum tempo para observar minhas próximas atitudes, e notou quando uma espécie de semicírculo azul surgiu na parte superior do meu olho direito. Não estava completo, mas já era algo estranho. Logo, saquei a caneta que estava presa à prancheta e passei a escrever, na intenção de enviar um singelo aviso ao líder de Kumogakure, sem medir quaisquer palavras e para que ele tomasse ciência de minha existência profana.



"Cansei dessa brincadeira, cansei desse mundo. Todos vocês de Kumogakure são um monte de vermes incompetentes que nada fizeram a mim além de desgraça. Agora, estão tentando me apagar por conta de seus próprios erros, como se realmente fossem conseguir. Sim, eu matei todos aqueles homens. Matei inocentes, matei crianças...Vocês são criaturas nojentas, tenho vergonha de dizer que nasci em meio a vocês. Sim, foram vocês que fizeram isso comigo. Meu pai assassinou minha mãe em minha frente quando eu era uma criança, e o que a vila fez? Nada. Ele viveu livre, fugiu, se tornou um procurado e o alto escalão permaneceu calado. Quantos homens vi morrendo? Ninguém consolou suas famílias, é como uma sociedade de animais. E vocês, Raikages de merda, não fazem nada além de coçarem a bunda o dia inteiro aí nessa porra de palácio enquanto o povo morre de fome e doenças, tá entendendo? Eu mesmo vou mudar isso, já chega desse conceito de sistema. Eu matei muitos que vieram atrás de mim, eu não queria matá-los, porém a situação exigia. Mesmo assim, esses dias retornei até o ponto onde enfrentei o grupo de um dos shinobis e vi que os corpos ainda estavam lá, decompondo. Não mandaram nem mesmo uma equipe de investigação? Que patético. Vou acabar com essa vila, vou transformar todos vocês em poeira e erguer uma sociedade justa movidos a um laço verdadeiro, ou ao menos um que dê para controlar, como mover as pessoas pelo terror. Eu não acredito mais em paz, não acredito mais em esperança. Vocês destruíram tudo o que eu tinha, me transformaram nessa coisa. A única coisa que posso fazer nesse momento é jurar vingança. E você pode anotar, seus dias estão contados, Raikage. Eu não quero conversa, não quero suas desculpas. Irei destruir este governo e sociedade deturpadas e criar uma que seja agradável a meus olhos, uma que ninguém passará por aquilo que passei. É uma pena que todos vocês tenham que morrer, mas este é o destino de todos os demônios."

Arremessei a carta para o homem com o braço decepado. Ele segurou a carta no ar e leu seu conteúdo, assustando-se com cada palavra mas entendendo o meu ponto de vista. Muitos me condenariam, mas quem são eles para dizer o que é certo ou errado? O que eles sabem sobre senso de justiça? É questão de perspectiva, mas nesse caso, eu estava absolutamente certo, e encarava-o fixamente. Ele levantou-se e deu as costas, mas logo virou o rosto.

— "O que você quer?" — Indaguei-o.

— "Você não colocou sua assinatura, Kressel. Não quer que..." —

— "Kressel está morto." — Disse, arremessando a caneta para ele.

— "Então...Quem você é?" — Ele perguntou, enquanto preparava para anotar.

— "Quem eu sou...?" — Ri baixo, enquanto colocava a mão no rosto.

O Semicírculo azulado no olho direito finalmente baixou, revelando ser a íris do olho, completamente azulada e brilhante. Em seu centro, uma inscrição numérica que significava "Um". Era uma única letra, representando um número por extenso. Após as gargalhadas, o homem tremeu, mas então finalmente disse, enquanto ele se afastava de volta para a vila. Era uma pena, ele morreria pelo sangramento pouco tempo depois de chegar a vila, mas ao menos a mensagem chegaria até eles. Era de tudo o que eu precisava. Mas agora, levantando o tom de voz, com orgulho, poderia dizer quem eu verdadeiramente era, sem mais medo ou hesitação: