O homem caminhava pela montanha que rodeia a vila, estava apenas refletindo sobre a vida e os caminhos tomados até ali. Este homem era um habilidoso usuário da incrível habilidade Shikigami no Mai. ele era alto, cabelos espetados em tom azulados e olhos negros. O calor em Suna estava absurdo, mas os habitantes estavam acostumados com tal sofrimento.

Sentou-se em uma rocha, perdido em pensamentos e ao mesmo tempo sem saber no que pensar exatamente. Haviam tantas coisas na vida, incluindo sua habilidade que era tão almejada para coisas erradas. Ele vivia uma dualidade em sua alma, um poder como o seu sempre foi extremamente raro e nem mesmo se lembrava da última pessoa que o possuía. Talvez se houvesse mais alguém para dividir o fardo, quem sabe ficaria mais aliviado. Notou um jovem que se aproximava, também parecia caminhar a esmo, sem nada a prendê-lo. Esperou que se aproximasse.

- Olá meu jovem. Apenas passeando também, hein? Pensando na vida? Ah, me chamo Gambit. Qual seu nome?

Por um momento achou que ele não queria conversar, mas após alguns segundos, após ele apontar para a placa, o homem ficou tão envergonhado que quase entrou na terra e desapareceu da face do mundo Ninja. Sentiu-se um tolo, mas como poderia saber? Ele não teve a intenção de ofender, mas por sorte ele sabia a linguagem dos sinais, afinal todo ninja deve saber, então gesticulando ele falou com o garoto.


- Desculpe-me, eu não havia percebido. O que faz aqui?

Ora que ótima surpresa, um jovem querendo aprimorar suas habilidades. Gambit ficou levemente empolgado, não queria demonstrar muitas emoções assim tão depressa. Poderia aproveitar e ensinar algumas coisas ao jovem, ou quem sabe até mesmo ensinar sua habilidade exclusiva e para isso estava torcendo pelo fato do garoto gostar de origamis. Fazendo os gestos, ele disse.


- Diga-me garoto, você gosta de origamis? Você gosta muito de origamis?

Off:

Não pôde esconder uma leve decepção, mas logo voltou a sorrir ao lembrar que tinha alguns papéis na bolsa. Retirou vários deles, aproveitando que não estava ventando, colocou sob a rocha e gesticulou.

- Venha, vou te ensinar, em poucas horas você será mestre nisso!

E começou a explicar à respeitos dos origamis enquanto fazia diversos deles, sempre explicando passo a passo ao garoto. Nem mesmo perguntou se ele queria, mas estava empolgado, mesmo não o conhecendo gostava dele.

Off:

O garoto parecia bom naquilo, poderia aprender rapidamente os mais complexos e belos origamis que se pode fazer. Origami era simplesmente a maior paixão da vida daquele homem, nada lhe deixava mais feliz do que amassar papel e fazê-los ganhar vida. Como em um ato involuntário, quase sem perceber, ergueu o braço esquerdo em direção ao seu e, como em um passe de mágica, seu braço se desfez em centenas de papéis que começavam a tomar forma, criando origamis de formatos que uma pessoa jamais imaginou ser possível. Quando se deu conta, os papéis voltaram e seu braço foi refeito. Olhou meio espantado para o garoto, esperando que ele não o achasse estranho.




- Desculpa, às vezes nem percebo.

Visualizou o questionamento do garoto através dos gestos, ao invés de espanto o jovem parecia impressionado. Normalmente ninguém nunca deu atenção à sua habilidade com papéis, mas pela primeira vez alguém pareceu se interessar de verdade e isso o fazia muito feliz.


- Ah, isso? Bem, essa é uma habilidade especial que aprendi. Posso transformar todo meu corpo em papel, e com eles fazer o que quiser. Meu amor por origamis é tão grande que consegui assemelhar isso ao meu chakra. Veja.


E fez uma nova demonstração. Desta vez todo seu corpo se desfez e se transformou em papel branco. Milhões de papéis foram jogados contra uma rocha enorme, transformando-a em pó graças ao poder cortante dos papéis. Então se refez no mesmo lugar em que estava sentado, na mesma posição.


- Você gostou? De verdade? Gostaria de aprender?

Ergueu-se de imediato com o interesse do garoto, ficando energicamente em pé como um corredor que se prepara para a corrida de sua vida. Deu-se conta então de todo seu movimento tolo, pois o treinamento seria de concentração e canalização do chakra, algo que poderia muito bem ser feito sentado. Sentou-se então com as pernas cruzadas, como em posição de meditação.
 
- Muito bem, será um processo longo e árduo, mas gratificante. Esta habilidade trata-se da total afinidade do chakra e do objeto, chegando até mesmo a mesclá-lo na própria matéria do seu corpo. O treino será feito em quatro partes; Primeiro será a conexão entre o papel e seu chakra; Segundo será a manipulação do papel através do chakra; Terceiro você começará a moldar as propriedades do papel com o chakra; E por último você transformará seu próprio corpo no objeto. Então para começar vamos ao primeiro passo. Pegue um papel e segure na palma da mão, lentamente comece a usar o chakra para absorver as informações do objeto, precisa controlar e canalizar seu poder ao ponto em que o papel não fique danificado. Desta forma seu chakra irá reconhecer o objeto e suas propriedades.
 
A primeira parte parecia ser a mais fácil, porém seria a mais complicada e exigira paciência, pois ao tentar conectar o chakra ao papel este poderia facilmente rasgar, deteriorar ou amassar por causa da pressão do chakra.

Off:

- Você é realmente dedicado!

Elogiou o homem, empolgado com o rápido progresso do jovem. Já estava pronta para o segundo passo da técnica e acreditava que não seria demorado também dada a habilidade do aprendiz.

- O segundo passo é manipular o papel. O básico para isso você já o fez que é banha o objeto com seu chakra. Agora lentamente comece a controlar este papel, fazendo-o flutuar e então movê-lo ao seu bel prazer. Precisa estar muito concentrado, se a quantidade de chakra que você usar for demais ou de menos o papel será danificado, como no primeiro passo. Precisará equilibrar.

- Muito bem garoto, já está tarde, estou com fome e cansado. Pegue a bolsa e todos esses papéis, nos encontraremos aqui amanhã assim que o sol nos agraciar. Mas pratica, entendeu? Continue praticando o controle dos papéis. Continue com um até conseguir fazer ele voar livremente por longos segundos. Depois tente com mais, tente o máximo possível.

Off:

E que belo dia nascia. Mais um, aliás. O Sensei não se demorou até ir ao local combinado com seu novo aprendiz, estava muito empolgado por conseguir ensinar alguém, aliás, ainda mais alguém que havia gostado de sua habilidade, tão menosprezada na vila. Aproximou-se do garoto, um sorriso estava estampado em seu rosto.

- Bom dia Shizo! Fico feliz que tenha voltado. Espero que tenha dormido bem e...

Ao olhar para o jovem ficou nítido que ele não havia dormido quase nada. Por um momento sentiu-se culpado, acabou colocando muita responsabilidade em cima do jovem, mas também sentiu-se feliz e honrado pelo fato de Shizo ter se dedicado tanto a aprender aquela habilidade.

- Pelo visto não dormiu muito não é? Prometo que recompensarei seu esforço! Agora vamos, mostre-me o que andou praticando!

- Muito bem, muito bem, vejo que o treino valeu a pena, isso está perfeito. Agora entraremos na reta final do treino, Shizo, aqui começará a realmente aprimorar estas habilidades. O próximo passo é moldar o papel através do chakra. Primeiro você precisa endurecer o papel. Você precisará comprimir chakra direto nas propriedades do papel, ou seja, em sua composição, assim o objeto vai ficar mais resistente, duro como pedra.



Fez uma demonstração, pegando três pequenos papeis e os banhando com seu chakra comprimido. Pegou então uma kunai e tentou perfurar um papel, provando ser impossível. Depois os jogou contra uma pedra, fazendo um buraco na pedra antes que o papel se estilhaçasse.

- Impressionante, Shizu. Não há limites para uma alma determinada. Agora para tornar afiada o processo é semelhante, mas ao invés de comprimir você moldará as pontas do papel, sempre misturando seu chakra, até que o papel fique mortalmente afiado. É possível deixar o papel tão afiado quando o chakra de Fuuton.


E novamente fez uma demonstração, semelhante a primeira, quando demonstrou a capacidade daquelas habilidades. Segurou três papéis por entre os dedos e, após banhá-los com chakra, os jogou contra a pedra, fazendo-os atravessar completamente.