Aquela não tinha sido das melhores noites de sono e Hakuryuu até pretendia ficar um pouco mais. Porém, a mesma razão que lhe tirava o sono era responsável por fazê-lo ter que levantar. Já fazia muito tempo desde que iniciara sua jornada como shinobi e, apesar de sentir que de fato tinha progredido em alguma coisa, um vazio permanecia em seu centro. Não por menos, afinal, antes de sequer imaginar que queria fazer pesquisas científicas, uma das primeiras promessas que tinha feito a si mesmo era a de aprimorar seu ninjutsu. Claro, tinha aprendido alguns jutsus ao longo do caminho, no entanto, seu carro-chefe, a sakin, permanecia extremamente negligenciada.

Mesmo após muito tempo de treino e pesquisa, Hakuryuu não tinha encontrado mais do que uma técnica de pó de ouro que se encaixasse em seu perfil. Salvo sua única técnica de sakin, puramente defensiva, sempre parecia faltar alguma coisa para poder executar algo mais.

Não estavam totalmente no zero a zero, porém. Há algum tempo tinha testemunhado uma kunoichi capaz de manipular areia, cuja técnica defensiva foi capaz de lhe inspirar. Aglutinar os grãos em seu corpo para criar uma camada protetora, sem dúvidas, era um método engenhoso para se defender. No entanto, ainda não tinha iniciado suas experimentações para, quem sabe, criar uma versão própria por outras prioridades. Hakuryuu era ótimo em defender. Porém, no ataque, deixava muito a desejar.

Palavras: 231

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Quanto a formas ofensivas de utilizar sua areia, estava definitivamente no zero. Teve poucas ideias ofensivas e todas acabaram em completa falha. Conseguiu chegar em algumas ideias defensivas boas, a maioria viável. Todavia, sempre que tentava torná-las minimamente práticas, algo parecia faltar em seu repertório. Nunca teve a impressão de que eram distâncias impossíveis a se alcançar, mas sabia que ainda tinha muito a caminhar antes que pudesse torná-las realidade.

Tendo tudo isso em vista, a necessidade de encontrar uma saída foi algo que não saiu da cabeça do rapaz nas últimas semanas. Seu poder imaginativo manteve-se focado em tentar vislumbrar qualquer solução ofensiva que fosse. No entanto, não obteve sucesso algum. Pelo menos, não até que testemunhou um certo acontecimento em meio a uma de suas caminhadas seguidas de treino.

Geralmente treinava a mente e seu ninjutsu, não exigindo muito do físico. Todavia, sabia muito bem da importância que este representava no repertório de um ninja poderoso. Um corpo e mente saudáveis eram a base para qualquer shinobi de sucesso. Por isso, ir correndo para o campo de treinamento era algo praticamente obrigatório em sua rotina. Adicionalmente, costumava aproveitar o fluxo sanguíneo extra no cérebro para devanear e tentar encontrar soluções para seus problemas. Por isso, costumava correr sempre com um semblante absolutamente aéreo.

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Naquele dia, como sempre, havia prosseguido com sua rotina matinal e saído para treinar. Entretanto, ao chegar próximo do campo de treinos, algo em seu campo visual periférico chamou-lhe a atenção.

Ainda estava um tanto aéreo quando focou sua visão naqueles borrões negros. Contudo, mesmo quando seus olhos focaram-se com sucesso na situação, ainda não pode entender muito bem do que se tratava.

Pela frequência com que repetia caminhos e locais de treino, sabia que já tinha passado por ali. Porém, nunca tinha reparado naquele casarão localizado no limiar entre o campo de treinamento e a vila. O local era bem amplo e com boas áreas de espaço livre ao redor. No entanto, o que mais deixava óbvio o propósito do lugar era o termo contido em seu longo nome “dojo”. E, claro, pela forma como a figura encapuzada destruía pedregulhos propositalmente posicionados ali deixava evidente a intenção de treino. O que não estava claro ainda era como a figura conseguia destruir tantas rochas daquele tamanho e com tanta facilidade.

Àquela distância, infelizmente, não conseguia ver exatamente o que eram os enormes corpos negros que a silhueta manipulava. Contudo, não pode deixar de se identificar. Afinal, por mais que os elementos fossem aparentemente diferentes, ele também atacava com base em manipulações.

Palavras: 211

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Com sua já esperada curiosidade e alguma esperança de que aquilo talvez pudesse lhe ajudar em seus problemas, Hakuryuu cuidadosamente se aproximou do local. Com sua tendência a timidez e certa dificuldade em conhecer novas pessoas, ele tinha optado por fazê-lo silenciosamente. Contudo, seus esforços foram em vão.

— E o jovem, seria? — a figura encapuzada voltou-se para trás, não revelando o rosto e fazendo com que os dois cubos que manipulava se esfacelassem em um pó negro de difícil identificação.

Contudo, a proximidade permitia perceber uma curvatura em suas costas: uma corcunda.

— K-Kinsetsu Hakuryuu… — engoliu seco, arrepiando-se com medo da figura — S-senhor… — completou poucos instantes depois, deduzindo pela voz e pelas costas tratar-se de um idoso.

Não era do seu feitio, claro, mas também sabia que ali certamente era um dos piores lugares para se faltar com respeito.

— E o que traz Kinsetsu Hakuryuu até aqui? — a figura voltou-se completamente na direção dele, revelando uma barba branca, que emergia das sombras impostas pelo capuz sobre o rosto do homem.

O tokujo não tinha a resposta na ponta da língua. Não esperava ser pego, afinal. No entanto, sua mente buscou caminhar rapidamente — e desesperadamente — em direção a uma resposta.

— Conhecimento, senhor… — impulsiva, mas laconicamente, respondeu.

Palavras: 211

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A fala fora fruto de um insight preciso, mas ainda a dissera rápido demais. Isso o fez questionar se realmente aquela era a resposta certa. Anciões enigmáticos como aquele poderiam a ser bem analíticos quanto à personalidade dos mais jovens através de suas reações.

— Oho… — ele prontamente reagiu, em tom aparentemente intrigado. — E que tipo de conhecimento seria este? — com os braços unidos nas costas, ele prosseguiu.

— Hmm… — brevemente hesitante, o jovem ninja buscou uma resposta — Tenho me sentido impotente ao atacar durante minhas últimas missões, então… — pausou brevemente, um tanto confuso sobre como continuar.

— Então, avistou minha técnica e achou que ela poderia ser a solução? — o velho misterioso o interrompeu, enquanto, intrigado, passava a mão na barba. — Pois bem, posso lhe ensinar — decidido, ele voltou a manter os braços atrás das costas.

O semblante de Hakuryuu imediatamente se iluminou. Não tinha visto com precisão qual era o método que ele havia usado para causar tanta destruição. Porém, sabia que se conseguisse fazer algo minimamente semelhante, seus problemas diminuiriam bastante.

— Mas antes — subitamente, o velho interrompeu a felicidade do rapaz. — Você tem que se provar — finalizou, marcando um sorriso maquiavélico nas sombras em seu rosto e elevando os braços em postura de combate.

Palavras: 204

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Kinsetsu estava absolutamente confuso, mas também não teria muito tempo para analisar a situação. Uma suspensão de partículas negras começou a fluir de baixo da capa do homem e a formar fluxos cilíndricos que iam em sua direção. Em resposta, mobilizou sua sakin e a fez fluir da mesma forma, em direção aos mesmos pontos que ele mirava.

Ele não fazia a mínima ideia do que poderia ser aquele material que o homem manipulava de forma tão semelhante à sua. No entanto, ao que seus jatos de elemento se encontraram, Hakuryuu pode entender o quão pesado o material inimigo era.

Ainda assim, ouro parecia ser um elemento um tanto mais pesado. Afinal, a princípio, Hakuryuu teve a ilusão de que seu jato conseguiria defender aqueles ataques. Seus jatos até conseguiram vencer um pouco de distância naquele cabo de guerra reverso, mas a esperança não durou tanto assim.

— Hehe… — novamente marcando um sorriso de orelha a orelha através das sombras do capuz, o velho riu, como se estivesse aproveitando a situação.

O ouro até poderia ser mais pesado, mas o tokubetsu jounin não demorou a perceber que não era só disso que um ataque eficiente era feito. O método e a potência com que se manipulava o elemento, independente de qual fosse, também importavam. E muito.

Palavras: 215

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Em poucos instantes, Hakuryuu viu sua vantagem ser reduzida como se fosse brincadeira de criança. Os jatos negros avançaram rapidamente, fazendo os seus dourados recuarem. E, antes que o jovem sequer pudesse reagir, múltiplos golpes duros o jogaram com força para trás.

Visivelmente, o velho esteve pegando leve esse tempo todo. Inclusive, ainda parecia estar pegando. Afinal, com aqueles múltiplos acertos simultâneos, seria muito fácil acabar com o alvo. Bastava moldar a ponta dos jatos para algo mais pontiagudo e afiado e seria o fim. Entretanto, o atacante tinha propositalmente tornado-as cegas, para que o impacto fosse danoso, mas não fatal.

Em pleno voo devido ao impacto, Hakuryuu chegou a rodopiar algumas vezes até que atingiu uma estrutura de madeira próxima. Destruindo-a por completo, seu corpo afundou nos escombros.

Em meio aos múltiplos fragmentos de madeira, Hakuryuu conseguiu apenas gemer. Seu corpo inteiro estava dolorido. Desacostumado a receber danos, já que suas técnicas — apesar de decepcionarem no quesito ofensivo — costumavam ser bem eficazes defensivamente, Kin questionava se conseguiria se levantar e se mover decentemente dali em diante.

— Satisfatório. Hehehe… — o velho misterioso comentou, divertindo-se com a situação. — Mas, o treino de verdade começa agora — subitamente mais sério, ele prosseguiu, reunindo seu elemento negro no ar.  

Palavras: 205

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— Meu jutsu é constituído de três formas distintas. Esta é uma delas — em tom pensativo, ele fez o elemento flutuante se aglutinar em diversos pontos. — Acho melhor você levantar logo. Estes aqui podem ser bem… Doloridos — sorrindo novamente de forma maquiavélica, o velho prosseguiu dando uma forma mais alongada aos cinco aglomerados de elemento negro criados.

Sentado sobre os escombros de madeira, após fitar os selos de mão executados pelo velho, Hakuryuu elevou seus olhos para cima com absoluto fascínio. Já tinha visto uma particularidade muito semelhante à sua, que utilizava areia normal em vez de pó de ouro. No entanto, nunca tinha visto nada minimamente parecido com aquele elemento negro. Àquela altura, pelo menos, ficava muito claro que era um elemento razoavelmente semelhante ao seu: pesado e particulado. Podia não ser o mesmo, mas Hakuryuu estava confiante de que, pelo menos mecanicamente, deveria ser capaz de criar algo similar aquele jutsu.

Kinsetsu não era só mestre e naturalmente habilidoso em ninjutsu no geral, como também era mestre no uso de sakin. Por isso, e graças às suas similaridades com o set de habilidades que já possuía, Haku podia perceber mais alguns detalhes além do normal só de olhar para técnica e os seus selos.

Desde o começo, estava visível que a técnica constituía em liberar um grande volume de partículas daquele elemento desconhecido e, então, concentrá-las. No entanto, pelo que conseguia ver nos ares, a técnica não era simplesmente aglomerar o material num certo formato, mas sim comprimi-lo sob altas pressões. Dessa forma, as partículas passariam a ocupar um volume cada vez menor e, como a massa permanecia constante, o objeto ficava massivamente denso. Então, ao dar um formato específico para o material concentrado, era possível criar uma espécie de arma temporária. Ademais, pelo que o idoso havia falado, a técnica em questão tinha outras 2 formas.

Hakuryuu sentiu-se bastante empolgado e ansioso. A situação era bastante perigosa, mas, ao mesmo tempo, por estar vendo um jutsu que tinha acabado de mudar todo o seu paradigma do que seria possível fazer com sakin, estava extasiado. Não conseguia parar de pensar nas múltiplas ramificações de ideias que aquela técnica tinha lhe dado.

O propósito daquela configuração, até então, parecia-lhe um tanto clara. Ao dividir o material em mais armas, o número de alvos simultâneos aumentava. Afinal, um objeto único estaria limitado às suas dimensões e dependeria do quão próximo os alvos estariam para serem atingidos. No entanto, aquelas estacas concentradas de material negro poderiam acabar pegando até mesmo alvos mais distantes.

— Seu tempo acabou. Gosunkugi!! — após lentamente concentrar todo o material, como se tentasse ajudar o jovem caído dando mais tempo, o ancião bradou.

Ao ver que as cinco estacas tinham se reposicionado sobre sua cabeça, Hakuryuu finalmente despertou do transe de ideias incessantes. Devido ao golpe de antes, o rapaz sabia que seu corpo não estava em condições de executar defesas por si só. Por isso, teve que rapidamente pensar numa solução. Prontamente ativou dois de seu Escudo de Pó de Ouro. Formando um disco de dupla camada flutuando sobre sua cabeça, Hakuryuu esperava bloquear a técnica, nem que fosse só pelo tempo suficiente para se levantar e sair dali.

Palavras: 531

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Ao que ouviu o som arrepiante das agulhas gigantes arranhando a placa de ouro, Hakuryuu já tinha esticado seu corpo e estava dificultosamente rolando seu corpo para a esquerda. Era questão de tempo até que os pregos longos atravessassem sua carapaça. No entanto, quando o fizessem, seu corpo não estaria mais ali.

O que não tinha sido capaz de prever, porém, era a capacidade do mestre ancião de antecipar até mesmo aquilo.

Quando Kinsetsu se deu conta, uma das estacas mais a esquerda já estava tão próxima de seu torso, que ele não pode fazer nada a não ser fechar os olhos. Agora, deixando claro que estava pegando leve, o jovem, que esperava uma dor aguda, pode apenas sentir uma quantidade de areia correndo sobre seu corpo: o velho tinha anulado a técnica pouco antes do contato fatal.

Graças à adrenalina por ver sua vida passar diante de seus olhos, Hakuryuu prontamente se levantou. Naturalmente, sentiu dor. No entanto, valorizava demais o aprendizado de algo tão interessante quanto aquele jutsu para se deixar distrair apenas por isso.

— Para a próxima forma, então — o mestre comentaria, percebendo os olhos famintos por conhecimento do jovem.

Enquanto o elemento negro acumulava-se no ar, Hakuryuu procurou entrar na melhor postura de combate que conseguia. A dor muscular estava atrapalhando movimentos físicos, mas ainda parecia conseguir utilizar jutsus adequadamente.

— Kyodaisō… — o velho murmurou, dando forma à segunda forma de seu jutsu.

Assim como antes, graças à sua maestria e habilidade natural em ninjutsu, bem como maestria no uso de sakin, que era razoavelmente similar àquele elemento, Hakuryuu pode perceber novas informações. O mestre parecia perceber o olhar analítico do jovem e, por isso, novamente parecia pegar leve no tempo de conjuração da técnica.

Tanto a forma anterior quanto a atual pareciam constituir liberar um grande volume de partículas do elemento negro e, então, concentrá-las. Utilizando-se de alta pressão, então, novamente o usuário da técnica tinha uma arma de grande densidade à sua disposição. Diferentemente da versão anterior, porém, nesta o foco parecia ser outro. Em vez de dividir o total de material manipulável em 5 corpos, ele concentrava tudo em um único. E, a julgar pela forma que este aparentava estar tomando, seu objetivo seria semelhante ao dos pregos: perfurar. Todavia, indo no caminho oposto da forma anterior, esta parecia visar um poder ofensivo bem maior. Ao custo de perder em alcance e na capacidade de facilmente acertar mais de um alvo, a arma acabava adquirindo uma massa muito maior.

Quando uma piramide finalmente se formou, Hakuryuu ficou fascinado. Até então era a solução que melhor se encaixava em seu problema. Contudo, a técnica aparentava oferecer muito mais do que se via num primeiro momento. Logo, o mestre começou a deformar a piramide, esticando sua ponta e reduzindo a sua base, aumentando o alcance da arma. Naturalmente, sendo quem era, em vez de se desesperar por conta dos riscos maiores, Kinsetsu ficou boquiaberto. A solução era muito simples e elegante. Com certeza, nos próximos dias, dedicar-se-ia completamente em reproduzir a técnica.

Ao que o objeto começou a se mover, Hakuryuu também o fez. Com sua Sakin mobilizada, iniciou prontamente a criação de uma parede de duas camadas à sua frente. Concentrou-se o máximo que pode para aumentar a concentração das suas próprias manipulações. Afinal, supunha que a única chance que teria de barrar o objeto seria criando um construto ainda mais sólido.

Num primeiro contato, o tokubetsu jounin sentiu que talvez pudesse ter alguma chance, já que a parede dupla pareceu segurar bem o objeto. No entanto, antes que pudesse fazer qualquer coisa, o ancião materializou outra piramide. Fazendo ambas rodar em alta velocidade, ele iniciou uma disputa que durou poucos instantes. As placas de ouro rapidamente se deformaram e rasgaram como se fosse papel. Hakuryuu mais uma vez não teve tempo de reagir. Contudo, o homem novamente pareceu pegar leve. Pouco antes do impacto as pontas afiadas das lanças pareceram se abaular. O que antes seria um par de perfurações enormes, tornaram-se dois golpes duros que o jogaram para trás mais uma vez.

O rapaz quase perdeu a consciência, claro. No entanto, pouco antes de receber o golpe, não pode deixar de fixar seus olhos na estratégia adotada. Ficou óbvio o que o mestre estava querendo copiar: uma broca. Algo realmente genial.

Palavras: 718

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Bastante empolgado com o que estava vendo, Haku não demorou a levantar. Foi com grande esforço que o fez, claro, mas sua ânsia para ver a forma final da técnica do mestre era muito maior do que a dor. Chegou a cuspir algum sangue por conta dos danos internos causados pelos múltiplos golpes. No entanto, mesmo assim seus olhos mantinham-se fixos nas mãos e material negro ao redor do mestre. Com uma expressão determinada, então, o rapaz assentiu com a cabeça, querendo dizer estar pronto para a próxima.

Do ponto de vista do mestre, Hakuryuu estava um caco. Sua postura estava fraca e seu corpo visivelmente cansado. Todavia, o fogo em seu olhar era tamanho, que o ancião teve a impressão de que aquele seria o momento em que o rapaz se superaria.

Novamente uma abundância de particulado escuro começou a fluir do interior da capa do mestre e se aglutinar nos ares. Após mais uma vez visualizar os selos de mão do mestre com cuidado e atenção, os olhos famintos do aprendiz voltaram-se para o processo de formação do jutsu.

Com sua maestria e habilidade natural em ninjutsu, bem como maestria no uso de sakin, elemento similar, Hakuryuu prosseguiu percebendo novas informações. Como um todo, as três formas do jutsu constituíam em liberar um grande volume de elemento e, então, concentrá-lo ao máximo. Utilizando-se dessa alta pressão, então, o usuário poderia ter um leque razoável de armas de grande densidade à sua disposição. Inclusive, Hakuryuu tinha percebido pelo uso anterior que era possível até mesmo criar manipular mais de uma dessas armas por vez, algo que era bastante útil de se saber. Ademais, bem como a forma anterior, está também parecia ter o foco em concentrar o material numa arma só. Ou seja, sacrificava-se em alcance e número de alvos, mas concentrava-se o poder do jutsu numa coisa só.

Diferentemente das outras duas formas, esta não parecia ter o objetivo de furar. Conforme a coisa tomava um formado de paralelepípedo, ficava claro que a intenção era esmagar. Algo que, sem dúvidas, atiçou bastante Hakuryuu. Afinal, ouro era conhecido por ser um material um tanto maleável e, por isso, gumes ou pontas feitos dele tendiam a não ser das mais afiadas. O material dourado tendia a amassar durante o contato. No entanto, usar superfícies planas para esmagar era outro assunto. A maleabilidade do ouro pouco importaria nessa situação. Na realidade, nesse tipo de ataque o mais importante seria a massa do paralelepípedo manuseado. E, para a conveniência de Hakuryuu, ouro era um elemento extremamente pesado.

Quando o paralelepípedo ficou pronto, Hakuryuu se sentiu extasiado. Se até então achou todas as informações novas úteis, essa era supremamente útil. Era a solução definitiva para a falta de poder ofensivo do seu elemento. Transformá-lo em uma forma paralelepipédica daria foco à maior força do seu elemento: sua massa específica elevada. Era perfeito. Tanto que mal conseguiu perder tempo ficando boquiaberto como antes. Sua mente fervilhava com ideias do que fazer com aquele preciosíssimo ensinamento.

— Kyodai Tettsui!! — atento à face do aprendiz, que apesar de não ser dos mais extrovertidos, com certeza era um tanto expressivo quando a coisa lhe interessava, o velho deu seu ultimato.

Distraído, Hakuryuu tomou um susto e prontamente reagiu criando defesas por reflexo. Devido a essa surpresa, porém, acabou conseguindo apenas erigir uma barreira com sua manipulação de maior qualidade. Algo que se demonstrou praticamente fatal para o jovem, já que sua barreira em pouco interferiu contra o que Haku acreditava ser a forma suprema daquele jutsu.

O que se seguiu ao impacto dos jutsus foi um borrão escuro. Kinsetsu havia perdido a sua consciência.

Quando finalmente acordou, a dor em seus músculos estava mais insuportável do que nunca. Porém, não apenas isso. Quando tentou se mover para levantar, uma dor aguda em sua perna direita imediatamente captou sua atenção. Mantendo-a imóvel, então, levantou seu torso com dificuldade, colocando-se sentado no chão. A dor muscular lhe impedia de mover-se com presteza e utilizar seu corpo em combate, no entanto, não lhe impedia de se mover por completo. E, ao julgar pelo gesso ao redor da sua perna, uma fratura daquelas certamente não apenas dificultaria a movimentação do membro. A impediria por completo.

Ao que sua ficha finalmente caiu, seus dentes se cerraram pela dor. No entanto, por já estar no quarto de um hospital, com o membro já imobilizado, reconheceu que a coisa não foi tão ruim quanto poderia ter sido.

Após se conciliar com a nova realidade, Hakuryuu olhou para os arredores. Contudo, não havia qualquer sinal do mestre de antes ali. Pensando bem, inclusive, era muito provável que fosse ele quem havia o carregado desacordado até o hospital. Queria ter perguntado seu nome, mas sem uma finalização tradicional para aquele treino, não pode fazê-lo. Entretanto, Hakuryuu não se preocupou tanto assim. Com certeza passaria no dojo mais uma vez após se recuperar e, então, perguntaria o nome do misterioso mestre.

Procurando uma forma de ir para casa, Hakuryuu avaliou novamente os arredores. Não demorou muito para que encontrasse e alcançasse uma cadeira de rodas próxima da sua cama. Munido dela, desceu da cama e seguiu seu rumo para casa. Naturalmente, seu corpo ainda enfrentava as fortes dores musculares de antes. Hakuryuu sabia muito bem que naquelas condições não conseguiria fazer missões tão cedo. Contudo, desde que não o fizesse em velocidade ou força máximas, ainda conseguia se locomover um pouco.

Tendo pegado leve e, consequentemente, levado um tempo considerável para chegar em casa, Hakuryuu deitou-se em sua cama. Ainda não era noite, mas repouso certamente era aquilo que mais precisava no momento.

Palavras: 931

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