O frio daquela noite parecia cortar a carne do rosto de Jyu, com um vento tão suave quanto a navalha de um barbeiro. Suas roupas pesadas o protegiam do frio cortante, mas não impediam seu corpo de estremecer a cada pequena brisa que passava por entre a sua face e penetrava em seu casaco, que começava a ficar levemente encharcado pela neve que, gradualmente, se acumulava em cima de si.

Entretanto, nada daquilo o fazia parar. Desde que saíra do pequeno porto improvisado pelo capitão do pequeno barco pesqueiro, manteve a sua caminhada tranquila até a pequena vila. Sua intenção era de iniciar a investigação o quanto antes, mas sabia que não conseguiria avançar em nenhuma investigação com a condição que se encontrava, desejando apenas um pequeno quarto aquecido e uma boa noite de sono...

Perdido em seus próprios devaneios, perdeu a noção do tempo, graças a uma paisagem que não parecia se modificar em nenhum momento devido à falta de iluminação e ao excesso de neve, que parecia manter inalterada qualquer lugar que seus olhos se dirigissem.

“Tem certeza de que estamos no caminho certo?” – perguntava Isobu, que apesar da situação, parecia estar bem confortável dentro de seus hospedeiro.

“Sim, não deve demorar mais de uma hora para chegarmos na vila...” – respondia, vendo quase que por milagre um pequeno fio de luz aparecer no horizonte. “Não disse?” – perguntava, aumentando o ritmo de sua caminhada, na direção do que parecia ser, finalmente, a vila de Shimogakure...

OFF:

Em menos de meia hora, Jyu viu a pequena fonte de luz se tornar em uma grande avenida. Apesar da neve ainda estar sobressaindo por sob todas as casas, de alguma forma, ainda era possível vislumbrar o chão de pedras em meio ao branco da neve e do amarelo das luzes nas ruas. Com as estruturas da vila barrando o vento, sentia-se até mesmo mais confortável para andar.

Não demorou muito para que o Espadachim encontrasse uma pequena estalagem, com uma placa com os dizeres “Unicórnio Saltitante” tão desgastadas que mal se dava para ler, mesmo com as luzes do recinto iluminando-as de forma direta. Abriu a porta, fazendo com que um sino encostado no batente da porta soasse, fazendo um enorme barulho no meio do silêncio quase sepulcral da vila.

Assim que a porta se fechou, Jyu sentiu o ar quente entrar em seus ossos, dando-lhe um certo conforto, que parecia ter ficado eras atrás, quando saiu de sua casa em Kirigakure. Dirigiu-se ao balcão, esperando que alguém aparecesse, o que demorou quase vinte minutos para acontecer.

Um senhor de aparentes 70 ou 80 anos apareceu, vestindo o que se parecia ser o seu pijama de frio e com uma cara de poucos amigos. Apenas olhou para Jyu com raiva ao constatar que era, de fato, um cliente que havia chego para atrapalhar a sua noite de sono.

-Hmm...? – perguntou, deixando claro a sua impaciência e o sono que parecia impedir que proferisse qualquer palavra de forma inteligível naquela hora da noite.

- Perdoe-me o horário, nobre senhor... – um resmungo vindo do velho foi a única resposta que tivera ao seu pedido de desculpas. – Preciso de um quarto para uma ou duas noites, no máximo...

O velho andou resmungando até o balcão, arremessando-lhe uma chave que pegou por debaixo do mesmo, voltando rapidamente para o seu quarto, ainda resmungando. Jyu olhou a chave, dando um leve sorriso. Amanhã daria um jeito de compensar o velho, mas primeiro, iria dormir.

Observando o número da suíte na chave, apenas procurou-o e rapidamente se jogou na cama, adormecendo quase que instantaneamente, mas sem deixar de pensar que, no dia seguinte, as coisas ficaria um pouco mais difíceis do que lidar com o mal humor de um velho...

OFF:

O sol emergiu por entre as nuvens brancas com raios tímidos naquele dia, despertando o shinobi com uma certa preguiça. Sentia-se abraçado pela cama, mas sabia que naquele dia o dever lhe chamava. Levantou-se com o corpo todo dolorido, mas ao menos, havia dormido de forma demasiadamente boa.

Com um olhar rápido, vislumbrou todo o quarto, vendo-o perfeitamente pela primeira vez. Havia ficado em um quarto bem simples, com apenas uma cama de solteiro, um pequeno criado ao lado direito da cabeceira de madeira, uma janela suja e uma outra porta, provavelmente destinada a um pequeno banheiro. Suspirando, saiu do quarto, dirigindo-se até a recepção, em uma tentativa de encontrar o velho que lhe atendeu na noite anterior.

Diferentemente de quando chegou, a estalagem agora fervilhava vida. Havia três pessoas na recepção, aparentemente se preparando para o trabalho matinal, enquanto alguns metros à frente, o barulho de conversas era mais alto, provavelmente por conta do refeitório e do café da manhã. Entretanto, não havia nenhum sinal do velho ou de qualquer recepcionista.

-Bom, vamos ao café da manhã então... – sussurrava de forma baixa, enquanto se dirigia ao  refeitório a passos largos.

O local era simples, nada mais que um grande salão de cerca de vinte ou trinta metros de comprimento por dez metros de largura, com várias mesas com cadeiras espalhadas por todo o salão. Ao fundo, ocupando toda a largura, uma mesa repleta de pães e bolos, que estava sendo duramente competida por talvez dez ou doze pessoas.

Antes mesmo que pudesse dar um passo, uma voz se fez ouvir em suas costas, de forma inquisidora, talvez até mesmo um pouco questionadora demais...

- O que diabos um shinobi de Kirigakure quer novamente em nossa vila?

OFF:

Jyu se virou na direção da voz, vendo uma jovem mulher de quase 15 centímetros mais alta que ele próprio, usando o que parecia ser uma roupa de frio de algodão cru, junto com um avental que outrora já foi identificado com a cor branca. Em suas mãos, uma frigideira, aparentemente ainda quente, a julgar pelo pequeno barulho de fritura que ainda era possível ouvir, se prestasse bem a atenção.

Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo, com pequenas pontas rebeldes que insistiam em sair do seu penteado. Seus olhos castanhos pareciam com os de uma águia, observando-o com um afinco acima do normal. Fosse quem fosse aquela mulher, Jyu sentia que não era alguém que ele gostaria de deixar irritada. Ainda mais com uma frigideira na mão...

- Estou aqui para um serviço de investigação... Ao que parece, os incidentes ocorridos aqui por conta da religião de Shak’nah podem estar ligados à acontecimentos recentes, ocorridos em Uzushiogakure. – dizia, sem se importar em revelar o verdadeiro motivo de sua ida até lá, afinal, poderia lhe ajudar a dar um bom ponto de partida para a sua missão.

A expressão da mulher, entretanto, parecia dizer outra coisa. Sua pele ficou tão pálida quanto o papel, enquanto engolia em seco e olhava em volta, para se certificar de que ninguém havia ouvido as loucuras proferidas pelo shinobi. Pegando-o pelo pulso, o arrastou a contragosto na direção da dispensa, próximo a cozinha, deixando o ninja de Kiri sem saber o que, de fato, estava acontecendo...

OFF:

Assim que a mulher abriu a porta da dispensa, praticamente jogou o braço de Jyu para dentro, que acabou sendo desequilibrado e quase caindo no chão da mesma. Olhou para a mulher, que rapidamente trancou a porta da dispensa, parando por alguns segundos para se certificar de que ninguém se aproximava da porta, antes de se voltar para Jyu. Sua expressão estava fechada, mas ainda era possível vislumbrar em seus olhos o temor pelas palavras proferidas pelo shinobi.

- Nunca mais diga nada sobre isso. Esse evento é algo muito traumático para muitos da vila, um momento da história que merece ser esquecido... – dizia, em um sussurro tão baixo que Jyu quase não conseguia ouvir a sua voz. - ... Principalmente você, Jyu Viole Grace, quem muitos consideram, até hoje, o responsável pelos eventos que se sucederam por conta de sua insana política... – era possível conseguir discernir, além de respeito, um medo exacerbado em sua voz, que saia trêmula à medida que a mulher falava.

- Isso até entendo, senhorita, mas... – parou por um momento, vendo que o olhar da mulher se dirigiu até a porta, com medo que alguém ouvisse a voz do shinobi, que rapidamente diminuiu para um sussurro tão alto quanto o que ela havia dirigido a ele instantes atrás. - ... qual o motivo de ter me trazido para cá? Não havia a menor necessid...

A mulher rapidamente tapou a sua boca, enquanto sons abafados de passos pareciam se aproximar da dispensa, fazendo com que Jyu engolisse em seco. Apesar de sua idade e de sua história como um shinobi, essa era a primeira vez que uma mulher se aproximava tanto de si...

- Apesar de ter tudo se resolvido graças aos shinobis de Kirigakure, algumas pessoas ainda não os veem com bons olhos.  A vila praticamente se reestruturou novamente, deixando aquela parte da vila praticamente deserta. – sussurrava, enquanto os passos finalmente pararam, fazendo com que ela começasse a suar frio. – O mero motivo de eu falar com você é tido como errado pela maioria da vila... – uma forte batida na porta da despensa fez com que a mulher se sobressaltasse. – Procure pelo Hiro, ele ainda está naquela parte, o único morador que acompanhou de perto realmente, ele...

- Hyakume, sabemos que está aí! Abra a porta! – uma voz firme fazia a garota estremecer, enquanto as batidas mais uma vez se fizeram ouvir, dessa vez ainda mais fortes que antes...

OFF:

Um instante de silêncio pareceu recair sobre todo o ambiente. Hyakume parecia a ponto de chorar, sem saber o que fazer, enquanto a voz do outro lado batia com mais força na porta, repetindo a ordem, dessa vez com um pouco mais de impaciência e raiva em sua fala. A mulher, tremendo, tentava balbuciar alguma coisa para Jyu, que apenas colocou a mão em seu ombro, em uma tentativa de acalmá-la.

-Abra a porta para eles, garantirei a sua segurança caso alguma coisa acontecer... – sussurrou de forma quase inaudível, enquanto Hyakume apenas acenava afirmativamente, sem nem conseguir proferir qualquer palavra, caminhando de forma extremamente trêmula para a direção da saída da dispensa.

O shinobi rapidamente utilizou o seu Mujin Meisai, desaparecendo por completo daquele mundo. Desde que aprendera aquela habilidade, sabia que poderia se esconder perfeitamente bem, afinal, nem mesmo o mais experiente ninja sensor poderia percebê-lo, conseguindo enganar até mesmo poderosos doujutsus, como os dois que tinha em seu poder.

Mais rápido do que esperava, a mulher alcançou a porta, destrancando-a. No instante em que o “clic” da porta se fez ouvir, a mesma abriu com violência, quase batendo na pobre empregada. A frente, o velho da noite anterior, encolhido, com um homem extremamente musculoso ao seu lado, fazendo Jyu crer que ele era o responsável pela violência na abertura da porta.

- Trancada aqui de novo, mulher? – falava com selvageria o velho, pegando-a pelo braço com força e a arrastando para fora. – Me disseram que você arrastou o ninja para cá! Cadê o filho da mãe? – vociferou, com uma raiva ainda mais estridente, enquanto a mulher mal conseguia dizer alguma coisa devido a dor que sentia em seu braço graças ao aperto do velho.

-Ele não está aqui... – dizia o homem musculoso, olhando fixamente para o local em que Jyu se mantinha parado, quase como se estivesse o vendo ali, o que fez com que Jyu sentisse um leve arrepio. – Posso não ser um excelente ninja sensorial, mas ele não está aí. Provavelmente ele trancou a mulher aí e já fugiu... – dizia, de modo displicente, fazendo com que o ninja de Kirigakure respirasse, de certa forma, aliviado.

- Aconteceu isso, Hyakume? – perguntava o velho, que a olhava com incrível raiva. De alguma forma, a pobre empregada apenas conseguia balbuciar coisas ininteligíveis e acenar afirmativamente com a cabeça. Sendo solta com violência, a mulher caiu no chão, esparramada, quase sem forças. – Da próxima vez, pelo menos veja se prenda o retardado... – dizia, cuspindo no chão com raiva. – Volte a trabalhar e pare de chorar que nem uma gazela... – dizia, chutando com violência a perna da mulher, que arranjou forças sabe-se de onde para se levantar de qualquer jeito e se dirigir para a cozinha, sem olhar para trás.

- Fique de olho nessazinha aí, Haku. Não quero ter que me livrar de mais uma empregada... – dizia, batendo a porta com força e se afastando dali, enquanto o ninja que havia contratado desaparecia em uma nuvem de fumaça...

OFF:

A porta da despensa se fechou, deixando Jyu estagnado naquele local. Sabia que agora as atenções de seus páreas seriam redobradas, principalmente naquela porta. Deveria ter aproveitado a oportunidade e fugido dali, mesmo que aquilo significasse ter colocado em risco a integridade de Hyakume? Ou deveria aproveitar para tentar descobrir mais alguma coisa significativa?

“Ficar aqui por algum tempo pode até atrasar a missão, mas ainda é preferível a ter a chance de Hyakumei se machucar por causa disso... Nesse momento, todo cuidado é pouco...” – pensava, enquanto tomava o cuidado de verificar calmamente todo o ambiente que seria praticamente seu por algum tempo.

A pequena despensa era nada mais que um pequeno espaço de cinco metros por dez, com estantes em todo o seu entorno e um espaço vazio de aproximadamente dois metros por seis, talvez até mesmo menor. Sem tanta coisa para fazer, Jyu observou que alimentos havia na mesma, pegano casualmente uma maçã e comendo com tranquilidade.

“Acha que é seguro comer assim?” – perguntou Isobu, enquanto Jyu comia tranquilamente a maçã e procurava algo parecido com biscoitos em uma outra prateleira.

“Não vou ficar aqui sem me alimentar, ainda mais sendo de graça...” – disse, com um sorriso, enquanto jogava o caroço da mação no fundo da prateleira que estava vendo. Se fosse para ter que ficar no completo ócio por algum tempo, ao menos ele faria com que tivessem algum trabalho e prejuízo por isso...

OFF:

Após comer algumas frutas e biscoitos, Jyu finalmente parou. Se pegava como deveria sair dali sem chamar a devida atenção, já que se preocupava com a jovem mulher que lhe dera uma dica importante de como seguir com a sua investigação. Mesmo sendo uma dica fria, ele ainda assim não podia perder tanto tempo naquele lugar. Pelo menos, não mais do que havia perdido.

Demorou algum tempo antes de finalmente decidir o que fazer, mas depois que o fez, não pode evitar de abrir um sorriso. Definitivamente, aquela técnica seria a melhor coisa que poderia fazer naquela situação. Com uma certa voracidade, começou a derrubar da forma mais ruidosa possível os alimentos no chão. Apesar de não conseguir identificar o que diziam, era possível ouvir os resmungos de algumas pessoas, provavelmente falando sobre aquilo que Jyu estava a fazer.

Aproveitando-se do Mujin Meisai, ficou a poucos passos da porta, o suficiente para que pudesse estudar os movimentos da pessoa que viesse em sua direção, o que demorou menos do que ele esperava. Nem mesmo um minuto se passou desde que ele havia parado de fazer a pequena bagunça, a porta da despensa se abriu, revelando uma mulher idosa, pouco menor que o próprio shinobi.

A mulher soltou um palavrão, enquanto caminhava de forma manca até o local, com uma vassoura e uma pá, que logo começou a varrer para tirar os alimentos do chão. Tão logo a mulher ficou distraída, o espadachim da névoa executou rapidamente o Gamadaira Kageayatsuri no Jutsu, infundindo-se em seu corpo completamente com a sua própria respiração presa, enquanto fazia o corpo da mulher continuar a limpar.

- Não acabou ainda, mulher?  – uma voz se fez ouvir as suas costas, fazendo com que Jyu comandasse o corpo da mesma a se virar, para ver quem era o dono daquela voz.

OFF:

A sua frente, o mesmo velho que o atendeu no dia anterior e que tratou mal a mulher que tentara o ajudar, mesmo que dando apenas uma pequena dica de como se prosseguir com a missão. Estava com uma cara enfezada, a qual fez com que Jyu fizesse a mulher apenas mandar um dedo do meio para o velho, que apenas riu da cara da mesma.

-Termine logo e depois vá comprar novamente o que caiu no chão... – dizia, dando um olhar um tanto quanto penetrante na mulher, como se pudesse ver por dentro da alma da mulher. Ficou alguns segundos parado olhando para ela, saindo logo em seguida, quase fazendo com que Jyu suspirasse de alívio, se segurando por muito pouco. Não queria atrair mais problemas do que já atraíra naquele momento.

Terminou rapidamente de limpar, sentindo sua consciência pesar pelo fato de exigir bastante do corpo daquela velha senhora. Ao sair da despensa com a pá cheia, procurou rapidamente a cozinha e jogou o lixo na mesma, antes de sair apressado em direção à rua.  Caminhou por cerca de dois quarteirões, entrando em uma viela qualquer, desfazendo rapidamente o jutsu e se colocando atrás da mulher.

Ao sair do torpor provocado pelo jutsu, Jyu desferiu um golpe em sua cabeça, fazendo a velha senhora desmaiar. Suspirou com uma certa pena da mulher, mas se deixaria para se preocupar com isso depois. Usando novamente o Mujin Meisai, o shinobi agora livre voltaria a sua atenção para o local que Hyakume havia lhe dito e se dirigiria para o local em que a Grande Tragédia havia ocorrido, a Velha Shimogakure...

OFF:

Invisível aos olhos dos humanos e às habilidades sensoriais dos shinobis, Jyu ganhou rapidamente as ruas de Shimogakure, pulando rapidamente para os telhados da vila, a fim de ter uma boa visibilidade do caminho em que seguiria. Lembrava-se vagamente do relatório da época que a maior parte dos eventos doentios haviam ocorrido dentro de uma catedral, a qual, provavelmente, não seria muito difícil de encontrar.

Mesmo com a neve encobrindo todo o lugar, era possível vislumbrar uma parte da vila em que havia pouco movimento de pessoas, o que de fato chamou a atenção de Jyu, afinal, uma vila do porte de Shimogakure tinha um comércio forte, para conseguir se sustentar em uma temperatura tão difícil quanto aquela. Sem pensar duas vezes, foi saltando de casa em casa para aquela direção, pois algo lhe dizia que por ali ficaria fácil de encontrar o caminho para o seu destino.

Graças a sua visão privilegiada, assim como o fato de estar usando o Mujin Meisai, Jyu se sentiu livre para ir em quase toda a sua velocidade. Conforme avançava pelos telhados, a vila foi ficando cada vez mais vazia, até finalmente se encontrar em uma área em que não havia ninguém.

Descendo do telhado sentiu imediatamente a sua perna afundar na neve até o seu joelho, o que indicava que era uma área em que ninguém ou quase ninguém se preocupava de ir. O Nidaime deixou os seus olhos passarem com calma por entre as construções, vendo que não havia qualquer som nos arredores, o que o fez ter certeza: havia encontrado a Velha Shimogakure...

OFF:

Desfazendo o seu jutsu, Jyu finalmente respirou fundo. Aquele parecia ser o lugar que esperava encontrar, o local onde tudo começou e onde, provavelmente, conseguiria encontrar parte ou até mesmo a resposta completa para aquilo que tanto queria encontrar. Varreu o lugar mais uma vez com os olhos, tentando encontrar qualquer sinal da existência do rapaz chamado Hiro.

Para o seu azar, não encontrava nada que poderia indicar onde aquele rapaz morava. Imerso em meio a neve, sua visão parecia confundir tudo naquele imenso mar esbranquiçado, sem conseguir encontrar qualquer sinal de vida. Não conseguia vislumbrar fumaça das chaminés, nem mesmo uma única fonte de luz naquele lugar.

Será que haviam lhe passado a informação errada?

- O que faz aqui, shinobi de Kirigakure? – uma foz firme e tranquila se fez ouvir às suas costas, forçando Jyu se virar, escondendo levemente a sua surpresa por ter sido “pego pelas costas”. O que viu o fez abrir um meio sorriso.

O dono da voz era um rapaz alto, quase 30 centímetros mais alto que o próprio Jyu. Tinha feições duras e uma barba rala por fazer. Seus músculos eram mais que óbvios, pareciam quase rasgar a roupa branca de frio espessa que usava. Em seus braços, o que pareciam feixes de lenha recém cortada, pareciam pequenos gravetos, o qual nem parecia ser necessário fazer qualquer força para segurá-los. Talvez, se juntasse ambas as coxas de Jyu, não daria o tamanho do bíceps daquele que, agora, se encontrava o encarando.

- Estou procurando por Hiro... Por acaso é você? – dizia, simplesmente, esperando uma resposta do rapaz as suas costas.

OFF:

A sua pergunta parecia pairar no ar, enquanto o rapaz a sua frente pensava sobre o que estava sendo perguntado. Os segundos se arrastaram de tal forma que pareciam horas, mesmo que soubessem que não era esse o caso. Ambos se estudavam, enquanto tentavam descobrir o objetivo um do outro.

- Sim, eu sou Hiro, filho de Takashi. – informou, por fim, deixando a atmosfera um pouco mais leve para ambos. – E o que o Nidaime Mizukage, Jyu Viole Grace, quer com um mero lenhador? – perguntou, incisivo e direto, fazendo com que Jyu se xingasse mentalmente por ser tão conhecido no mundo shinobi a ponto de ser reconhecido de forma tão rápida pelo rapaz. Parecia que ainda tinha alguma desconfiança sobre os motivos da vinda daquele que outrora fora líder da Vila da Névoa.

- Meu objetivo é investigar uma certa técnica, que acredito que você tenha presenciado mais perto que qualquer um dos membros dessa vila... – disse, direto, olhando diretamente nos olhos de Hiro, que parecia seriamente surpreso pelas palavras de Jyu. - ... E espero que me ajude a encontrar as respostas que procuro, rapaz...

- Ou senão o que? – perguntou, com a voz levemente trêmula, enquanto soltava a madeira de seus braços, como se estivesse pronto para qualquer investida do espadachim, mesmo que soubesse de toda a fama que ele tinha...

OFF:

Jyu deu um leve sorriso para a resposta do lenhador. Era evidente que ele era um civil comum, talvez relativamente um pouco mais forte que a média devido ao seu trabalho braçal, mas
Sentia que aquela reação nada mais era que o puro medo daquele mal ser revivido, e as lembranças que ainda o atormentavam criasse vida novamente. Deu um suspiro, apenas chacoalhando a cabeça, quase demonstrando a decepção que tinha em sua face.

- A única coisa que vai aconteceu é eu demorar mais para descobrir as coisas. Você ajudando ou não, o resultado será o mesmo: vou descobrir sobre essa arte e impedir qualquer um de usá-la novamente. – respondia, sem desviar o olhar do homem à sua frente por alguns segundos, antes de se virar novamente para o seu destino: a catedral.

- Então, o que vai ser? Vai ser uma criança assustada para o resto da vida ou vai me ajudar a encontrar as respostas que precisamos para acabar com esse mal? – perguntou, olhando de canto de olho para o Shimogakuriano, antes de começar a andar, mal dando dois ou três passos até ouvir a resposta.

- Vá até a catedral, ao fundo, vai notar a existência de uma escadaria, ao lado esquerdo. Desça os degraus e caminhe pelo corredor, vai encontrar uma espécie de sala. Lá era onde essa... coisa... foi feita... Talvez o que procure está por lá... – dizia Hiro, recolhendo a lenha do chão, que soltara instantes antes. – Se vai encontrar o que procura ou não, vai depender puramente de sua sorte, Jyu Viole Grace... – dizia, voltando a caminhar em direção à sua casa, do lado oposto da Catedral, deixando, novamente, Jyu sozinho no meio daquela imensidão branca.

OFF:

Sozinho, caminhou tranquilamente na direção do seu objetivo, pensando cuidadosamente sobre como as coisas pareciam caminhar muito bem na direção de seus objetivos. O encontro com a funcionária da taverna com sua valiosa dica de onde encontrar Hiro. O encontro oportuno com a velha que, sem saber, o ajudou a sair da taverna. O encontro com aquele que procurava, tão rápido e prestativo quanto poderia ser...

O que não era nem um pouco comum... Coincidências demais para o seu gosto...

Acelerou o passo, começando a correr na direção da catedral. Sentia um estranho senso de urgência. Podia ser que estava pensando demais, mas... E se algo realmente estivesse errado?

Foi preciso pouco menos de um minuto para que chegasse na catedral. O local que tinha tudo para ter uma bela aparência barroca alguns anos atrás, estava literalmente as traças. As janelas estavam todas quebradas, os bancos, jogados aos cantos ou quebrados e carcomidos. O vento que entrava por suas pedras era frio e criava um pequeno barulho similar a um gemido triste e caótico...

Andando em direção ao local indicado por Hiro, Jyu conseguia ouvir os seus próprios passos por entre o piso de mármore, outrora um dos motivos de orgulho da vila, agora, sujo e quebrado, o que piorava ainda mais o aspecto de abandono do local. Caminhou cuidadosamente até o lugar onde deveria haver um altar, restando nada mais além de uma grande pilha de pedras quebradas.

E, a sua esquerda, a escada que fora indicada por Hiro...

OFF:

Olhando para a escada, Jyu deu um meio sorriso. Ao menos, não havia sido enganado quanto a posição da escada. Usando um jutsu básico para criar uma esfera de luz, começou a descer a escada, que graças a sua técnica não estava mais imersa na mais pura escuridão. Conforme avançava, via que, apesar do abandono da catedral há tanto tempo, havia marcas de uso recente em seus degraus, o que fez com que acelerasse o passo mais uma vez.

O fato daquele lugar estar abandonado, o fato de usarem-no apenas demonstrava que talvez o que procurava não mais estava ali. Duvidava que Hiro, com o medo que demonstrava quanto ao seu passado, iria ali com frequência. Talvez sequer conseguia pisar dentro das paredes destruídas da catedral. Isso apenas indicava que mais alguém tinha interesse em descobrir sobre a técnica usada há tantos anos atrás...

Desceu os degraus quase de cinco em cinco degraus, chegando ao seu fim em menos de um minuto. Em sua velocidade quase máxima, começou a correr pelo corredor que o separava de seu objetivo final, ouvindo apenas os seus próprios passos a ecoar pela escuridão que era cortada pela pequena esfera de luz em suas mãos. Perdeu a noção do tempo em que percorreu o corredor, mas pelo que lhe pareceu um tempo extraordinariamente pequeno, chegou enfim ao que seria uma porta de madeira, já carcomida pelo efeito do tempo, quebrada ao meio.

E, ao passar pelo arco que outrora segurara aquela porta quebrada, viu-se no que parecia ser um pequeno salão, pelo menos até onde a sua vista alcançava... Será que ali era onde encontraria as suas respostas?

OFF:

Jyu suspirou, enquanto começava a caminhar efetivamente pelo salão. Iniciou o seu trajeto seguindo a parede, percebendo que aquela sala tinha um formato praticamente circular, a julgar pelo formato que a parede seguia conforme o seu caminhar. Não ficou surpreso ao encontrar a primeira porta, em um estado tão deplorável quanto a que havia acabado de passar. Olhou rapidamente para dentro, tendo visão graças a pequena esfera de luz em suas mãos, e o que viu lhe deu uma revirada no estômago.

A sala estava praticamente vazia, com apenas uma cama e alguns trapos jogados de qualquer jeito em seu fundo. O cheiro que exalava dali era horrível, quase como se centenas de cadáveres haviam passado por ali. Suas paredes, teto e chão tinham manchas daquilo que parecia ser sangue seco envelhecido. Que tipos de experiências fizeram por ali? Será que seria de um ser tão doentio quando Moira?

Chacoalhou a cabelo, seguindo com passos hesitantes, enquanto a sua mente pensava sobre o que havia visto ali e comparando com as atrocidades que vira no laboratório de Moira. Como diabos aquelas mentes doentias vieram para aquele mundo? Como diabos podiam fazer aquilo com pessoas comuns, que não representavam nem uma parcela de culpa do que quer que culpassem a humanidade...

Conforme caminhava, viu mais três portas como aquela, com o mesmo conteúdo, fazendo com que ele precisasse respirar fundo para manter a calma naquela situação. Ainda tinha esperanças de...

Parou enfim de caminhar, quando viu algo completamente diferente do que tinha visto até então. Diferente das portas destruídas que vira até então, aquela era uma porta de metal, completamente intacta. Arqueou as sobrancelhas, dando um leve sorriso. Proteger um local daquela forma apenas podia significar que queriam proteger algum segredo obscuro...

OFF:

Analisando a situação, Jyu colocou a sua mão na porta de metal, batendo levemente em sua estrutura, a fim de compreender mais sobre a mesma. Sentia que era uma estrutura maciça, bem forte, sem muitos pontos fracos, pelo menos em sua estrutura central. Olhou para as dobradiças, visíveis do lado de fora, o que parecia um pequeno erro arquitetônico.

“Ou seria uma armadilha?” – se perguntou, tentando decidir o que faria naquela situação. Não podia arriscar a usar a capacidade de controle sobre o elemento suiton, que poderia arruinar com o que quer que estivesse atrás daquela sala, trancada a tanto tempo. Tentou o mais óbvio, girar a maçaneta, mas obviamente estava trancada.

Não haviam muitos jutsus que tinha em seu arsenal para destruir aquilo, mas teria que fazer o seu melhor... Com um suspiro, ativou o seu doujutsu, realizando os dois únicos selos necessários para aquela técnica. De suas costas, quatro tentáculos emergiram, feitos inteiramente de seu sangue, se movendo como se estivem vivos. Com maestria, os controlou para que atingissem repetidas vezes as dobradiças de metal pela sua lateral e em seu ponto mais fraco, a base daquela estrutura firme.

Uma, duas, três, quatro... Perdeu a conta de quantas vezes seus tentáculos bateram na estrutura da dobradiça. A cada batida, o eco de seus ataques ficava cada vez mais forte. Tinha medo de chamar atenção indesejada com aquilo, então tentou acelerar o seu ataque. Com um baque, as maçanetas se desfizeram, sendo jogadas longe, cada uma para um lado, fazendo a estrutura de ferro da porta estremecer.

Com a porta rangendo, Jyu se jogou para o lado esquerdo, provando ter uma capacidade analítica extremamente forte quando a porta começou a se inclinar, caindo com um poderoso estrondo, o que fez com que Jyu engolisse em seco, já que no momento em que a porta caiu, uma enorme rajada de fogo surgiu, iluminando todo o ambiente, batendo com força em uma estrutura em que parecia ter uma espécie de computador, agora engolido pelas chamas.

“Definitivamente, eu morreria se essa desgrama me atingisse...” – pensou, desativando sua esfera de luz, já que a luz do fogo era mais que o suficiente para iluminar toda a sala, que conforme a sua expectativa, era redonda, portando, contando com as portas que já passara, um total de dez portas, sendo esta a única porta de metal.

Julgando ser o suficiente, o ex-Mizukage adentrou a sala, pronto para descobrir os mistérios que a envolviam...

OFF:

Assim que Jyu entrou no lugar, em meio a luminosidade das chamas bruxuleantes que tomou conta do ambiente graças a armadilha anterior, podia ver se tratar de uma espécie de escritório, com poucos móveis em seu interior. Uma mesa simples, acompanhada de uma cadeira de madeira, assim como utensílios de escrita e papéis. Ao fundo do pequeno escritório, uma prateleira pensa, com inúmeros cadernos simples.

Caminhou cuidadosamente na direção da escrivaninha, com medo de ativar mais qualquer armadilha daquele lugar. Os papéis em cima da mesa pareciam em mal estado, cheios de poeira, mas ainda era possível ver alguns diagramas e escritas, apesar de mal conseguir identificar qualquer informação que lhe parecesse, ao primeiro olhar.  

Caminhou, então, na direção da prateleira, pegando um livro qualquer sem nenhuma cerimônia, abrindo sua página com cuidado para não destruir o seu conteúdo, já que não sabia qual o estado de preservação que eles tinham. Para sua surpresa, apesar das folhas já estarem amareladas, ainda estavam bem preservadas, talvez pelo modo de guarda na estante, tomando menos ar...

Para sua sorte, a caligrafia era bem escrita, com letras arredondadas e grandes, facilitando a sua leitura mesmo sob a luminosidade precária que estava ali. Ficou surpreso ao constatar que aquilo era uma espécie de diário, o que lhe fez dar um sorriso. Pela data, era de alguns meses antes de tudo o que ocorreu em Shimogakure.

“Me repassaram a missão, posso finalmente poder usar minhas pesquisas para desenvolver mais a minha capacidade quanto ao Edo Tensei(...)” – leu, dando um sorriso. Parecia que estava finalmente no caminho certo.  Se o intuito dele era desenvolver ainda mais a sua capacidade quanto aquela habilidade tenebrosa e extremamente poderosa, poderia haver alguma coisa de grande valia naqueles diários!

OFF:

Folheou mais algumas páginas, de forma apressada e descuidada, mas sabia que alguma dica quanto o funcionamento daquela técnica teria ali, mesmo que fosse de alguma forma, incompleta. Mesmo com esse tipo de informação, conseguiria bolar algum estratagema para contra atacar ou desfazer aquilo!

Voltou a ler, de forma apressada, página após página, a procura de alguma coisa que lhe ajudasse a desvendar os mistérios daquela técnica.

“Hoje finalmente embarquei com  destino a Shimogakure... A ideia de começar uma nova religião e conquistar a confiança desse povo..” – Jyu parou de ler, enojado. O que fizeram com aquele povo não tinha perdão. Olhou a data e guardou o caderno. Se compreendia corretamente o planejamento deles, primeiro teriam que conquistar a confiança dos civis, para depois iniciarem as suas experiências com uma relativa segurança.

Suspirou, pegando um caderno um pouco à frente dele, pulando três outros livros. Abriu, percorrendo os olhos na data, avançando algumas folhas e lendo o seu conteúdo, até que algo lhe chamou a atenção.

“Povo idiota. Finalmente construíram a Catedral, da forma que eu pedi. Mal sabem o que construí em seu interior. Finalmente poderei dar prosseguimento a minha pesquisa. Finalmente. Me tornarei o verdadeiro mestre da vida e da morte!” – Jyu pulou mais algumas páginas, procurando por alguma outra informação.

“Comecei finalmente os experimentos. O nome desse cara era Hikaro alguma coisa, um bêbado que vivia jogado aos cantos. Ele faleceu por hipotermia e roubei o seu corpo do necrotério. O seu novo eu está pronto, apenas esperando pela criação da kunai com os selos necessários para dar vida ao seu novo corpo... Vou fazer com que eles vejam isso como um verdadeiro milagre! Eles não perdem por esperar!!”

Jyu fechou o diário, que já estava em seu fim. Apesar de não entender bem o que ele queria dizer com novo corpo, era fácil concluir que ele usava uma espécie de fuinjutsu ou até mesmo juinjutsu, como aquele que outrora usaram em uma de suas secretárias no passado. O fato de precisar de um novo corpo indicava que não poderia usar o corpo original e que, de alguma forma, a técnica trazia a pessoa de volta à vida naquele novo corpo....

OFF:

Jyu suspirou, guardando o livro em sua bolsa. Era uma informação extremamente valiosa. Se ele levasse em consideração a batalha contra a mulher de cabelos rosados, faria sentido o poder de regeneração que ela demonstrou, já que aquele não era o corpo original dela. O corpo provavelmente era um corpo artificial, como o que parecia ser o caso do mostrado pelo livro.

Pegou o livro seguinte, procurando algo sobre a melhoria no jutsu que ele havia informado. Não demorou muito para que visse no livro em sua posse pequenas ilustrações sobre o fuinjutsu (ou seria juinjutsu?) que era colocado em um item muito similar a uma kunai. Jyu arqueou a sobrancelha, arquivando também o livro consigo. Por mais que fosse fruto de um estudo repugnante, aquelas informações eram valiosíssimas!

Pelo que havia compreendido, aquele item era o centro do jutsu, o que talvez explicasse o motivo que a rosada não foi destruída com a sua Bijuudama. Mesmo tendo obliterado o seu corpo, de alguma forma aquele núcleo foi protegido, talvez por alguma técnica ainda mais poderosa que a bijuudama, o que mostrava o quão perigoso seria encontrá-la novamente. Teria que dar um jeito de destruir aquele núcleo o quanto antes, caso se encontrassem novamente.
Guardou o livro seguinte, sem nem sequer lê-lo. Teria tempo o suficiente para analisar quando estivesse na vila. Agora, só se importava em sair dali, para repassar as informações o quanto antes...

OFF:

Jyu se virou para sair da sala, vislumbrando apenas um pequeno vulto vindo em sua direção. Pego de surpresa, seu corpo se moveu por puro susto, se jogando para a direita, batendo com força na parede, enquanto a pequena kunai que ia na direção de sua cabeça penetrou com força na estante de livros, fixando-se com força.

Se virou para a entrada, vendo três pessoas se aproximarem. A pessoa que liderava o trio era nada mais que o ninja que havia visto anteriormente na taverna, enquanto os outros dois, apesar da mesma estatura do ninja líder, pareciam depender das ordens de seu superior para agirem.

- Sabia que não estava enganado! Realmente você estava na taverna, não é... – deu um sorriso de superioridade, como se o encontro deles fosse algo planejado por ele há algum tempo - ... Jyu Viole Grace? – terminou, dizendo seu nome com um leve tom de sarcasmo.

-Realmente acredita que está em vantagem por que me pegou desprevenido? – retrucou, com uma certa ironia na voz. Estava, de fato, em desvantagem numérica, mas não é como se realmente nunca tivesse estado em uma situação daquela.

-Seu caminho para a fuga está obstruída, você está em desvantagem numérica... Acredita realmente que conseguirá sair daqui com vida? – perguntou, estalando os dedos, enquanto os seus dois seguidores abriam a posição, fazendo o trio assumir uma posição triangular.

“Eles não parecem ser ruins, garoto... Acha que aguenta sozinho?” – perguntou Isobu, fazendo Jyu fazer um meio sorriso, enquanto assentia silenciosamente para a besta de três caudas.

Avançou alguns passos, saindo finalmente da sala em que se encontrava. Para sua sorte, o encontraram apenas depois de já ter conhecido o ambiente, o que colocava por terra toda a estratégia deles. Bom, sorte para o espadachim.

-Vão ficar apenas parados, ou vamos brincar? – perguntou, debochado, enquanto avançava mais dois passos, preparando-se para sair dali o quanto antes. A informação que tinha consigo era muito mais importante que seu ego para derrotar o trio.

- Quem fala demais se arrepende, senhor Kyuuseishuu... – dizia, sacando uma espada, sendo imitado por seus fiéis soldados. – Vão! Matem-no! – ordenou, fazendo com que os seus guardas avançassem na direção de Jyu...

OFF:

No instante em que os dois shinobis avançaram, Jyu sacou a Nuibari, avançando contra seus algozes, enquanto o líder de seus oponentes começava a se concentrar, como se estivesse preparando um ataque para acabar rapidamente com tudo aquilo. Com a espada emitindo um brilho amarelado graças ao fogo que ainda ardia nos equipamentos de informática, Jyu efetuou o primeiro movimento, em uma estocada na altura do pescoço do shinobi da direita, enquanto girava o seu corpo para a esquerda, para fugir de um soco na altura de sua têmpora, feito pelo outro shinobi.

A espada cortou o ar, sem acertar o seu alvo, que agachou, preparando um gancho em seu algoz, que se afastou com um salto, enquanto o shinobi que tentou acertar o soco se virou rapidamente em sua direção, arremessando três kunais, que foram facilmente defendidas pelas Nuibari. Com um aceno de sua mão, grandes estacas de suiton emergiram do chão, forçando seus oponentes a se afastarem para não serem pegos facilmente pela técnica do espadachim da névoa.

Neste instante, de costas para o líder, Jyu se viu completamente cercado pelos três shinobis, enquanto sua técnica se desfazia, dando chance para seus oponentes se reposicionarem e avançarem novamente contra si. Apesar de ainda estar conseguindo contra os dois tokujos, o líder ainda não se movido, o que deixava as coisas ainda mais perigosas.

Avançando contra os dois oponentes, Jyu, desta vez, apenas desviou dos ataques simples de seus inimigos, assumindo a posição que outrora lhes pertencia. Se era para enfrentá-los, iria o fazer de frente, não queria nenhum oponente em suas costas.  

O que, instantes depois, foi provado ter sido a escolha mais provável, já que uma luz azulada começou a ser emitida pelo líder dos dois inimigos...

OFF:

A luz azul começou a ficar cada vez mais forte, fazendo com que os dois shinobis que estavam lutando no mano a mano com Jyu abrissem levemente as suas posições, deixando uma espécie de corredor entre Jyu e o estranho shinobi da taverna. Ambos, agora, começaram uma rápida sequência de selos, o que fez com que Jyu erguesse, a sua frente, duas paredes de água, de pouco mais de vinte centímetros de espessura, um metro de largura e dois metros de largura.  

- Esse é o tempo de se render, Jyu Viole Grace... - dizia o líder dos shinobis, finalmente abrindo os olhos. Em suas mãos, uma esfera de raios era formada, crescendo pouco a pouco até atingir o tamanho de uma cabeça. Era possível ouvir o som dos raios em atrito consigo mesmo, aumentando conforme a quantidade massiva de chakra era impugnada em seu cerne.

-Tente me matar, se for capaz...  - dizia, zombeteiro, enquanto os outros dois shinobis atacavam com uma espécie de arco e flecha de fogo, que atingiam com força o suficiente para quase destruir a primeira camada de proteção que o espadachim da névoa criara, o que o fez criar rapidamente uma névoa por todo o ambiente, deixando impossível verem a sua localização.  

- Como se esses pequenos truques fossem o suficiente para me enganar, garoto... - dizia, erguendo ambas as mãos para frente, enquanto gritava a plenos pulmões - CRINSON THUNDER!

E, com uma grande velocidade, um grande feixe de energia elétrica, de mais de dez metros de largura e dez metros de altura, varreu completamente a sala em uma linha reta, aniquilando tudo aquilo que tocou...

OFF:

Tão rápido quanto à luz do ataque do shinobi veio, ela se foi, deixando apenas a luz bruxuleante da fogueira, agora já mais baixa, iluminar o lugar. Nos lugares em que o ataque passou, apenas um rastro de destruição. A névoa, antes forte e impedindo a visibilidade, agora era baixa e quase inexistente. O silêncio parecia pesar por sob o ambiente.

Após alguns segundos que se pareceram uma eternidade, o líder se virou para os outros dois shinobis realizando um estalo. Tão logo ouviram o sinal, fizeram desaparecer o arco de fogo, apenas aguardando a ordem de seu líder.

- Ele já não está mais entre nós, deve ter sido obliterado pelo meu ataque, não consigo mais sentí-lo por aqui... – dizia, dando um sorriso maquiavélico. Jyu Viole Grace, um dos últimos salvadores do mundo, havia morrido pelo seu ataque, confirmado pela sua própria habilidade sensorial instantes após ter lançado o ataque. Com mais um estalo de dedos, começou o caminho de volta para Shimogakure...


Jyu ergueu com rapidez a névoa, utilizando a sua própria técnica para ocultar a vista de seus oponentes. Sabia que estava em tremenda desvantagem, mas só poderia se livrar daquilo de forma rápida fingindo a sua própria morte. Usou rapidamente na sequência o Mujin Meisai, usando em conjunto com a sua própria técnica o estilo de luta próprio dos Espadachins da Névoa.

Sabia que havia pouco tempo para fugir, nem muito lugar para onde se esconder. Usou o máximo de sua velocidade para esconder-se atrás dos computadores que ainda pegavam fogo, escapando por um milésimo de segundo de ser atingido pelo poderoso ataque de seu oponente. Ficou em silêncio, segurando a sua respiração, até ouvir os seus passos começarem a diminuir, quando finalmente pôde respirar tranquilo.

Em silêncio, aguardou tempo o suficiente até que as chamas fossem totalmente consumidas, envolvendo-o na mais completa escuridão. Ficou mais um tempo ali, até que seu único olho aberto se acostumasse com a escuridão, para, só então, sair dali com calma.

Só percebeu que a noite havia finalmente caído sobre Shimogakure quando saiu da catedral. Com um suspiro, certo de que havia atingido com sucesso o pedido do Mizukage, começou a se dirigir, finalmente, de volta a Kirigakure...

OFF: