Nathaniel sabia bem para onde deveria entregar a carta, mas sabia que, assim como fora em todas as outras missões, não seria tão fácil assim. Carteiros, quando são mandados para esses tipos de operações, aprendem a esperar por vários tipos de inimigos, afinal quando um pergaminho com aquele nível de importância é expedido, pode-se ter a certeza de que existem muitas forças poderosas que não querem que ela chegue ao seu destino. Por isso ele tratou de não ficar passeando pela noite a toa, indo para um pequeno hotel-capsula onde eram oferecidos quartos pequeninos, com uma TV no quarto e uma cama de casal, o que para Nathaniel, era mais do que o suficiente. Após encontrar o tal local, ele rapidamente guardou as suas coisas e foi procurar um lugar para se alimentar, caminhando por algumas ruas extremamente iluminadas, podendo ouvir algumas músicas trash tocando em alguns bares, vendo as pessoas usando aparelhos estranhos em seus rostos, alguns até com roupas brilhando. Ele, sem nenhum acessório chamativo além do bracelete que o identificava como um turista, era observado com desdém por aquelas pessoas, principalmente pelos mais jovens.

── Lugar estranho da porra. ── ele disse para si mesmo, encontrando uma barraquinha de rua onde vendia hamburguers, pedindo três Smash Double Cheesebacon, um pote de batatas e um refrigerante diet, se alimentando bastante depois de uma longa viagem. Ele comeu os hamburguers, um por um, assustando o dono da barraquinha, vendo ele comer as batatas-fritas e colocando ketchup. Nate não entendia o porquê do espanto do homem, continuando comendo e pensando na missão que tinha pela frente.

Mesmo que não estivesse realizando a sua operação naquele momento, o pergaminho estava em seu bolso, para não correr o risco de perdê-lo. Sua missão era entregar o pergaminho para a Força Policial de Nakashima sobre a possibilidade de um criminoso estar buscando abrigo na cidade. Deveria ser um criminoso muito conhecido e perigoso, para saber o caminho para aquele vilarejo e também para conseguir se infiltrar sem despertar quaisquer tipos de suspeitas. Assim que entregasse o pergaminho para o delegado, ele poderia voltar para Konoha e fugir daquele local totalmente high-tech.

── Gostei do seu estilo retrô! ── disse uma garota de cabelo rosa, vestindo roupas preta e branca, sentando ao lado dele e com um patins nos pés, notando a bandana em seu braço. ── Eu estava ali com umas amigas e vi você aqui. Bem que percebi que não é daqui. Seu estilo é de 20 anos atrás. Ah, você é um ninja de Konoha!? Uuuuuh… Ninjas aqui não são muito bem vindos. Como se chama? ── perguntou para o rapaz.
── Nathaniel Grey. ── ele disse, devorando seu hamburger.
── Me chamo Corinne Sinclair. Você tem uma vibe muito maneira, sabia? ── ela comentou com um sorriso, parecendo estar sob efeito de alguma coisa, talvez de bebida. ── O que faz aqui em Nakashima? Por acaso está em uma missão ultra secreta? ── a garota perguntou curiosa.
── Não posso dar muitos detalhes, mas não ficarei aqui muito tempo, assim espero. ── respondeu enquanto sorvia um pouco do líquido no seu copo pelo canudo, olhando para o grupo de amigos da moça, que agora tinha uns caras mais velhos e corpulentos. ── Acho que os seus amigos estão com pressa. ── avisou.
── Estamos indo para uma boate muito legal chamada Pegasus. Você quer ir com a gente? ── a moça o convidou de imediato, mesmo sem nem conhecê-lo.
── Eu agradeço o convite, mas preciso estar bem descansado para o dia de amanhã. ── ele acenou para a garota, que deu um sorriso sem graça, pegando um guardanapo, escrevendo algo com o seu batom.
── Se você quiser, aqui está o endereço. Te garanto que você vai se divertir muito lá. ── Corinne avisou, entregando o bilhete para o Grey e se levantando, acenando para o mesmo e desfazendo o seu sorriso. Nate pegou o papel e rapidamente viu o que a garota de cabelo rosa tinha escrito. “Nos ajude.” Isso o fez olhar para o grupo imediatamente, vendo um dos caras pegar no braço da moça e falar alguma coisa, enquanto o outro cara olhava para ele.
── Esses caras são problemáticos. Alguns são shinobis de outros países, ex-policiais. São gente da pior espécie, andam pelos arredores da vila impondo as suas próprias leis. Parece que nem toda a tecnologia do mundo pode nos livrar da corrupção desse mundo, não é? ── sussurrou o dono da barraquinha. ── Eu já vi aquela garota algumas vezes. Ela é acompanhante. Vez ou outra, ela chega com um hematoma no rosto. Esses caras são brutais. ── disse. ── Eu não iria lá, se fosse você. ── aconselhou o homem.
── Onde fica esse Pégasus? ── foi só o que Nathaniel quis saber.

[...] Depois de pagar a conta, Nathaniel buscou saber como fazia para entrar na boate. Segundo o cara que fritou os seus hamburguers, o local era exclusivo e somente molhando a mão dos seguranças, era que você podia passar. Nathaniel não entendeu aquilo de primeira, mas logo descobriu que teria que pagar um valor a mais para os seguranças para conseguir entrar, e fazer isso discretamente. O homem também aconselhou Nate a esconder a bandana de Konoha, afinal ele não era um Nukenin, o que geraria bastante desconfiança ali dentro. Assim que chegou na boate, Nathaniel pode ver que tinha uma fila enorme ali. Com a bandana dentro do bolso, o carteiro chegou na porta, vendo que os dois seguranças de mais de dois metros de altura e carecas se colocavam na frente dele.

── O final da fila fica lá atrás. ── disse o homem.
── É uma pena. ── ele pegou um bolo de dinheiro do bolso, mostrando para eles. ── Eu queria gastar isso tudo aqui ai dentro, mas talvez não seja possível. ── falou em voz alta. O Grey olhou para a câmera que tinha ali, mostrando o maço de dinheiro que tinha na mão, e segundos depois, a sua entrada fora liberada.

Nathaniel acabou entrando na boate, vendo que várias pessoas dançavam freneticamente ao ritmo da batida eletrônica que tocava, com as luzes piscando de forma quase que psicodélica, enquanto ele passava de um lado para o outro. Definitivamente não queria estar nesse lugar, mas de alguma forma sentia que precisava estar ali. Ativou então sua habilidade sensorial para conseguir decifrar as assinaturas de chakra ali. De repente, ele parou no meio da pista, com os olhos arregalados, ao reconhecer a assinatura de chakra de uma pessoa em específico.

── Kiyoshi. ── mentalizou.

Nathaniel ficou alguns segundos estático, virando o rosto lentamente para um andar superior da boate, vendo Kiyoshi dentro de um camarote, sentado em uma poltrona como se fosse um rei, levantando a mão direita e mostrando o copo de bebida que tinha em sua mão, escancarando um sorriso em seu rosto, brindando algo que Nate não conseguia compreender no momento. Ele fez um movimento inverso quase que de imediato, pronto para sair daquela boate, quando viu um homem de terno e gravata na sua frente, de quase dois metros de altura, com as duas mãos unidas, como um paredão. O Grey olhou para o seu lado esquerdo e viu um segundo homem se aproximando. Era Raijin, um dos Quatro Cavaleiros. Pelo código dos carteiros, aquele era um momento onde poderia vir a defender a sua própria vida usando todos os meios possíveis, até mesmo ativando a Satan Soul e sair voando dali, mas o homem negro rapidamente apontou para o camarote novamente, onde um homem segurava Corinne pelo pulso, mantendo uma kunai em sua mão “livre”.

── Se você não quiser que a garota morra, venha conosco e não faça nenhum movimento brusco. ── ameaçou Raijin, fazendo Nate olhar fixamente para ele por alguns segundos com os olhos carregados de raiva, mas rendendo-se ao colocar as duas mãos para cima e baixá-las. ── Bom garoto. ── o espadachim deu dois tapas de leve em seu rosto, segurando em seu braço.

O carteiro de Konoha foi levado para o camarote por Raijin, que estava cercado de mais dois seguranças. Enquanto subia as escadas que levava a sala VIP de Kiyoshi, Nathaniel olhou para o lado e viu que as pessoas ali na boate estavam tão chapadas e concentradas na batida eletrônica que nem ao menos prestavam atenção que ele estava sendo levado a força para um outro local. Logo que chegou na sala, pode ver Kiyoshi, três caras e diversas mulheres, que bebiam e dançavam ao som da música. O local ali era menos barulhento por conta das janelas de vidro, que abafaram a música, podendo-se ouvir um som ambiente bem baixinho, algo mais melódico, perfeito para interações carnais. Corinne, que antes estava sendo segurada pelo homem, fazia uma cara de assustada, que logo se desfez em um sorriso malicioso, sendo solta pelo homem de terno e gravata, esticando a mão para o Uchiha.

── Minha parte eu já fiz. Trouxe o trouxa até aqui. ── ela esperou receber a recompenas por isso, ganhando um maço de dinheiro na mão. A garota passou do lado de Nate dando um tapinha em seu ombro, saindo rebolando a cintura.
── Puta do caralho. ── sussurrou na hora da raiva.
── Nate, Nate… Pobre Nate. Bem que o seu irmão disse que você é do tipo “Cavaleiro Branco”, que não pode ver uma donzela em perigo que vai correndo salvar. ── Kiyoshi falou rindo. ── Sente-se um pouco. ── Nathaniel ficou parado por alguns segundos, até Raijin pesar a mão sobre o seu ombro e o forçar contra o sofá que tinha ali.
── Você é o criminoso que me mandaram avisar sobre. ── revelou.
── Sim e não. ── respondeu Kiyoshi, tomando uma bebida. ── Na verdade, sim, existe um criminoso de Konoha procurado dentro de Nakashima que entrou nos limites do país faz umas duas semanas, mas essa foi uma informação que eu passei para as forças de Konoha através dos meus contatos, afinal eu sabia que eles não mandariam um carteiro qualquer para essa missão… Eles mandariam o melhor. O grande Nathaniel Grey, o herói de Eichenwalde. Sim, eu leio as notícias. Você sabe que deixou o seu irmão puto da vida, não é? Sua irmã e sua mãe agora só falam de você, de como lutou com os Kages mais poderosos, de como viajou com a grande Angell Hattori? É, você é o orgulho da família agora. Por isso não foi difícil para Abraham indicar você para vir para cá. ── ele sorriu. ── Mas não se preocupe, sua carta chegará ao local da entrega, e o criminoso procurado será preso… Só que não será eu. ── ele bebeu o líquido em seu copo.
── Você conseguiu o que queria, não é? E agora, o que acontece? Você vai me matar, é? ── o Grey olhou para Kiyoshi com ódio.
── Matar você? Eu jamais faria isso. Não sem antes saber o maior dos seus segredos. Veja, antes eu queria você para entender o Caminho das Trevas e o Caminho da Luz dos Greys, para assim entender mais sobre o Caos. Mas de repente, você DESPERTOU o Caos, maior poder do seu clã. Quando Abraham me contou sobre esse poder, eu fiquei fascinado, quase que obcecado com a ideia de ter um pupilo que conseguisse despertar tal poder. Eu tentei persuadir o seu mestre Erasmus a ensinar o meu menino, ou até mesmo nos mostrar o caminho, mas ele era muito forte, capaz de rivalizar até mesmo comigo, mesmo que ele já não esteja em sua melhor forma. Mas você foi capaz de fazer o que o seu irmão não fez. Eu poderia chamá-lo para fazer parte do meu grupo, ser um dos meus Cavaleiros, mas você jamais aceitaria isso, não é? ── perguntou o homem.
── Você sabe bem o que eu vou dizer. ── Nathaniel quase esmagou os dedos de sua mão ao fechar os seus punhos com tanta força que poderia quebrar qualquer coisa que estivesse dentro dela.
── Então você não me deixa escolha a não ser levar você comigo. ── o homem olhou no fundo dos olhos de Nathaniel, deixando-os se tornarem avermelhados por alguns instantes.

No momento em que Nathaniel fitou aqueles olhos com virgulas negras, ele sentiu-se levemente em transe, mas aquilo só durou uns dois ou três segundos, o fazendo ficar tonto por um instante. Quando recuperou a consciência, pode ver Kiyoshi com o coração no peito, olhando para Nathaniel totalmente assustado. Não estava sob efeito de mais nada, mas não conseguia explicar o que tinha acabado de acontecer. Ouviu Raijin tentando acudir o seu mestre, cujos olhos não tinham mais aquelas virgulas negras, e sim estavam em cores heterocromáticas, entre azul e vermelho.

── Que poder… Que energia monstruosa é essa que você carrega? ── ele perguntou assustado, vendo que todos estavam ali para acudir Kiyoshi. Era a hora perfeita para fugir dali o mais rápido possível.
── O poder dos Greys, filho da puta! ── Nathaniel pegou a cadeira de alumínio que tinha ali e segurou com as duas mãos, lançando-a contra a parede de vidro, na esperança de quebrá-la, mas quando ela se chocou contra a parede transparente, a única coisa que quebrou foi a cadeira, caindo no chão toda repartida. Naquele instante, houve alguns segundos onde todo mundo ficou se encarando.

A única reação possível de Nathaniel foi virar o seu corpo para trás e acertar um soco certeiro no queixo do segurança que estava a um metro de distância atrás dele, levando-o a nocaute em poucos segundos. Em seguida, diante do alvoroço que se criou naquele momento, Nate segurou uma outra cadeira e dessa vez arremessou em Raijin, que segurou-a no ar sem nenhuma dificuldade, mas isso foi o suficiente para impedir que o mesmo o perseguisse, enquanto o Grey das Trevas saia pela porta da sala VIP, descendo as escadas depressa. Ele nem ao menos pediu licença para o segurança que fazia a proteção do local no primeiro degrau, o empurrando e o fazendo cair no chão, entrando no meio da pista de dança, passando no meio das pessoas, podendo ver as luzes piscando freneticamente mais uma vez.

Quando estava a uns vinte metros do portão de saída, viu que um segurança careca de óculos e de terno e gravata preto se aproximou, puxando um cacetete de aço do terno. O trabalhador do local foi para cima do carteiro e tentou atacá-lo diversas vezes, mas o rapaz de Konoha apenas dava passos para trás, desviando dos ataques mantendo uma distância segura do homem, mas tomando cuidado para não esbarrar em ninguém. Em um determinado momento, Nate encurtou a distância entre os dois e rapidamente colocou o braço esquerdo abaixo do pulso usado para atacá-lo, bloqueando o ataque, dando um soco na sua barriga com o punho direito, acertando o seu estômago. Em seguida, ele puxou o braço do adversário e usou a força do corpo do mesmo contra ele, o jogando de costas no chão. Logo puxou o seu cacetete do chão, observando um cara cabeludo correndo em sua direção, lançando o objeto em sua mão no ar, vendo-o rodopiar e bater no seu nariz, o fazendo levar as mãos ao rosto para conter a dor e o sangue que saia. O objetivo era somente bloquear o adversário, mas o cacetete tinha sido lançado com tanta força que atordoava o homem. Nathaniel, aproveitando-se da situação, deu um tiro de uns dez metros, não usando de muita velocidade, pulando em suas costas e ganhando impulso, dando uma cambalhota no chão quando chegou no ponto mais baixo, ficando em frente a porta, onde um homem - se é que poderia chamá-lo assim - ficou na frente da porta.

── Que porra é essa? ── era um homem enorme, de mais de 2,10m, com uma barriga enorme, e uma máscara no rosto. Ele segurava um taco de baseball enorme, que poderia esmagar uma pessoa com um golpe. Não teve muito tempo para pensar, sentindo os seus olhos ganharem mais energia conforme concentrava o seu chakra em suas orbes. Elas ficavam de uma coloração roxa, acertando um raio de plasma no peito do homem, com força o suficiente para lançá-lo para trás e arrombar os portões da boate e cair em cima dos seguranças que decidiam quem entrava e saia dali. Nathaniel apareceu logo atrás, vendo o pessoal na fila olhá-lo assustado. ── O patrão ficou maluco! Entrada liberada pra todo mundo! ── bradou do nada, vendo a excitação do pessoal, que passou a entrar no local em bando, atrapalhando os seguranças que estavam decididos a persegui-lo. Aproveitou então daquela chance para sair fugido dali, ganhando as ruas e correndo para a sua base.  

[...] Nathaniel voltou para a sua casa irritado com toda aquela situação, caminhando com passos duros até o seu pequeno quarto de hotel, esperando a porta de vidro se abrir para entrar. Logo que deitou na cama, sentiu algo em suas costas, vendo a televisão ligando sozinha. Ele puxou um controle de LED da cama, vendo a TV e observando as notícias da madrugada, onde via que o incidente na boate estava sendo noticiado, com alguns objetos estranhos parecidos com charretes elétricas (exceto que não tinham cavalo) cercando o local, onde homens com armaduras e armas tecnológicas interrogavam as pessoas ali. Mas não era aquilo que incomodava o carteiro, e sim as palavras de Kiyoshi sobre ele se comportar como um Cavaleiro Branco, fissurado em salvar garotas em perigo. O dono da barraquinha tinha lhe avisado sobre a possibilidade dele se dar mal com aquilo, mas ele ignorou tudo.

── Puta que pariu, toda entrega de carta dá uma merda! ── ele disse, apertando os próprios punhos, sentindo o objeto na sua mão quebrar de repente, soltando uma leve faísca ao ser apertada. Ele se lembrou mais uma vez das palavras de Kiyoshi e de repente jogou o controle quebrado contra a televisão, a destruindo. ── Eu não sou a porra de um cavaleiro branco! ── bradou, ouvindo alguns chiados, e pessoas esmurrando a parede do seu quarto reclamando do barulho. Isso o fez levar a mão ao rosto, sentindo que precisava descansar imediatamente, ou acabaria surtando. Mas seria aquele lugar seguro para ele?

A noite de sono de Nathaniel Grey tinha sido um pouco mais difícil do que ele gostaria. Primeiro, tinha ido deitar bem tarde e ainda sentia a adrenalina correndo pelo seu corpo, principalmente por conta das palavras de Kiyoshi que penetravam em sua mente. O Grey acabou acordando de tempos em tempos, assustando-se com qualquer coisa que acontecia. Quando levantou, não estava com a cara muito boa, mas arrumou-se e foi fazer o Check-out na recepção, pagando uma quantia a mais de indenização pelos aparelhos quebrados. Assim que terminou de pagar tudo, ele procurou a recepção para tomar um café balanceado, abusando dos ovos e do bacon, tomando um suco de laranja. Depois disso, ele pediu indicações dos funcionários de como fazia para chegar na delegacia de polícia da cidade, não indicando exatamente o porquê de querer ir para lá. Com todas as informações na sua mente, o carteiro saiu do hotel e foi para o que eles chamavam de estação metroviária. Segundo as informações que recebeu, ele teria que pegar um metrô para o centro da cidade, e saltar em onze estações, na Estação Midtown. A promessa era de uma viagem rápida até o local, afinal o veículo era descrito como extremamente veloz e seguro.

Logo que Nathaniel chegou na estação, notou algumas pessoas esperando pelo tal metrô, mas sem uma fila formada. De repente, um homem parou não muito longe de Nate, usando um uniforme azul-marinho, olhando algumas vezes para Nate, que logo reparou que estava sendo observado. Não demorou muito e mais dois caras pararam atrás dele, fazendo o Grey virar o rosto lentamente para o lado e perceber a movimentação e a troca de olhares. No primeiro momento, ele só achou estranho, mas quando entrou no metrô que tinha acabado de chegar e abrir as portas, e os caras entraram junto, além de se sentarem próximos a ele, Nathaniel achou ainda mais estranho. O carteiro ficou batendo com a mão sobre a coxa lentamente, mantendo a respiração controlada, reparando que um dos caras ficava olhando para ele fixamente. De repente, quando chegou em uma estação posterior, outros dois caras com os mesmos uniformes que os outros entraram também. Um deles ficou de pé, segurando na barra de ferro colada ao teto do metrô. Nathaniel ficou com a mão no sobretudo, olhando para o cara.
── Com tanto lugar vazio pra você sentar, você resolveu ficar em pé, é? - perguntou o Grey. ── perguntou com um tom que ele julgava ser de ironia.
── Faz bem pra circular as pernas. Ficar sentado muito tempo deixa a gente preguiçoso, e previsível. ── o cara de pé, que usava uma toca na testa, falou em um nível de deboche que Nathaniel não conseguia compreender.
── Sei… ── foi tudo o que disse o carteiro.
── Escuta, quando chegarmos na próxima estação, nós vamos levantar e sair por aquela porta, ok? ── ele disse, e os caras que se vestiam igual a ele olharam para Nate, que virou-se para trás para se certificar disso.
── É… Não, acho que não. Minha estação vai demorar um pouco pra chegar. ── avisou sem muito rodeio.
── Na verdade, não vai não. ── ele mostrou um objeto de ferro em sua cintura, que parecia ser uma arma, afinal algumas pessoas ali se assustavam.
── Você quer apostar? ── desafiou Nate, mantendo um sorriso provocador no rosto. ── Você acha que vocês são os primeiros babacas a tentarem me impedir de cumprir a minha missão? É melhor irem embora, enquanto estão respirando. Não venho trazer o caos, mas irei usar de todos os meios possíveis para me defender… Mesmo que eu tenha que manifestar o caos. ── seus olhos se tornaram vermelhos por leves segundos, manifestando, da forma mais sutil, o chakra do Caos.
── Que filho da puta… ── o cara de pé deu uma risada, coçando o nariz.

Olhando o homem mexer as mãos, Nathaniel interpretou aquilo, baseado em suas missões anteriores, uma tentativa clara de atacar. Isso o fez puxar as Chakura To instintivamente, no instante em que o homem puxava aquele objeto de ferro da sua mão, pronto para apertar o gatilho. Com um golpe rápido, Nate passou a lâmina da sua soqueira em seu pulso, o fazendo largar a arma no chão, dando um chute com a perna esquerda em seu peito, jogando ele pra longe e o levando a deslizar no chão, causando pânico nas pessoas. Ao olhar para trás, viu que os outros caras se levantavam. O jounin de Konoha partiu para cima deles, socando o rosto do primeiro na bochecha com um cruzado potente de esquerda, o fazendo cair num banco vazio, socando a costela canhota do segundo, seguido de uma cotovelada no seu queixo que o fez desmaiar. O terceiro adversário, um homem mais alto, foi mais rápido e o segurou pela gola do sobretudo, usando da sua força para o jogá-lo contra a janela, chocando suas costas nela, para o desespero das pessoas que pediam para eles pararem de brigar. O mercenário socou duas vezes o rosto do Elfo com a mão direita, mas o mancebo de madeixa preta foi capaz de bloquear o terceiro soco, dando uma cabeçada em seu nariz, forte o suficiente para afastá-lo, saltando e cravando as Chakura Tô no teto, pegando impulso e chutando o seu peito com as duas pernas, jogando-o contra o que tinha apanhado primeiro, que estava se levantando lentamente. Nate logo puxou as armas de volta, se colocando em posição de combate. Foi quando sentiu algo tocar a sua nuca, o jogando no chão imediatamente, causando-lhe uma paralisia que não tinha como controlar. Seu corpo sofria uma descarga elétrica causada por um rapaz baixinho, que dava um sorrisinho ao vê-lo no chão, chutando o seu queixo, o levando a nocaute.

Quando Nathaniel acordou, ele percebeu que estava em um lugar que parecia um salão médico, mas pelos instrumentos e objetos presentes no ambiente. Estava com os braços e pernas amarrados, olhando para o lado e vendo que Kiyoshi estava em uma cadeira de rodas, olhando para Nate como se olhava para uma anormalidade. Um homem de cabelo branco, baixinho, na faixa dos sessenta anos e com um jaleco branco, analisava um aparelho que mostrava alguns dados em sua prancheta. Imediatamente o senhor foi até Kiyoshi, que era amparado por Raijin, que ficava ao seu lado.

── Me conte tudo o que conseguiu descobrir sobre ele, doutor. ── pedu Kiyoshi.
── Nós tentamos de todas as formas coletar o seu DNA e sintetizar a Kekkei Genkai do Plasma, senhor, porém toda vez que tiramos um pouco do seu sangue, a energia contida nela parecia… Poluída. Parecia que tinha algo misturado com a sua Kekkei Genkai, algo extremamente sombria e também muito poderosa. Buscamos em nossos dados todas as variadas energias que já coletamos e pesquisamos, mas demorou muito para chegarmos a um resultado final, até que nos deparamos com uma possibilidade assustadora. Resumidamente, Kiyoshi-sama… Parece que essa energia profunda e sombria do que a sua Kekkei Genkai… Provém das células de uma bijuu. ── no momento em que ouviu a explicação do cientista que nem sabia o nome, Nathaniel ficou confuso. Nunca havia tido contato com nenhuma célula de bijuu nenhuma, ou havia?

“Eichenwalde…” O nome do país dos Hikaris ecoou na mente do carteiro, o fazendo lembrar do momento em que recebeu o poder vindo do martelo de Angell, mas que Opus conseguia usar. Ele não tinha explicado muito bem o que era, e naquele momento, Nate não sabia nem ao menos o que dizer (ou fazer). Kiyoshi acabou dando uma risada bastante sarcástica, algo que o Jounin de Konoha não conseguiu captar. Até mesmo os seus aliados ficavam confusos diante da cena, fazendo o Grey semicerrar os olhos.

── O que foi agora, hein? Dá pra me soltar nessa porra? ── perguntou Nate, tentando parecer irritado com aquela situação. A verdade é que sabia como sair dali, mas precisava saber mais o que estava acontecendo.  Kiyoshi moveu-se com a cadeira de rodas para perto de Nathaniel, sendo acompanhado por Raijin.
── Quando eu penso que você não pode me surpreender mais, você vai lá e dobra a aposta. Você superou e muito o seu irmãozão agora! Quando ele souber desse poder que você ganhou, ela vai ficar com tanta raiva… Aparentemente, você está tomando tudo para si, e isso está deixando Abraham fora de controle. E isso é muito bom para mim. Agora eu sei que ele vai fazer de tudo para ficar mais forte, nem que para isso ele tenha que tomar tudo de você para ele. ── sussurrou, dando dois tapinhas em seu rosto. ── A questão agora é: o que fazemos com você, Natezinho? Você se provou valioso demais para ser morto assim, do nada, e nesse momento, não consigo entrar na sua mente para controlá-lo, e você não se juntará a mim de livre espontânea vontade, mesmo que isso signifique possuir riquezas, poder e mulheres como você nunca viu na sua vida. Mas você é bobo e prefere viver agarrado a sua vingança pessoal, então… ── ele se levantou com dificuldade. ── Então eu tive uma ideia muito boa: iremos usar das tecnologias mais avançadas de Nakashima para destruir as suas memórias, e implantar algumas novas em sua mente. ── revelou.
── Como é que é? Que porra é essa? ── perguntou preocupado.
── Não se preocupe quanto a isso. Você não vai ficar pancado da cabeça ou coisa do tipo, mas vai acreditar em mim como o seu salvador, alguém que lhe deu um propósito maior do que qualquer outra pessoa. Eu serei o seu Sol, Nate, e a primeira coisa que faremos é descobrir mais sobre esse poder oculto que você carrega, e te deixar mais forte. Depois… Bem, depois iremos capturar toda a sua gangue. ── avisou com um sorriso macabro, até que sentiu um aperto no peito, voltando a se sentar na cadeira.
── Parece que o Sol está se apagando aos poucos, não é? O que está havendo com você? Está passando dessa para melhor? Seus planos podem não durar muito tempo. ── Nathaniel começou a debochar do Uchiha, quando Raijin agarrou o seu pescoço e começou a enforcá-lo. O Grey pensou em sair dali naquele momento, mas percebeu que havia a oportunidade de descobrir mais sobre Kiyoshi.
── Pare! ── Kiyoshi deu a ordem, segurando o braço do homem negro, respirando de forma ofegante, recuperando o fôlego aos poucos.── Você tem razão... Eu estou morrendo. Eu usei o poder do meu clã por tempo demais, e isso me custou caro, e tentar prolongar o uso dele através de remédios e outras drogas só piorou o meu quadro. É por isso que eu busquei saber sobre o poder do Caos. ── informou o homem.
── Está perdendo o seu tempo com isso, otário! O Caos é uma habilidade exclusiva dos Greys, e é extremamente difícil despertá-la. Sabem quantas pessoas despertam isso? ── o carteiro falou com orgulho ao lembrar do seu feito, mas pensando em como Kiyoshi poderia usar daquelas informações, ou pior, do seu poder.
── E eu não sei disso? Eu enviei Abraham a Silvermoon para falar com aquele arrogante do Erasmus e pedir que ele ensinasse pro meu menino o segredo para despertar o Caos, mas ele se recusou, alegando que Abraham não estava pronto. Mas Abraham conhecia uma parte da lenda, que falava sobre a união do poder da Luz e da Escuridão. O plano primário era simplesmente coletar o seu DNA e juntar com o de Abraham, e então tentar recriar o poder do Caos, mas com você tendo despertado, eu não preciso do Abraham não é? ── ele olhou nos olhos de Nathaniel. ── Tudo o que eu preciso é que você mostre o caminho certo, e quando eu tiver informações do Poder da Vontade e o seu DNA em meu corpo, eu recuperarei o meu poder absoluto e nada conseguirá me deter. ── disse com esperança.

O plano de Kiyoshi era, no mínimo, insano. Adquirir o poder do Caos através do transplante de células Grey parecia, pelo menos na cabeça com quase nenhum conhecimento científico de Nathaniel, impossível, porém, somente o fato dele cogitar isso e usá-lo para isso o deixava temeroso e ao mesmo tempo irritado. Sabia que precisava ganhar algum tempo se quisesse sair dali.

── Essa energia que está dentro do meu corpo… Me conta mais sobre ela. ── pediu Nathaniel, olhando para o cientista. O senhor, no primeiro momento, não respondeu nada, apenas olhou para Kiyoshi, que assentiu com a cabeça.
── O poder que reside dentro do seu corpo está além da sua conta, garoto. A maioria das pessoas que entram em contato com essa força e não a domina acaba mudando gradativamente, até todos os resquícios de sua humanidade desaparecerem. Essa energia irá mexer com você, com cada parte de você, desde a sua personalidade, até mesmo a sua força, para o bem e também para o mal. Se você não dominar esse poder, estará colocando a si mesmo e até as pessoas ao seu redor em perigo. ── o cientista respondeu.

Num momento de distração, Nathaniel usou a sua força para erguer os seus braços e quebrar as correntes que o segurava, dando um salto da cama onde estava preso e pulando para um dos cantos daquele grande laboratório, alarmando Raijin e o cientista que ajudava o criminoso de Konoha Kiyoshi. O espadachim logo puxou a sua espada e a rodopiou por alguns segundos, causando um grande clima de tensão naquele ambiente.

── Você tem um senso de humor muito bom, Kiyoshi, ou é muito burro por cogitar a possibilidde de eu te dar qualquer informação. Mas eu vou facilitar as coisas vocês, aqui e agora: rendam-se pacificamente, ou sofrerão as consequências dos seus atos criminosos no pós-vida. ── sentenciou o Grey, rapidamente se colocando em posição de combate. ── Eu não preciso de você para treinar as minhas habilidades ou para descobrir qualquer coisa. Posso muito bem fazer isso sozinho. ── ele avisou.
── Sua prepotência só não é maior do que a sua tolice, Nathaniel. Está escolhendo o lado errado dessa guerra, garoto. Ryuuzaki não é bem a pessoa que você pensa. ── disse parecendo um rei sentado num trono, mas em sua cadeira de rodas. ── Ele cria histórias mirabolantes para aqueles que o cerca só para manipulá-los, assim como ele faz com você. ── garantiu o Uchiha.
── Não muito diferente de você. ── respondeu de maneira ríspida. ── Seu tempo acabou, Kiyoshi, aqui e agora! ── os seus olhos ficaram numa coloração roxa.
── Eu acho que não. ── Raijin fez um sinal, e as portas das salas se abriram, revelando pelo menos dez mercenários com armaduras pretas que rapidamente se colocaram em guarda, usando um bastão que disparava pequenos feixes elétricos das pontas.

Nathaniel ficou olhando para os lados, sem saber o que fazer. O nervosismo começou a tomar conta dele ao ouvir as risadas macabras de Kiyoshi, que foi retirado dali pelo cientista. Um dos mercenários foi para cima de Nate, tentando colocar a sua tonfa elétrica no corpo do Grey, que rapidamente segurou a arma do homem com a mão direita e usou o seu braço esquerdo para torcer o do mesmo, quebrando o inimigo, chutando a batata da sua perna e o fazendo cair de joelhos no chão, encostando a tonfa no pescoço do inimigo. Por mais que ele estivesse de armadura, a eletricidade atingia o seu corpo e o paralisava. O carteiro segurou em seu ombro e usou de sua força total para jogá-lo contra um dos inimigos.

Ao ver que havia um inimigo bloqueando a porta, Nathaniel se preparou para usar o seu raio de plasma contra ele, mas um dos inimigos puxou uma arma tecnológica e apertou o seu gatilho, disparando umas cordas com uns ímãs que encostava em suas costas, gerando uma descarga elétrica que o fazia cair no chão. A força dela não era equivalente a um jutsu Raiton, mas ainda assim limitava os seus movimentos. Quando o Jounin de Konoha começou a se levantar com dificuldade, um segundo mercenário realizou o mesmo movimento, acertando mais fios elétricos nele. Caído de joelhos, Nathaniel experimentava uma enorme dificuldade de se locomover, gerando-lhe sensações de pavor que não conseguia controlar. Ele rugia usava de toda a sua força para se erguer e sair dali, para não ser uma marionete nas mãos de Kiyoshi. Outros mercenários vieram e seguraram os seus braços, tentando puxá-lo para a cama novamente, alguns até mesmo batendo com os cacetetes em suas costas.

── ME SOLTEM, SEUS FILHOS DA PUTA! EU NÃO VOU SERVIR AOS PROPÓSITOS DE NINGUÉM, NUNCA MAAAAAAAAAAAAAAAAAAIS! ── ele gritou, se remexendo no meio daquelas pessoas. O seu corpo passou a doer de uma forma que nunca tinha sentido antes, o fazendo gemer por conta das pontadas que sentia por todo o corpo. Foi quando uma energia alaranjada passou a surgir e envolver o seu corpo lentamente. Seu rosto ia adquirindo uma forma animalesca, como a de um monstro, ainda que não tivesse utilizando-se da Satan Soul, assim como a sua força ia aumentando. Ele foi se levantando aos poucos, utilizando-se dos cotovelos para atingir os seus inimigos. Um chakra avermelhado, quase laranja, começou a emanar do seu corpo, fazendo os mercenários caminharem para trás.

── Que tipo de poder é esse? ── perguntou Raijin, com as mãos trêmulas, quando Nathaniel subitamente virou o rosto na direção dele. Não era só ele que estava com medo: os mercenários viravam os seus rostos um para o outro, trocando olhares e procurando por respostas sobre o que deveriam fazer.
── Eu não sei que poder é esse… Mas é forte, bem forte… ── ele ficou olhando para as duas mãos. Sentia a mesma sensação de quando ativava o Selo Amaldiçoado ou a Satan Soul. ── Quer ver como ele é bom, Raijin? Eu posso te mostrar. ── Nathaniel falou com um sorriso demoníaco em seu rosto.

Nathaniel sentiu que a transformação estava completa quando toda aquela energia avermelhada passou a ser como uma aura de chakra num tom vermelho mais claro do que a força do Caos. Seus olhos se tornavam avermelhados, como a de um monstro. Ele sentia-se mais rápido e mais forte, mas para ele, aquilo não era o suficiente. Precisava de mais poder, muito mais, por isso ele ativou o Selo Amaldiçoado em seu primeiro nível, fazendo com que a marca espalhasse listras negras por todo o seu corpo. Naquele momento, o único desejo de Nate era exterminar todo mundo que estava lá dentro, e assim chegar até Kiyoshi. Desesperado, Raijin correu para um dos tubos verticais que tinha ali, parando dentro dele, vendo a porta de vidro fechar, apertando alguns botões lá dentro, colocando uma armadura preta e laranja em seu corpo de forma quase que automática, ganhando até mesmo um capacete, tudo isso enquanto os mercenários ficavam apontando as suas armas para ele.

── Parece assustado, Raijin. Sem sua névoa ou sem o seu chefe, você não consegue se garantir sozinho, não é? ── Nate disse ao ver o homem saindo do t ubo.
── Você fala demais, sabia, garoto? Vamos ver se você é isso tudo. ── disse sacando a sua espada.

Raijin fez um sinal para um dos mercenários de armadura preta a oito metros de distância dele atirar com a sua pistola contra Nathaniel, mas o mesmo usou de toda a sua velocidade para aparecer na frente do homem e tomar a sua arma, jogando-a longe e segurando o seu pescoço, apertando-o com toda a sua força para torcê-la. O corpo do inimigo ficou mole em sua mão, permitindo que ele o lançasse contra outro capanga de Raijin, mas com mais força do que realizou anteriormente. Aquilo gerou um clima ainda maior de tensão no local, pois os bandidos acabaram percebendo que já não davam conta de deter o Grey.

── Vamos recomeçar a luta. ── avisou Nate, pegando a perna da cama e a puxando com força, lançando-a contra dois mercenários mais distantes, os deixando nocauteados por alguns segundos. Um dos adversários mais próximos tentou golpeá-lo com o seu cacecete elétrico, mas o Grey conseguia prever os seus movimentos usando a sua agilidade, desviando dos golpes ao abaixar-se para evitar que a arma do homem atingisse o seu rosto. Acabou segurando o seu braço antes que ele atingisse a sua cabeça, socando a sua costela canhota com o punho direito, quebrando-a numa porrada só, o fazendo cair no chão agonizando de dor. Depois disso, ele chutou a sua barriga e o fez deslizar até Raijin.

O homem negro caminhou até Nathaniel, que se colocou em guarda erguendo os dois braços com as mãos fechadas, vendo ele realizar os seus primeiros movimentos com a sua espada, colocando os dois braços em suas costas, unindo as duas mãos, e jogando o corpo para trás, desviando de alguns dos seus golpes, até mesmo movimentando o tronco de forma a não ser golpeado por sua espada. Nathaniel acabou batendo com o ombro direito em sua barriga quando percebeu um movimento errado do inimigo, seguido por um soco bem forte em seu rosto que fez Raijin cambalear, balançando a cabeça e voltando a tentar atingir Nate com a sua arma, mas com movimentos menos habilidosos e mais desesperados, mostrando que tinha sentido o último golpe. Com a sua velocidade e força melhorados, Nathaniel conseguiu dar um tapa bem forte no braço do inimigo, o fazendo soltar a espada. Então ele usou as duas mãos para empurrar Raijin contra o tubo eletrônico que parecia equipar pessoas, o destruindo imediatamente.

No meio do caos, Nathaniel apalpou a parte de trás da sua cintura, percebendo que estava sem as suas armas. Olhou para os cantos e viu a sua bolsa ali, caminhando até ela, quando um mercenário quase acertou o seu rosto com o cacetete, precisando recuar um passo. Com um chute, Nathaniel o fez bater contra a parede, quebrando os ossos das costas no processo. O Grey conseguiu se equipar novamente, olhando para trás e vendo Raijin se recuperar e se colocar em guarda. O Cavaleiro de Kiyoshi fez um sinal com a cabeça para os mercenários sairem do recinto.

── Você estava melhor com os seus capangas aqui dentro. ── avisou Nathaniel, com desejos assassinos bem claros. Os pensamentos que pairavam em sua mente estavam além do seu controle, mas ele ainda não tinha percebido isso.
── Aqueles caras só me atrapalhavam. ── ele deu um chute no cabo da espada, fazendo ela se erguer e girar em pleno ar, agarrando a arma com a mão destra, e puxando cinco shurikens com a esquerda, lançando-a contra Nathaniel, que correu para a sua esquerda, e assim as armas atingiram a parede. Usando a sua mão canhota para realizar selos manuais, lançando uma rajada de vento que atingia o Grey, o fazendo girar no ar e atingir a parede. ── Você pode ter todo o poder do mundo, mas ainda é um moleque idiota que não consegue se controlar. É por isso que você vai perder. ── o espadachim negro colocou-se em posição de guarda, com a sua espada para cima.

O carteiro de Konoha foi se levantando com dificuldade, mas logo colocou as duas mãos no chão, rosnando para Raijin, que ficou assustado com a sua reação. De repente, o Grey partiu para cima do seu adversário correndo de forma quadrúpede, até chegar perto o suficiente do espadachim, o agarrando pela cintura e o jogando no chão, socando o seu rosto várias vezes, tendo o seu rosto protegido pelo capacete. O objeto se abriu e Raijin cuspiu uma esfera de vento que jogou Nathaniel para cima, o fazendo rodopiar no ar, mas ainda assim, conseguiu cair de pé.

── Eu não vou matar você, mas acredite em mim, farei com que você me implore pela morte. ── ele apertou um botão em seu pescoço, retomando o seu capacete. Ele banhou a sua espada com chakra e lançou diversas lâminas de vento contra Nate, que começou a correr incessantemente e dando voltas ao redor do inimigo, parando em uma determinado momento e dando um salto contra as suas costas, tentando acertá-lo com uma ombrada, mas Raijin era mais rápido e dava um mortal para trás, fazendo o Grey passar por baixo dele, olhando para o adversário e dando um sorriso macabro, pegando o cavaleiro de Kiyoshi de surpresa.

Um movimento rápido era suficiente para Nathaniel “grudar” as mãos no chão, ficando um pouco abaixo de Raijin, dando um chute em suas costas, o lançando para cima, levando-o a bater no teto. O guerreiro caiu no chão com a armadura um pouco danificada, tirando o seu capacete para recuperar o fôlego e tentando se levantar aos poucos, vendo o Grey se aproximando em passos lentos e logo agarrando o seu pescoço, o prendendo contra a parede. Estava desnorteado, e não conseguia sentir as suas pernas, entrando em pânico. Raijin então testemunhou os olhos do carteiro ficando roxos, e um raio de plasma ser disparado dos seus olhos contra o local onde ficava o seu coração, entrando em contato com a sua armadura, mas não a penetrando de imediato, afinal a resistência daquela armadura era alta. Porém, quanto mais aquele raio era usado, mas quente a área ficava, ao mesmo tempo em que Raijin tentava sair dali, batendo de forma fraca contra os braços de Nate, que usou o braço direito para segurar em seu pulso esquerdo e o prender contra a parede. No meio daquele ato, Nathaniel soltou um rugido sombrio, ecoando por toda a sala, até que a energia roxa destruiu uma parte da sua armadura, conseguindo atingir o corpo de Raijin e explodindo o seu coração no ato. Cheio de ira, Nate testemunhou o corpo do espadachim cair sem vida no chão, respirando profundamente e de maneira ofegante, balançando os ombros, virando o rosto para trás. Ele foi até a mesinha onde as suas coisas tinham sido deixadas (seu sobretudo e sua bolsa de cartas), trajando-as e conferindo se a sua carta ainda permanecia ali.

O jounin caminhou até a porta lentamente, observando ela se abrir sozinha, dando de cara com um corredor e seis soldados segurando armas de calibre pesado, prontos para atirarem nele. Utilizando apenas um movimento com o dedo, Nate conseguiu paralisar todos aqueles homens ao ativar o Kanashibari no Jutsu, podendo ver aqueles homens tentando se mexer e falhando miseravelmente, entrando em pânico. O mancebo de madeixa negra sacou as suas Chakura Tô imediatamente para então cortar as gargantas de todos os adversários, usando de toda a sua velocidade e força para isso. Vendo aquelas poças de sangue no chão, o desejo assassino de Nathaniel subia cada vez mais. Se Kiyoshi achava que poderia capturá-lo e fazer o que bem entendesse com o seu DNA, ele estava muito enganado. O Grey foi caminhando pelos corredores, mas sem encontrar ninguém no seu caminho, e as pessoas que corriam de um lado para o outro eram civis, não tendo nada a ver com a sua cruzada. Porém, dentro de si havia um desejo de machucá-los também, o que o deixava tonteado e até mesmo um pouco confuso. Não podia sair atacando as pessoas ao seu redor, ou podia? Acabou saindo daquele laboratório, caminhando pelas ruas de Nakashima com a energia lhe envolvendo, chamando a atenção das pessoas ao seu redor, que ficavam assustadas com a sua energia e com a sua aparência sombria.

De repente, Nathaniel percebeu que dois objetos voadores que pareciam veículos se aproximavam, disparando faróis de luz contra ele, expondo-o no meio da multidão. Uma voz vinda de um microfone ordenava que o Grey permanecesse parado e colocasse as duas mãos na cabeça, depois se ajoelhasse, mas o garoto resolveu correr para bem longe daqueles faróis, passando pelas pessoas que acabavam saindo da sua frente para não serem atacadas. Os veículos vinham em sua direção, acima do solo, perseguindo-o em alta velocidade. Ele acabou partindo para o meio da rua, quando um veículo todo amarelo com um letreiro acima dele freou bruscamente, fazendo outros pararem também.

── QUER MORRER, CARALHO!? ── gritou o cara dentro do veículo, fazendo Nathaniel sair correndo no meio de todos aqueles objetos.

Aqueles prédios com todos aqueles letreiros luminosos confundiam a cabeça de Nathaniel, sentindo-se como um animal primitivo no meio de todas aquelas pessoas, coisa que aumentava ainda mais os seus sentimentos negativos. Odiava sentir-se deslocado, fora da realidade. O carteiro continuou correndo até ver o que era uma estação de metrô, que era a coisa mais próxima daquilo que ele chamava de realidade. Sem pestanejar, o rapaz acabou pulando a catraca, vendo alguns seguranças correndo na sua direção. Mesmo assim, o mancebo conseguiu entrar em um dos metrôs, cujas portas se fecharam antes que os segurança conseguissem entrar, dando partida e seguindo o seu caminho. O jovem Grey ficou parado por alguns segundos, recuperando o fôlego, quando olhou ao seu redor e percebeu o olhar de pânico nas pessoas ao seu redor. Olhando o próprio reflexo no vidro, Nathaniel conseguiu ver o monstro que tinha se tornado ao acessar aquele poder. Quantas vezes mais teria que se tornar uma criatura sombria para obter mais poder? No fundo, Nate odiava tal sina, mas o pior mesmo era ver aquelas pessoas olhando para ele, cheios de medo. Ele estendeu as mãos em rendição, mas o seu simples movimento já fez algumas pessoas gritarem e crianças se encolherem nos braços dos pais.

── Se acalmem, por favor! Eu sei o que todos vocês estão pensando. Vocês vêem a minha cara, a energia ao meu redor, e pensam que eu vou fazer alguma coisa ruim. Eu sou um ninja de Konoha, um carteiro... Minha missão aqui é alertar esse país sobre um criminoso que está aqui dentro. Eu não sou um monstro, eu-. ── ele estava tentando acalmar as pessoas, quando viu a jovem Corinne em um dos pontos, trêmula, segurando um objeto acoplado ao seu fone de ouvido. Aquela garota tinha conseguido arrumar muitos problemas para Nathaniel, levando-o a boate ao enganá-lo com palavras falsas.

Um silêncio ensurdecedor pairou sobre o ambiente, até que Nathaniel começou a caminhar lentamente em sua direção, vendo as pessoas se afastando dele. O desejo assassino estava latejando em sua mente, mas de alguma forma, Nathaniel resistia ao seu desejo, mesmo que a expressão em seu rosto dissesse o oposto. De uma forma ou de outra, iria acertar as contas com ela.

── Por favor, eu não podia dizer não para eles… Não me machuca, eu imploro! ── pediu a garota de cabelo verde, colocando as duas mãos para frente, mas Nathaniel estava determinado. Quando chegou perto o suficiente dela, ele estendeu a mão esquerda na sua direção.

Nathaniel alcançou o aparelho que Corinne segurava, e então o pegou suavemente, com a moça lhe entregando de livre espontânea pressão, acreditando que aquilo era o suficiente pagar a sua dívida. O garoto puxou os fones de ouvido dela e colocou nos seus, tentando aprender como se mexia no objeto que ela tinha. A garota, ainda trêmula, o instruiu a trocar de música apertando um dos botões, e pausar apertando o botão do meio. Ele começou a escutar algumas músicas, sentando no chão e encostando as costas na parede, acalmando-se aos poucos, tomando o controle sobre as suas emoções aos poucos, a ponto de abraçar

── Obrigado. ── foi o que ele sussurrou para Corinne, quando uma das portas do metrô foi acionada, e dois caras com armaduras preta e laranja com propulsores entraram no recinto, dessa vez portando espadas. Todo mundo ficou ainda mais acuado, principalmente quando as portas fecharam. Aqueles soldados não pareciam dispostos a simplesmente capturá-lo. ── Essas pessoas não tem na a ver com isso! Uma luta aqui pode ferir pessoas inocentes! ── avisou a eles.
── Olá, senhores, segundo o nosso regulamento, não é permitido portar armas brancas e de fogo em nossos metrôs! ── Sayuri, o holograma feminino, apareceu na frente dos três, avisando-os sobre isso.
── Por que não falou essa porra antes de eu ser sequestrado por uns malucos arrombados!? ── perguntou Nathaniel.
── Sayuri, abra os portões ou vai acontecer uma carnificina aqui! ── Corinne gritou, até que uma porta abriu atrás do Grey.

Nate olhou para trás e rapidamente correu em direção a porta, escalando uns degraus de escada e acabando por ficar em cima do metrô. Quando ele tirou um dos pés do objeto metálico, o seu corpo foi jogado para trás automaticamente com a força do vento e da gravidade, o fazendo entrar em desespero. Por sorte, ele conseguiu colocar a mão esquerda no trem, grudando-a com o seu chakra, literalmente, com isso, ele pôs a outra mão e os seus pés. Seu chakra avermelhado e o selo amaldiçoado ainda emanava em seu corpo, e aqueles mercenários surgiam em seus propulsores.


Uma música que Nathaniel não conhecia começou a tocar em seu fone de ouvido, e ele guardou o seu aparelho de música no bolso. Com os seus pés grudados no chão, o Grey respirou fundo, unindo as suas mãos em uma só, e depois se colocou em posição de batalha, vendo um dos inimigos pousar em cima do metrô a vinte metros de distância com uma arma de fogo, se mantendo contra o vento. O mercenário atirou uma pequena esfera laser amarela uma vez, e o carteiro conseguiu desviar jogando o corpo para trás. Ele foi sentindo o ritmo da música, balançando os braços, fazendo o inimigo estranhar por uns segundos, mas logo Nate lhe deu um sorriso. Sempre mantendo um dos pés em cima do metrô, Nate foi ziguezagueando em direção ao adversário na sua frente, que atirava impiedosamente contra ele, mas logo o Grey o empurrou com toda a sua força quando chegou o suficiente dele, o fazendo ser lançado para longe.

── FILHO DA PUTA! VOCÊ MATOU O MEU MESTRE! ── gritou um homem no alto, fazendo Nathaniel olhar para o alto e ver alguém se aproximando.

Um segundo soldado de armadura apareceu atrás dele, buscando atacá-lo com golpes de espada, pronto para matá-lo. Era um rapaz negro e jovem, dessa vez sem um capacete. Parecia lutar com muita raiva, pois toda vez que realizava um movimento, ele soltava um grito. Em um determinado momento, o mesmo buscou fincar sua espada em sua barriga, mas Nathaniel movimentou o lado esquerdo para trás tempo o suficiente para a lâmina passar um centímetro perto dele, cortando a sua roupa. O Grey conseguiu segurar o cabo da sua espada, dando uma cabeçada no seu queixo, o tonteando por alguns segundos, o suficiente para tomar a espada dele, jogando-a para longe. Depois, deu três socos em seu rosto, e um quarto na sua barriga, o fazendo cair de joelhos no chão. De repente, outros seis homens vestidos iguais a ele apareceram: dois voando com armaduras com propulsores, e outros cinco em cima do metrô.

── Tu vai morrer, desgraçado! ── gritou o rapaz.
── Você vai primeiro do que eu! ── avisou, chutando o seu queixo com o pé direito com toda a força, vendo o seu corpo cair dos trilhos do trem e despencar em direção a uma morte inevitável.

Nathaniel rapidamente realizou selos manuais em extrema velocidade, mostrando as suas duas mãos, fazendo com que energias rubro-negras se formulassem nas palmas delas. Ele lançou um contra o que estava a cinco metros na sua frente, destruindo a sua armadura instantaneamente, uma vez que ela não resistia ao poder do Caos. Ele olhou para trás, a uns vinte metros de distância, um dos inimigos tinha um machado e caminhava lentamente, enquanto os outros atiravam em Nate, que dava algumas cambalhotas para frente, sempre garantindo que estava com o corpo no trem, lançando mais duas esferas de energia na direção de dois inimigos, derrubando-os do céu. Os inimigos iam se movimentando para não serem pegos, mas com isso, eles acabavam errando os seus tiros. Nathaniel esperou que estivessem mais próximos e quando viu eles parando de atirar, o carteiro lançou duas esferas caóticas contra eles numa só vez, finalizando-os.

Ao ver que o seu inimigo estava a vinte e cinco metros de distância, Nathaniel colocou-se de joelhos no chão, recarregando o seu chakra Raiton em sua mão, soltando os seus pés do chão e rapidamente ganhando velocidade o suficiente para “voar” até o seu inimigo, gerando uma grande descarga elétrica em sua mão, atingindo o peito dele com o seu ataque, que nem conseguiu se defender, tamanha era a velocidade do Grey. Após o golpe, Nathaniel foi rolando pela carcaça do trem, até conseguir se segurar, respirando fundo. Seus inimigos estavam mortos, de alguma forma. Kiyoshi deveria estar bem longe naquele exato momento, mas tinha conseguido eliminar um dos seus Cavaleiros. De repente, com o seu coração mais acalmado, a aura avermelhada foi desaparecendo, e o garoto acabou voltando para a sua forma normal, também desativando o Selo Amaldiçoado. Ele se pôs de joelhos, pensando como voltar para dentro do metrô.

[...] Quando finalmente chegou na estação, Nathaniel saiu em passos lentos, agora já sem o tocador de músicas da Corinne, que já tinha devolvido. Ao por os seus pés para fora do veículo, pode ver diversos agentes que mais pareciam policiais segurando armas e as apontando para ele. Daquela vez, Nathaniel se rendeu pacificamente, ajoelhando-se e colocando as mãos na cabeça, sendo levado para a delegacia. Pelo menos seria escoltado até o local que deveria ter ido no princípio de tudo.

Dentro da delegacia de Nakashima, Nathaniel era levado para a sala do delegado para ser interrogado. O cara um homem gordo, que parecia precisar de duas cadeiras para conseguir se manter sentado, fumando um charuto enorme. Se precisasse correr, provavelmente não conseguiria fazer aquilo por muito tempo. Não parecia que estava de bom humor naquele momento, principalmente por conta da confusão que o Grey de Konoha acabou arrumando, e também pelo local onde ele vivia.

── Então você é ninja de Konoha? A anos atrás, um ninja de Konoha veio para cá e nada de bom aconteceu. Dá para ver que vocês são extremamente habilidosos em trazer confusão para nós. Mas vamos ao começo: me conte tudo sobre a sua missão e me dê um bom motivo para eu não te colocar na cadeia.. ── falou comendo alguns petiscos.
── Bem, Konoha recebeu informações de que um ninja criminoso da nossa vila estava escondido em seu país, por isso eles me enviaram para entregar uma carta na delegacia daqui, no caso, o local em que estamos nesse momento. Chegando aqui em Nakashima, eu acabei caindo na armadilha do cara que me trouxe até aqui, o verdadeiro criminoso que vocês deveriam procurar. O nome dele é Uchiha Kiyoshi. Ele é um cara extremamente perigoso que todo mundo pensa que está morto, mas a verdade é que ele anda por aí fazendo o que quer. Eu tentei escapar dele e chegar até aqui na delegacia, mas ele mandou os seus caras atrás de mim, tudo para me impedir de entregar essa carta aqui. ── sussurrou, puxando o pergaminho do seu bolso, deixando em cima da sua mesa, vendo o delegado abri-lo para ler, lendo informações sobre um outro criminoso qualquer, mas que na visão de Nate, não era tão perigoso quanto Kiyoshi. ── Isso é o que acontece quando um criminoso anda solto por aí. A essa altura, ele já deve ter escapado de Nakashima, mesmo estando todo debilitado. ── avisou de antemão.
── Não nos subestime, rapaz. Pois saiba que somos muito capazes de fazer um grande estrago contra esses vagabundos. Eu estou saindo agora para despachar os meus homens para prender esses filhos da puta, e você vai me contar tudo o que sabe. ── o delegado soltou uma grande fumaça pela boca.

Nathaniel contou tudo o que sabia para o delegado, dando-lhe nomes, localizações e uma descrição de Kiyoshi. Somente com o que ele passou, a policia de Nakashima foi capaz de prender muita gente perigosa e desarticular alguns esquemas bem sinistros. A principal prisão foi a do cientista que estava colaborando com Kiyoshi, e a interdição do seu laboratório. Infelizmente, Kiyoshi já tinha fugido, mas o outro Nukenin de Konoha que estava em Nakashima foi capturado com as informações obtidas pelo pergaminho. De certa forma, Nate tinha cumprido com a sua missão naquele país. Ele voltaria para casa orgulhoso do que tinha feito.

[...] Depois de algumas horas conhecendo um pouco mais da cidade e se alimentando bem o suficiente para conseguir sair de Nakashima, Nathaniel caminhou em direção a estação de metrô, aprendendo o caminho para lá, pronto para ir embora para Konoha. Adorava aquele clima frio, a neve caindo e tornando o céu cada vez mais cinza. Se pudesse, viveria ali em um daqueles grandes prédios, vendo os letreiros e se alimentando de comida de rua. Até mesmo aprenderia sobre as suas estranhas engenhocas para se adaptar a aquele país, arrumaria uma garota legal, se casaria e teria filhos, arrumaria um trabalho menos perigoso e viveria normalmente.

De repente, uma sensação estranha e melancólica se apoderou dele: a sensação de que qualquer lugar do mundo poderia ser a sua casa, mas não Konoha. Não sabia se aquilo era a energia das células dentro dele tentando influenciá-lo ou apenas uma coisa ruim, mas quando mais pensava, mais triste ficava. Poderia viver em Amegakure, Iwagakure, Eichenwalde, Kirigakure, Silvermoon ou em Nakashima, mas não no lugar onde fora criado. Isso o fez parar por alguns segundos e olhar para cima, sentindo as partículas de neve caindo em seu rosto, fechando os olhos, esticando a sua mão para pegar algumas.

── Onde fica a minha casa? ── ele se perguntou, fechando os olhos e respirando de forma lenta, abrindo os olhos e abaixando levemente a cabeça. O que tornava Konoha a sua casa eram as pessoas que viviam lá, seus amigos com quem tinha um poderoso vínculo, mas ele sentia que quando aquela guerra contra Kiyoshi terminasse, cada um iria para um lado, e que ele voltaria a ficar sozinho.

Quando estava chegando na estação, ele ficou se perguntando onde Kiyoshi estaria, até que viu Corinne se aproximando, ficando surpreso em ver que ela estava com o cabelo preto, um pouco mais curto.

── Não veio me levar para outra armadilha, não é? ── perguntou o Grey.
── Não! Eu… Eu vim agradecer. Você, de alguma forma, me ajudou muito. Os meus chefes foram presos, e eu finalmente estou livre daqueles escrotos. Eu sei que aquilo que fiz foi errado, mas não quer dizer que eu não estava presa a eles. Gente assim se aproveita de você e toma conta da sua vida como um todo, mas isso agora acabou. Obrigada! ── sussurrou, passando a mão pelo cabelo.
── É o meu dever como shinobi cuidar das pessoas. ── ele manteve as duas mãos para trás. ── O que vai fazer agora? ── ficou curioso.
── Eu não sei ainda. Eu sempre quis ser cantora. Era o que eles tinham me prometido em primeiro lugar. Quem sabe um dia você me veja cantando. ── ela disse.
── Quem sabe. ── concordou com as suas palavras, mas não parecia muito animado. Ele se despediu e foi para a fila da estação.
── O Kiyoshi tem medo de você, sabia? Ele acredita que você causará uma grande revolução, sabia? Ele disse para os seus capangas que você seria o cara que transformaria o mundo, muito mais do que o seu irmão. ── avisou Corinne, fazendo Nathaniel olhar para trás. ── Ele acha que você é muito forte, e que poderia derrotá-lo. Pelo menos foi o que eu ouvi enquanto servia aqueles idiotas. Por isso, continue a sua jornada e acabe com a raça daquele bosta! ── pediu a morena, acenando para ele.

Nathaniel fez o mesmo, esperando para sair daquele país.