O sol da tarde finalmente começou a dar uma trégua, dando espaço para uma grande sombra que refrescava parte da vila. Brakios estava encostado no paredão leste da academia, era o seu lugar favorito desde que se formou na academia ninja, a bandana vermelha em sua testa ainda lhe era estranha, pois não estava acostumado com um acessório que poderia colocar em risco seu belo penteado. Estava no seu terceiro cigarro enquanto olhava para o céu vendo o tempo passar, vez ou outra murmurava a infelicidade de não ter mais uma mesada agora que é um ninja e a demora da senhora Tsuchikage lhe apresentar sua primeira missão. Animou-se quando ouviu uma certa discussão, curioso, decidiu dar uma bisbilhotada na origem da conversa. Pegou o corredor da academia e passou despretensiosamente ao lado da secretaria de atendimento interno da academia. Um homem de meia-idade gritava com um professor, o camponês cheirava a bosta de cavalo, suas roupas estavam surradas e carregava uma inchada de péssima qualidade, não fosse sua débil postura diante do professor, aquilo seria uma arma.

— Eu não posso esperar mais, estamos sendo atacados há duas semanas! — exclamou o camponês. — Se ninguém der um fim naqueles diabos, não restará nada nessa safra!

— O senhor precisa se acalmar! Não há nenhuma equipe ninja disponível no momento! — respondeu o professor, tentando, inutilmente, acalmar o camponês injuriado.

Um enorme sorriso se alargou no rosto do jovem que ouvia a conversa próximo à porta, era uma excelente oportunidade para se apresentar ao trabalho, mesmo que fosse sozinho, poderia ajudar esse senhor e ganhar alguns pontos com o professor.

— O que está havendo aqui? — interrompeu Brakios. Sua voz emitia um ar de superioridade e arrogância que somente os membros da nobreza sabiam emitir. — Acho que meu caro professor esqueceu de haver um ninja perfeitamente preparado para essa tarefa!

Brakios invadiu a sala pousando as mãos sob os ombros do velho camponês. Sorriu e mostrou sua bandana ninja.

— Leve-me ao problema, senhor! Brakios Sarutobi irá acabar com qualquer criatura que coloque sua preciosa plantação em perigo.

A permissão para realizar a missão local foi concedida ao ninja novato. O professor tentou alertar os perigos que o rapaz poderia ter ao enfrentar os animais da fazenda, mas estava confiante demais para ouvir qualquer conselho.

Não demorou muito para Brakios começar a se engalfinhar com os bichos que estavam atacando a plantação. Havia uma certa organização naqueles animais que fazia daquilo tudo muito complicado. Derrubou um corvo com um belo arremesso de shuriken e dois javalis a pontapés. O mais perigoso de todos era o macaco. Aquele diabinho não era tão forte, mas era inteligente e sagaz. Havia algo místico nele que deixava Brakios extremante irritado.

— Seu macaco maldito! Como ousa ficar no meu caminho, venha e lute como um homem!

O pequenino segurava um enorme repolho roxo com as mãos, estava rindo da postura do ninja que o desafiava. Pendurou-se na macieira com o rabo e arremessou o repolho na cara de Brakios, no exato momento em que falava, rápido demais para conseguir desviar. A raiva tomou seu ser, ficando vermelho como um pimentão. Pegou duas kunais e correu atrás do pequeno macaco zombeteiro.

Assim passou o resto da parte. Brakios havia se livrado temporariamente dos animais que atacaram a fazenda. Embora tivesse expulsado o macaco da fazenda, o jovem ninja voltou para casa a academia exausto. O camponês e sua família ficaram contentes, mas Brakios carregava consigo uma amarga vitória, daquelas que você sente muito mais humilhado de que vitorioso.

— Aquele diabo vai ter o que merece na próxima! — acendeu um cigarro e escorou as costas no paredão leste da academia. — Ou não me chamo Brakios Sarutobi.

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