A noite escura rodeava a Tokubetsu Jōnin e Tibbers, seu mascote, ambos ansiosos pela festividade mais importante do ano. Halloween era a data legalizada para Moon Homura pregar suas peças e espalhar caos sem ter medo de ser julgada, muitas vezes extrapolando em sua violência e brutalidade. O urso de estimação carregava a sua cestinha de doces, ainda vazia. Nada disseram durante todo o percurso inicial até a primeira residência avistada, batendo na porta três vezes antes de anunciar a frase clássica:

— Doces ou travessuras?— ela inclinou o corpo pra frente, dando-lhe um sorriso zombeteiro antes mesmo de vislumbrar o anfitrião.

— Que bonitinho seu ursinho. E que bonita roupa de bruxinha — a idosa estendeu a mão para a pequena cesta da dupla, depositando alguns bombons em seu interior — Aqui está, divirtam-se!

— Mas só? — Moon fez biquinho, e Tibbers, sempre sorridente, não pareceu se importar com a quantidade — Mais um pouquinho, por favor?

— Pequena, se comer doces demais, vai engordar. Tão bonito seu sorriso, e se tiver cáries? — a idosa tentava explicar a sovina.

— Eu quero mais — a loura esperneou repentinamente, desferindo um golpe com o cabo da espada na cabeça da velhinha, nocauteando-a de imediato. Aproximou-se do saco de doces da mulher, despejando todo o conteúdo deste em sua cesta — Agora está melhor. Arigatou, obāchan — antes de sair, reviraram a casa inteira, derrubando mobília e ateando fogo no resto.

(...)

Mais uma vez, a cesta de doces da garota estava vazio. Após distribuir as guloseimas entre as crianças, sendo a favorita da vizinhança, a kunoichi foi atrás de mais. Recrutando o pequeno exército de pimpolhos ao seu favor, ela cobriu casas de papel higiênico e provocou caos em pelo menos dez quarteirões ao ponto das autoridades serem convocadas para intervir.

— Moon-san, mais uma vez? — o shinobi mais velho conhecia a delinquente desde seus primeiros passos, sempre envolvida em confusões similares — O que falei sobre você agora ter responsabilidades?

— Vá pra merda, saco de bosta — ela riu, e com um assovio, dois moleques abaixaram as calças do homem, expondo suas cuecas — Estampa de ursinhos? No Halloween passado eram patinhos, no próximo serão o quê?— riram do ofendido, que partiu em disparada, perseguindo a infratora.


Correriam por algumas quadras, requerendo da loura a sua velocidade máxima, deixando para trás tanto os pequenos aliados quanto o perseguidor. Respirou fundo, ofegante, gargalhando em demasiado com a ocasião. Tibbers estava acima de seu chapéu, divertindo-se tanto quanto a sua dona. A criatura era um ente demoníaco tão ruim quanto a si própria, e em outra oportunidade havia ateado escorpiões nas cuecas do oficial da justiça azarado. Eram uma dupla infalível no quesito baderna, desperdiçando todo o potencial criativo passível de usos maravilhosos para o mundo ninja com trivialidades similares.

— Quem vamos zoar agora? — o urso indagou, curioso.

— Não sei. Que graça teríamos se soubéssemos? Vamos pegar o primeiro que aparecer — ela retrucou, animada.

Passou por beco escuro e apertado, em busca de novas opções para mais uma malandragem. Passando por algumas ramificações antes de chegar numa casa isolada, escura e fechada. Abriu a porta que dava acesso ao quintal com um chute, eliminando os cachorros de guarda ao abrir seus crânios de cima pra baixo com apenas as mãos, abandonando os corpos desfalecidos no chão como se fossem insignificantes. As mãos pingavam sangue quando bateu na porta pelo menos quinze vezes, antes de ter oportunidade de proclamar:

— Doces ou travessuras? — fez biquinho, os olhos azulados brilhando em súplica.

— Mas que po... — Tibbers trancou a porta, Moon tapou-lhe a boca e nada mais pôde ser escutado, além das gargalhadas.

(...)

Estava suada e exausta após espalhar desgraça por toda a vila, embora nenhuma vida humana houvesse sido ceifada naquela noite. A diversão da Homura era que permanecessem vivos, assim poderiam entreter a mesma nos anos seguintes, até que em alguma ocasião levasse alguns por ataque cardíaco ou sustos genuínos. Desmaiou pelo menos três idosos em seu passeio, degradado pelo menos meia centena de casas e obtido doces em praticamente todas as que visitou. Consumiu alguns, sem se preocupar com as calorias. O chapéu de bruxa já havia sido perdido naquele ponto, e as roupas estavam em ruínas, rasgadas e em péssimo estado. Não pareceu se importar. Retornou para o seu lar contente, com um sorriso no rosto, planejando as vigarices a serem praticadas na próxima ocasião. Poderia aprontar algo na casa do Raikage, talvez. Ou quem sabe, incendiar o gabinete, algo muito divertido em sua mente vil. Mas nada disso realmente importava, todas as opções eram suficientemente boas.

O que Moon Homura realmente queria era uma doce travessura.