Finalmente, Uzushiogakure no Sato. A viagem até lá foi um pouco estressante, para se dizer pouco – estava lá para me infiltrar e descobrir o que estava acontecendo, afinal, então viajar por um método de transporte tão informal e aberto não me parecia o mais ideal, mas era o que estava disponível e seria o que eu teria que utilizar.

Mas, tive a prudência de levemente ajustar minha aparência com maquiagem e alterações para não ficar nada similar á Nora Kumori de Kumo. Em outras palavras, estava disfarçada – Anastasie Yukie, vinte-e-três anos, olhos verdes, cabelo longo em um rabo de cavalo, batom e blush, vestido profissional, sem os típicos óculos, bolsa de armas para o lado esquerdo do corpo, disfarçada como uma bolsa comum. Nenhuma arma ou bandana de vilarejo em vista, escondidas habilmente por dentre e debaixo de minhas roupas. A parte boa de disfarces tradicionais é que não preciso gastar meu Chakra, nem mesmo ter que constantemente focar na minha transformação. Tinha que admitir que as lentes de contato eram mais do que um pouco irritantes, porém, mas é apenas mais um problema da profissão.

Dentro do navio eu havia afirmado que era uma Chunin para os outros que navegavam, utilizando minha posição dentro do departamento de inteligência do vilarejo e minha próxima afiliação com o Raikage para facilitar esse processo e falsificar um registro temporariamente, mas fora do navio? Lá eu seria uma mera recepcionista de escritório, comparecendo ao culto dos Jashinistas por mera curiosidade, para talvez encontrar meu caminho nesta vida tão pacata.

Quando saí do Navio, tentei fazê-lo de maneira a ocultar minha presença e evadir qualquer reconhecimento, mas logo notei que isto parecia ser impossível. Eu fui praticamente arrastada por uma mulher de cabelos azuis até um lugar que parecia ser o salão dela. Lá outras pessoas já estavam presentes... ‘Espera, aquele é o Tay Senju! Que diabos ele está fazendo aqui!?’ Perguntei para mim mesma, exasperadamente. Agradeci minha antecipação em já sair de Kumo com maquiagem e aparência alterada, não queria ser identificado por ninguém, e esperava que meu disfarce fosse suficiente para ele não me identificar. Iria tentar me manter afastada dele, mas notando que sua aparência era um tanto indiscreta e ele não fazia questão de alterá-la, fora a retirada de sua Bandana e seu colete ninja... Iria tomar vantagem disso e tentar manter meus olhos fixos nos movimentos do Chunin, para descobrir o que ele vinha fazer aqui também.

A Mulher mostrava uma personalidade relativamente jovial e brincalhona, algo que não foi nada bem recebido pelas várias outras pessoas ali, as quais eu imaginava que eram ninjas infiltrados igual a mim e Tay. Logo, nos avisou a não utilizar Jutsus por aqui... Boa dica, para um novato, mas era algo bom para sempre se manter em mente. Nunca se sabe quais olhos estão te observando.

Saindo para o pátio externo, logo seguimos até a praça no centro onde iria acontecer a apresentação. O local estava absolutamente lotado. Iria tentar manter meus olhos em Tay Senju, observando seus movimentos, ao mesmo tempo que iria tentar procurar por um local que iria me garantir uma vantagem óbvia: Um local com vários pontos de fuga fáceis, ou um local elevado para manter os olhos em toda aquela aglomeração.

Notava as várias pessoas encapuzadas, de branco, orando, em cima de um palco improvisado. Já de então não confiava no que estava acontecendo aqui, isso me cheirava muito mal... Se der merda, quero me garantir que conseguirei escapar daqui sem mostrar as cartas que tenho escondidas na manga.

Ficava calma, empoleirada atrás das grandes hordas de civis alí assistindo a apresentação de Morimoto. Minha posição era pensada e estratégica – Estava ali a modo de melhor ver o máximo possível da apresentação e da plateia, e ter olhos bons nas melhores rotas de escape.

De fato, e eu não podia negar... As palavras do homem faziam certo sentido. Tinham certo apelo. O homem era um orador exímio – isso eu não podia negar. Lá no fundo, as palavras dele agarravam certas notas dentro de meu ser e as tocava... Mas eu fui rápida em as cortar. Não, o homem não tinha nada que seria útil para mim. Jamais. Escutá-lo e seguir suas palavras? O papel de um tolo, um covarde, um pobre.

O papinho furado do homem sobre a justiça entrava em um ouvido e saia no outro. Era lenga-lenga. Era papo fraco... dedicado para mentes fracas. Ao pensar, pouco sentido faziam as palavras do homem sobre a função de um Shinobi. Proteger a população? Nos manter no topo? Sanar os enfermos? Nós somos SOLDADOS! Não somos guarda costas! Não somos médicos! Não somos empresários! Somos soldados. Enfileirados, treinados dia e noite na arte de arrancar o sangue da garganta dos nossos inimigos.

Você não pediria a ajuda de um assassino experiente para cuidar de sua família, não?

Memórias do passado ressurgiam em minha mente – meu terrível, terrível passado. Em uma noite, como todas as outras, aquela fatídica noite, meu povoado foi atacado. Tantos morreram. Jovens, adultos, idosos, crianças, bebês... E, no final do dia, para quase todos, a morte foi a melhor opção.

Eu sobrevivi. Eu fui capturada. Minha irmã foi capturada. Minha mãe foi capturada. Eu vi tantas crianças aquela noite serem vendidas como escravas e brinquedos para a escória da terra... Mas eu não culpava Kumo. Eu não culpava a vila da nuvem por não ter surgido no último momento para salvar minha família. Por que culparia eles, quando a culpa de ato tão hediondo caia sobre os ombros daqueles que nem mesmo eram Shinobi. Civis comuns, como minha família.

Sim, claro, poderiam estar sendo liderados por Shinobis – mas que desculpa era essa, para atos tão cruéis contra crianças e mulheres inocentes!? Era somente isso, lá no fundo: Uma desculpa. Uma desculpa esfarrapada, e é somente isso. Uma má justificativa para os atos que faziam – pois nada mais pode justifica-los.

A escória da terra. A escória da terra que irá sangrar sobre meus pés. Por que os fortes devem defender os fracos? Eu me levantei, saí da minha própria situação. Kumo me acolheu – não me deu caridade, não me tornou em uma princesa. Apenas me acolheu. Muito mais que estes vermes teriam feito.

Sou Shinobi não por dinheiro. Caso quisesse dinheiro, iria me tornar empresária. Não por poder. Se quisesse poder, me juntaria a corte do Daimyo. Não por glória. Se quisesse glória, teria me tornado um samurai. Poderia dizer centenas de motivos para que me tornei Shinobi. Ódio. Sede de sangue. Vingança. Mas lá no fundo...

Me tornei uma Shinobi pois o controle do meu destino deve cair sobre minhas mãos, somente.

...

Respirei profundamente, largando meu diálogo interno. Olhei para a plateia ao redor – aclamando Morimoto e sua palavra. Não queria perder o disfarce, nem chamar a atenção. Como aqueles ao meu redor, jogava as mãos ao alto, batia palmas, mas embaixo de um sorriso falso, mordia minha língua.

Ao meu redor? Apenas pessoas fracas. Pessoas fracas que dependem da palavra de um deus e da religião organizada para ser fortes. Jashin é o deus da morte, da dominação. Jashin não se importa pelos fracos – ele escolhe aqueles que são fortes.

Lá no fundo, imaginava um pouco. Um sorriso de canto de boca surgia – Talvez parte de um grande plano para dominar as nações. Esperto. Muito esperto. Controle as massas, desestabilize o governo, ataque as potências militares... E então tome seu próprio controle.

Era a conclusão mais lógica para o que estava acontecendo aqui.

Como investigadora e Tokubetsu Jonin, tinha um certo papel de responsabilidade como meu vilarejo – ainda mais como protegida do Sandaime Raikage. Aqui havia uma grande oportunidade para mostrar minha dedicação e habilidade.

Afiaria minha mente. Foco. Não podia usar nenhum Jutsu, se não meu disfarce iria por água abaixo. Tinha perguntas internas se, realmente seguidores de Jashin, não conseguiriam notar minha afinidade com a entidade... Mas eu estava preparada para essa ocasião. Minha língua era tão afiada quanto minha mente.

Comecei a notar as falas do homem. Tentava cuidadosamente relembrar cada som que saia da sua boca, além de mentalmente registrar sua aparência, assim como a aparência de seus seguidores.

No público, notava as aparências de todos os outros que surgiam. Meus olhos ainda estavam afiados para a presença do Chunin Tay... Que, não estava comemorando as falas do homem igual as pessoas próximas a ele. ‘Que tolo,’ Pensei, ‘Ele vai acabar estragando seu disfarce... Apesar que não tem muito disfarce ai, pra começo de conversa.’

Próximo ao senju via outra figura – essa com uma estatura e complexão extremamente parecida, também não comemorando igual os outros. ‘Kage Bunshin?’ Teorizei, antes de notar que a presença não era nada similar. ‘Não... Esse ai não é o Tay. Mas também não parece ser daqui... Quem é esse cara? Terei que manter meus olhos abertos.’

No final, sabia que a cada segundo que passava aqui, o risco que tanto eu como Kumo corriam ficava cada vez maior. Ou seja, cada segundo é precioso, e eu preciso fazer melhor uso deles. Sentidos focados, continuava a memorizar e rastrear tudo que acontecia nos meus arredores.

As palavras do orador finalmente causavam um impacto diferente em mim – Jashinkyo, sem a necessidade de sacrifícios? É tal coisa impossível? Ver a visagem da mulher que havia se recuperado tanto era... Inspirador. Considerei por alguns momentos como isso seria maravilhoso. Um mundo sem guerras, sem fome, sem dor... Onde todos podem vivem como desejam, para sempre...

Em poucos instantes, a lógica superou a emoção. Tal mundo simplesmente não existia. A Escória da terra caminhava também entre os que mostram rostos inocentes. Toda e qualquer Utopia é apenas uma Distopia disfarçada. É um mundo que simplesmente não existe. A juventude da mulher e sua historinha? Enquanto plausivelmente podem ser reais, não há dúvida que pode ter sido uma simples montagem. Tire umas fotinhos de uma garota morta, coloque uma bela mulher no palco, digam que são as mesmas pessoas. Os imbecis e os manipuláveis iriam acreditar – e certamente, essa plateia tinha dos dois.

Mas então, de onde estavam parados Tay e o outro homem que eu estava acompanhando, surgiu uma comoção. ‘Sabia que o disfarce desse mané não iria durar muito tempo... Espera... Ops, cara errado.’ Pensei para mim mesma, vendo outra figura – também de Konoha – sendo retirado da aglomeração e levado para o palco. Em meros instantes, ele havia basicamente adquirido uma sentença de morte da plateia, que bradava um grito de guerra.

Algo estava claro: Eles sabiam que havia ninjas entre nós. Por saberem disso, por terem os reconhecido, haviam ninjas entre eles. Simples lógica. Civis comuns simplesmente não tem a aptidão sensorial e mental necessária para identificar um Shinobi bem treinado em uma aglomeração – Muito menos um Tokubetsu Jonin.

A pensar bem, tudo aquilo parecia muito... Planejado. O homem acabava de bradar sobre os ‘maus’ da vida de um Shinobi, sobre o terrível Shisho Yamanaka, e mostrando os benefícios do Jashinkyo... Para então retrair um ninja do meio da plateia no momento mais oportuno para agraciar sua plateia. Um ator.

Se eu estivesse certa sobre isso... Tinha que admitir, enquanto o papinho do homem não tinha efeito nenhum em mim, certamente era genial. A manipulação em massa dele realmente estava afiada. Infelizmente para ele, não é só ele que sabe fazer isso... Mas antes de agir, precisava pensar. Ações tem suas consequências, e agir sem pensar nelas é a causa mais comum de mortes entre Shinobis.

Pensava agora na situação de uma maneira mais crítica e tática – Se eu agisse, corria o risco de estragar meu disfarce, colocando meu status como seguidora de Jashin em risco, além de minha vida, de maneira geral. Eu sabia as palavras que deveria usar para acalmar essa baderna inteira... Eu poderia usar um Genjutsu ou dois, e ter todo esse povinho nas palmas de minha mão...

...Mas por outro lado, caso matassem um ninja de Konoha em território de Kumo, estariam basicamente assinando seu atestado de óbito. Centenas de Shinobis de Kumo e Konoha iriam chover nesses camponeses inúteis – e eu sabia como lidar com um Jashinista, permanentemente. Em curto? Milhares de inocentes iriam morrer por causa disso... E seria fácil, extremamente fácil dizer para o mundo que o culto Jashinista tomou controle das mentes dos fracos e tornou-os contra seu próprio povo.

Se tudo ocorresse como planejado? Eu iria gozar da matança, sacrificando esses plebeus em nome de Jashin, e ninguém nem iria desconfiar. De fato, eu iria ser renomada como uma heroína mundo afora por ter livrado o mundo dessa escória...

...E então seria tudo mais fácil no futuro.

Balancei a cabeça... Planos para o futuro, Nora. Foque no agora. Hm... Não queria agir por mim mesma, mas isso não impedia eu de agir por outra pessoa. Não estava muito agraciada pelas palavras e tom da plateia, então iria me virar para outra pessoa, ou pequeno grupo de pessoas. Alguém que parecesse ter mais voz, e ainda estar receptiva. Alguém velho e respeitado, ou grandão, ou que parecesse deter qualquer nível de respeito dos outros, pela sua aparência. Iria me aproximar dessa pessoa ou pessoas, e, fazendo meu melhor papel de garota tímida, falar:

- “C-com licença, moço...” – Iria me aproximar, limpando os olhos com as mangas da minha camisa. – “Mas o senhor também não acha que matar ele é... errado? Talvez ele concorde conosco, também... talvez ele também ache que a empresa Watanabe é horrível! Mas-mas- mas ele pode ter filhos em casa, talvez ele só esteja fazendo isso pra pagar as contas também!” – Iria exclamar para o indivíduo ou indivíduos, tremendo meu corpo, deixando lágrimas surgirem nos cantos dos meus olhos, bochechas coradas, e fungando o nariz. – “Não podemos deixar ele morrer! Não é ele que merece sofrer, são os donos da empresa Watanabe! Você precisa salvar ele! Tem que falar pra eles que isso é errado! Conta pra eles, conta pra eles por favor!”

Tendo sucesso, ou não, haveria feito o mínimo necessário. No primeiro momento de distração deles, iria novamente usar minhas habilidades aperfeiçoadas por treinamentos incessantes, e me misturar as sombras novamente, desaparecendo entre a multidão e encontrando outro lugar seguro, fora da vista das pessoas com que acabasse de interagir.

Caso meu joguinho criasse resultado, porém, enquanto estivesse fazendo minha escapatória daquela situação, iria mentalmente dar um tapinha nas minhas próprias costas. ‘Tá aficando afiada, Norinha.’

Infelizmente, quase nada sobre minha pequena investida deu certo. ‘Merda! Eu tinha que me meter!’ Pensei, com ódio interno, ‘Fui ajudar os abraçadores de árvores, e agora já me identificaram entre o resto...’ Observei o ambiente ao redor, meu plano era simples e quase infalível, simplesmente não fazia sentido que tinha falhado de forma tão terrível! ‘Olha quanto barulho e quanta gente tem nesse lugar! Isso não faz sentido! A não ser...’

Considerei novamente sobre o que eu já sabia sobre o lugar. Haviam ninjas sensores entre eles, ao que nos foi avisado pela mulher de cabelos azuis. Outros ninjas, incluindo eu, havíamos sido trazidos até a ilha por uma única correspondente que sabia que todos nós somos ninjas infiltrados. Ela, como qualquer outro, podia ter uma língua solta, ou estar conspirando com Morimoto para o grande plano deles. Isso só pode significar que...

‘...É uma porra de uma armadilha! Eles já sabem quem são todos os Ninjas que estão misturados entre eles! Isso é mal, muito mal. Preciso sair daqui antes que a coisa fique física. Fortuna esteja comigo...’

Eu tinha uma carta na manga: Meu próprio Jashinkyo. Mas, acreditava que deixar a mostra ao mundo que há uma Jashinista entre os ninjas de Kumogakure não seria uma prudente decisão. Não, as cartas já foram dadas: Em minha mão, dois e três, na mão deles, reis e azes. Um blefe poderia ser uma ótima alternativa, mas não conhecia com quem eu estava jogando – E o pouco que eu sabia até agora indicava que o homem era um manipulador do mais alto calibre. Tudo podia voltar pra me morder mais tarde. É hora de desistir dessa mão e cortar as percas.

Eu precisava sair daqui... O mais cedo o possível.

Eu tinha que achar uma brecha, uma distração ou desvio de atenção. Primeiro, precisava me preparar. Hora de colocar todo o teatro em prontidão, falha é inaceitável. Com olhos bem abertos e uma feição de ligeiro pânico, iria me dirigir a um dos homens encapuzados. – “M-Moço? P-por que estão levantando essas armas? Eu não fiz... Eu não...” – Iria piscar uma, duas vezes, deixando olhos ainda mais abertos e deixando meu queixo cair. Iria balançar a cabeça, como se houvesse algo de errado que eu estivesse tentando corrigir. Iria flutuar meu Chakra da mais ligeira maneira – como se estivesse quebrando uma ilusão, ou ela estivesse sendo quebrada. Então, Iria apontar para uma das janelas dos edifícios do outro lado da praça. – “E-eu vi! Tem alguém fazendo selos de mão atrás de uma das janelas! O-Olhos brilhantes!” – Iria exclamar, esperando que acreditassem naquilo.

Fosse o que fosse, iria prestar plena atenção nos meus arredores – Como havia me posicionado espertamente, estaria próxima de uma fácil rota de escape. Se não tirassem os olhos ou mantivessem as armas presas ao meu pescoço, eu iria apenas continuar a seguir suas ordens ou o que indicassem, de modo a manter o disfarce ainda funcional, mas com olhos abertos e gozando do meu intelecto acelerado para continuar buscando uma maneira de escapar. Se tirassem os olhos de mim ou se afastassem, iria tomar esse momento de distração para rapidamente me reposicionar. O Objetivo era pleno: despistá-los completamente. Becos, ruas paralelas ou qualquer coisa que pudesse me ocultar por tempo o suficiente para eu poder ajustar meu disfarce e continuar despercebida. ‘Agora, é só esperar que eles caiam na jogada... Vamos lá, verdinhos, eu tentei ajudar vocês, hora de vocês retribuírem o favor.’

Parece que as coisas começavam a tomar uma direção pior – Mesmo eu tentando meu melhor, parece que Morimoto já tinha seus passos planejados além dele. Eu precisava fazer algo para superar os planos do homem, e eu precisava de algo agora...

Intimidação. Eu precisava criar medo na plateia – precisava convencer eles que eles não só estavam errados em acreditar nos Jashinistas, mas renegar os Shinobis – e por extensão, Kumo – seria apenas um prego no caixão deles... E para criar medo, eu precisava de algo, ou alguém, que eles temessem e reconhecessem... E eu sabia exatamente quais três amigos eu poderia chamar para a brincadeira.

Eu tinha poucos momentos de vantagem – minhas ações sorrateiras me privilegiavam, me deixando em uma posição avantajada para agir. Iria tomar completo benefício dessa vantagem para desaparecer e fazer meu plano surtir efeitos. Com uma passada rápida de mão ao lado do pescoço, como se fosse coçar a nuca, iria rebater nos Brincos da Insanidade – garantindo um aceleramento potente da minha mente e meu corpo, algo completamente benéfico se não pela impulsividade que criava em mim, mas eu conseguia facilmente rebatê-la e contê-la, já tendo utilizado o brinco várias vezes no passado.

Com o corpo e mente acelerados, eu jogava-me para frente, tentando sair do alcance imediato das armas e das mãos dos cultistas, ao mesmo tempo que rapidamente sacava e jogava uma bomba de fumaça no chão aos meus pés e ativava o Shunshin no jutsu – Combinação de técnicas que iria, em poucos instantes, permitir uma rápida fuga para mim, ao mesmo tempo que utilizava o Henge no Jutsu para disfarçar meu disfarce, me transformando em uma ANBU genérica do vilarejo, com roupas e máscara padrões de Kumo.

Mas eu não estava indo embora, agora.

Com o Shunshin, iria me relocar para uma posição que privilegiasse a minha visibilidade, utilizando dos rápidos movimentos para me movimentar de maneira a ocultar minhas intenções. Minhas mãos se jogavam para minha bolsa de armas, que agora retornava para sua posição original na minha coxa. Estando em um telhado com posição adequada, onde tivesse boa vista da plateia, e a plateia pudesse me ver, iria juntar as duas bombas de luz que eu guardava em minha bolsa de armas, jogando uma acima de mim, e uma a frente, em um arco – De maneira a criar uma explosão de luz que não fosse ferir ninguém, mas criar uma grande distração que chamasse a atenção e que ocultasse os meus seguintes movimentos. Ainda jogando as bombas de luz, iria retirar minha última bomba de fumaça da minha bolsa, e joga-la contra meus pés, criando outra camada de encobrimento.

Havendo tido sucesso até aí, iria aproveitar os poucos momentos que tinha dentro a nuvem de fumaça, fora da vista da população geral, e criar três clones – Três clones que iriam, individualmente, roubar a voz e a aparência de três pessoas relativamente famosas que eu já conhecia, Henge no Jutsu... Uzumaki Kazuha, Ogosho Mei e Yukikitsune Kaonashi. Eu, a original, não esquecia dos Sensores que poderiam estar espalhados por qualquer lugar, e com o Cajado, tecia uma ilusão em área, preenchendo o perímetro da técnica com meu chakra, a modo de intensificar e fazer parecer que as reservas de Chakra ali eram muito maiores do que realmente eram, e, finalmente, de modo a fazer a aparição dos três ainda mais convincentes, apenas gritar, o mais alto possível... – “NINGEN KUCHIYOSE NO JUTSU!” – (Jutsu de invocação humana.)

Claramente, não era uma técnica verdadeira... Mas essa era a arte do teatro! Nada precisava ser verdade, desde que fosse plausível, e com o que logo seria a aparição do Sandaime Raikage em frente deles, a mente deles iria aclamar que estavam presenciando a utilização de uma nova técnica criada pelo ilustríssimo Raikage.

Atrás dos três clones, iria rebater o meu cajado contra o chão, fluindo por ele meu Chakra e tecendo uma potente ilusão – Não para criar uma ilusão independente... mas para deixar maleável a mente daqueles que logo seriam atingidos pelo meu Sakki.

Procurava em minha alma, todos os sentimentos que me causavam fúria, ódio, rancor. Não precisava ir muito fundo para encontrar. Começava tudo a mais de uma década atrás, meu povoado inteiro sendo massacrado por escravistas. Ver minha mãe ser vendida, perder o contato com minha irmã... Tortura. Anos de fome e dor, para um dia fugir, só por causa do sacrifício da vida de outra pessoa. O começo da minha nova vida em Kumo – vivendo nas ruas, pois não tinha nada em meu nome. Comendo lixo e restos, lutando dia a dia para me superar. Me tornando uma Shinobi. Pela primeira vez na vida agindo por mim mesma, superando meu trauma, rasgando a garganta de dois criminosos e salvando dezenas de crianças. Seguindo o Nidaime Raikage até as linhas de frente em Oto – Vendo toda aquela guerra, vendo centenas de meus aliados morrerem. O cheiro de sangue, de morte. Me tornando uma Jashinista. Sentindo na alma, em primeira mão, como posso tomar as rédeas do meu destino e ser minha própria pessoa. Cada gota de sangue que derramei com os sacrifícios. Cada pessoa que torturei no departamento de inteligência. Cada gota de ódio que eu já havia sentido na vida... Agora era hora.

Com a nuvem de fumaça começando a esvair ao redor de mim e minhas três clones, e a aura de morte permeando o ar, meu Sakki, o palco estava montado, e eu sabia que a hora estava chegando... A Hora de começar o mais épico teatro do século!

- “Boa Tarde! O Nome é Kaonashi, mas vocês já sabem disso!” –– Iria anunciar, com a voz e rosto do internacionalmente famoso e reconhecido Kaonashi Yukikitsune, balançando uma mão em frente dele para dispersar a fumaça, e então acenando para o povo, tomando a frente dos três, se anunciando para a população ali congregada. – “Ora ora, ANBU-san, tenho que admitir que sua utilização do Ningen Kuchiyose foi particularmente exemplar. Mas voltemos nossa atenção para esse lindo povo! Saudações, Uzu, os mocinhos chegaram! Não se preocupem, que quem quiser ter um papo pessoal com o maior de todos, vulgo, a minha pessoa, segue aqui que vai ter sessão de fotos depois da briga!”–

- “Kaonashi-san, por favor.” – Iria falar, severo, dessa vez do centro dos três clones, se apresentando Kazuha Uzumaki, Sandaime Raikage. O clone teria uma expressão impassiva, mostrando que o líder estava ali para resolver uma situação difícil, não por lazer. Com isto, o clone representando Kaonashi iria apenas acenar a cabeça, tomando um passo para trás e colocando uma mão no peito, se curvando.

Com isso, então, o Kage iria se anunciar diretamente para Morimoto, mas expandindo o alcance de suas falas para a plateia inteira. – “Jashinkyo. Uma técnica de ritual, que requer que o usuário beba do sangue da sua vítima. Ao consumir do sangue da vítima e ficar acima do símbolo do ritual, o usuário então mata a sua vítima... Adquirindo, através do ritual, a imortalidade... Por um tempo.” – Iria balançar a cabeça em negativo, agora abaixando mais a visão e dirigindo-se para a plateia, especificamente. – “A algum tempo atrás, quando o Nidaime Raikage faleceu e eu o sucedi, acreditava firmemente que seus métodos antiquados e violentos não seriam mais necessários, pois Kumo e seus aliados estariam entrando em uma era de cooperação, e com as reformas econômicas e políticas que estamos promovendo, entraríamos em uma era de paz e prosperidade para todos” – Iria falar, solenemente, voltando seu foco para os cultistas... – “...Mas vejo que as cobras na grama estão sempre se rastejando para tomar vantagem dos vulneráveis! Me diga, como conseguem viver consigo mesmos, sabendo que centenas de famílias foram aniquiladas por vocês!? Sonhos, vidas e memórias, todas arruinadas pelos massacres que vocês utilizam para promover suas crenças cruéis!” – Iria exclamar, agora, sacando e bradando uma Kunai polida, marcada claramente com os detalhes visuais do selo do Hiraishin – mais uma artimanha do Henge no Jutsu – deixando-a a mostra para que todos a vissem.

Mei Ogosho, a última dos três clones transformados, com braços cruzados e sorriso cruel no rosto, iria finalmente se proclamar, com voz profunda e forte. – “Mas é claro, Raikage-sama. Eles estão prometendo o mundo e as estrelas para esses pobres idiotas, e eles estão caindo que nem patinhos! Vão ser tão felizes... Até descobrirem que as famílias deles são a próxima refeição e sacrifício desses canibais sanguessugas nojentos!” – Iria falar, mostrando grande quantidade de desgosto e nojo para a população. – “Vamos arrancar a cabeça desses fanáticos logo e voltar para casa. Vamos demorar menos de trinta segundos...” – A mulher, da mesma maneira que Kazuha, bradava uma Kunai com seu selo único do Hiraishin, pronta para arremessa-la na direção do palco.

Uma mão em seu ombro, porém, iria impedir a arma de ser arremessada. Com um suspiro, o clone disfarçado de Kage iria acalmar o clone disfarçado de Jonin, com voz bem audível – “Acalme-se, Mei-san. Apesar de todos os fatos indicarem que devíamos aniquilá-los... O povo está procurando por uma mão que os guie e os ajude.” – Iria agora, direcionar-se novamente para a plateia. – “Kumogakure no Sato é um local que, acima de tudo, preza os valores de respeito, justiça, humildade e paz. Eu entendo que as guerras que assolaram o mundo pelos últimos anos e os desprezos que vocês percebem estão afetando vocês... Acreditem em mim quando eu digo, como alguém que esteve nas linhas de frente, que nós sofremos tanto quanto vocês, e também estamos procurando um fim para toda essa miséria!” – Levantando uma mão, e dando mais um passo a frente, iria continuar seu discurso. – “Povo de Uzu! Eu poderia agir como meu antecessor, Kagaya Ubayashiki, e transformar esse vilarejo em apenas mais uma cratera fumegante no meio do mar... Mas essa era acabou! Kagaya está morto, seu reinado de poder já se acabou, e nós que ainda vivemos estamos tentando, dos fundos dos nossos corações, trazer esperança, justiça e igualdade para todos – Mas não tivemos tempo ainda de mostrar-lhes todos que estamos tentando o nosso melhor!” – Iria aclamar, tentando conquistar, pouco em pouco os corações da plateia. – “Ninjas renegados ameaçam nossas cidades constantemente. Os terrores de Kiri ainda estão firmes em nossas mentes. Bandidos e traficantes navegam livres pelas periferias de todas as nações... Precisamos lidar com tudo isso, e estamos com dezenas de esquadrões Shinobi trafegando pelas nações combatendo estes males! E eu peço, com todo meu coração, que vocês compreendam minha suplica, e cooperem conosco para trazer riqueza e prosperidade para a nação de vocês, em seu devido tempo.” – Terminando sua fala para a população de Uzu, iria então, se tornar para o palco e os homens encapuzados. – “Quanto a vocês... Eu sei as fraquezas e as falhas da sua técnica. Sei como nulifica-la, e sei como permanentemente selar os seus corpos por toda a eternidade... Mas da mesma maneira que estendo minha súplica para o povo de Uzu, estendo-a para vocês, também!”

Com isto, o clone Mei iria arregalar os olhos e deixar o queixo cair. – “Kazu- Raikage-sama! Eles são assassinos em massa! Massacraram mais de mil vilarejos apenas nas pequenas cidades nas periferias do país do trovão, e essas são apenas as mortes que conseguimos confirmar! Dezenas de corpos espalhados pelas ruas, corações arrancados, uma multidão de crianças ainda desaparecidas, e você vai ter piedade deles!?” – Iria exclamar, criando uma tensão entre os dois clones, mas a Jonin seria calada por um olhar singelo do homem e uma mão levantada.

- “Eu sei como pode aparecer, Mei-san... Mas eu, diferente de meu antecessor, acredito plenamente que todos tem a capacidade de fazer o bem, e que com o devido tempo, irão seguir o caminho da bondade... Mas hoje ainda não é o dia deles.” – Iria continuar, com um tom um pouco calcado. – “Por isso, para vocês, como um voto de minha confiança e uma promessa que dias melhores ainda estão por vir, irei deixar todos os cultistas, assim como toda a população que, mesmo sabendo dos seus crimes, ainda concorda com suas ideologias, que tenham passagem livre e segura para sair da ilha.” – Iria então, levantar uma mão, e focar um olhar muito mais duro em Morimoto e sua acompanhante, indicando que ainda não tinha terminado. – “Morimoto-dono... Essa é sua escolha. Você pode pegar seus homens e seus seguidores e sair ileso daqui, e um dia aprender os erros de seu caminho, ou...” – O clone disfarçado, iria, então, torcer o pescoço e estalar os dedos, e suspirar.

Esse seria o momento que iria relembrar o próprio medo, voltando a cenas recentes de quando fui conscrita no departamento de inteligência do vilarejo, tendo meus segredos completamente desvendados pelo homem simplesmente conhecido como ‘O Administrador’... O cruel e frio olhar do homem, o calafrio que descia em minha espinha, o medo que eu senti com as palavras que saiam da boca do homem... palavras que eu iria usar para mim mesma.

O clone, relembrando-se e focando nesses sentimentos, iria abrir os olhos mais uma vez, e terminar, potência do Sakki restaurada e amplificada. – “Ou... Você pode decidir ficar e lutar, e tentar ferir mais pessoas inocentes... Mas neste caso... você vai aprender o que eu consigo fazer com um corpo que não morre.”

Com a ameaça deixada em aberto, eu havia concluído meu teatro, e agora era apenas momento de vivenciar seus resultados. Posicionada atrás dos três clones, acima um ponto de vantagem, caso tudo estivesse dando certo até eu momento, eu não só teria amplo tempo para reagir contra qualquer ofensiva, teria três clones como escudo.

Infelizmente, não haveria nenhuma salva de palmas da minha plateia, mas os frutos do momento seriam muito maiores que isto... – “Então, Morimoto-dono, o que vai ser?”

'Então, Morimoto... O que vai ser, afinal?'

E, como uma casa de cartas, todo aquele teatro desaparecia com um mero Kai. ‘Esses filhos da p%$@ tem quantos especialistas em Genjutsu entre eles!? Merda, merda, merda...! Parece que nada que eu tenho comigo vai ser suficiente... Vou ter que usar minha última carta na manga. Será?’

Balancei a cabeça. Era hora de mostrar a eles o verdadeiro caminho do Jashinismo. Desfiz os três clones, e caminhei para frente, mantendo o disfarce de ANBU. Olhei para a população abaixo, e, abri a minha boca para falar...

...E então tudo começou a acontecer tão rápido. Como um trovão divino, mais uma pessoa de habilidades excepcionais havia se juntado a luta... E havia acabado de eliminar quem, eu presumo, era um Jashinista imortal, assim como eu, em meros instantes, enquanto proclamava a morte da escória Jashinista. Não podia negar... estaria mentindo se dissesse que não estava suando frio por baixo da minha fachada estoica.

Mas, não podia negar, que a antiga frase era verdadeira: O inimigo do meu inimigo é meu aliado, e isso estava bem claro nessa situação. Desejava ajudar ele de qualquer maneira enquanto o homem lutava contra meus oponentes, mas não havia nada naquele momento que seria útil, o combate estava acontecendo longe demais para eu poder cooperar, e me aproximar seria claramente uma sentença de morte.

Sendo assim, apenas foquei meu Chakra mais uma vez no cajado, tentando por meio do contato visual ou dos pulsos de Chakra do cajado, enviar uma mensagem psíquica para o homem: - [[Obrigada por lidar com eles, a situação estava ficando difícil. Kumo estará ao seu lado na luta contra o Pastor, e creio que Konoha lhe deve um favor...]]

Pela própria natureza simples desse Genjutsu, não seria capaz de reconhecer se ele havia recebido minha mensagem – E não seria como se houvesse tempo. Poucos momentos depois, o homem era engolido por uma poça de água abaixo dos pés dele. O sol foi encoberto por uma camada de escuridão, tornando o dia em noite... E então a feição de um homem repassava sua mensagem para nós – Jashin? Era assim que eles pensavam que Jashin era!? Um mero homem, vestido igual uma bicha!?

‘ESSES HEREGES VÃO PAGAR.’ Exclamei, em minha mente. ‘CADA UM DESSES BLASFEMADORES VÃO SANGRAR!’ A expressão de ódio em meu rosto seria clara – Dentes rangendo, rosnado no rosto. Por mim, tudo o que eu queria, era matar cada um desses filhos da p#%@, mas sozinha... Não confiava em minhas capacidades. Ainda não confiava... Eu ainda não era forte o suficiente.

O rosto no céu – eu não OUSARIA chama-lo de Jashin – continuava a mesma jogada de Morimoto. Manipulação. Mais palavras doces para tentar convencer a população de que o seu jeito era o único jeito... E, aparentemente, mesmo havendo presenciado tudo que ali aconteceu, todos esses vermes ainda acreditavam nas palavras desse gigante babaca no céu.

O Yamanaka havia falado exatamente o que estava em minha mente, mas de uma maneira diferente de como eu havia falado, e foi recompensado por um trovão eliminando sua existência logo em minha frente – Não sabendo a origem dessa técnica, apenas fiquei atenta a quaisquer movimentações no céu, de modo a tentar evitar uma segunda descarga, caso viesse.

Mas, aparentemente, não viria. Logo, o falsário no céu desapareceu – Fui incapaz de me impedir de falar algumas frases, logo em seguida. – “Todos aqueles que carregarem a semente da morte devem ser expurgados deste mundo... Todos que podem morrer, vão morrer. É isso?” – Iria falar, inclinando a cabeça para o lado, com um olhar curioso. – “Então todos vocês já estão mortos, seu bando de hereges podres.”

Antes de mais nada, Lenore, a mulher de cabelos azuis que nos introduziu até a colônia por meios mais secretos, reapareceu, e nos indicou o caminho fora dessa zona de guerra. ‘Já estava na hora...’ Pensei para mim mesma, tornando para os outros dois Shinobis ali, ainda utilizando o disfarce de ANBU, com uma voz alterada.

- “Vocês dois. Não são Shinobis de Kumo, assim como o amiguinho Yamanaka de vocês. Não sei o que estão fazendo em território de Kumo sem permissão direta do Raikage... Mas creio que agora não é hora para uma rixa por patriotismo. Falem com seus Kages, e eu falarei com o meu. Precisamos cooperar, urgentemente... São um perigo gigante, muito maior do que vocês jamais podem imaginar, e precisamos de todas as vantagens agora para impedi-los. Agora corram, seus tolos!”

Como uma ação de boa vontade, iria novamente tentar utilizar o Cajado para tecer um Genjutsu um tanto convoluto, mirado nos dois Shinobis, com uma função particularmente ortodoxa: Clarear a mente deles e ajudar a criar um mapa mental até as docas, caso ainda não o possuíssem, deixando-os mais calmos e facilitando a nossa fuga dali.

Eu, por minha parte, iria focar o máximo de Chakra nas minhas pernas e fazer um dos maiores saltos de Shunshin que eu jamais havia feito na vida – Pelo menos um quilômetro. O restante do caminho eu podia andar, e iria entrar a bordo do navio vermelho assim que possível - Não antes, é claro, de manter os olhos abertos para armadilhas. Tudo estando seguro, era hora de ir para casa...

Uzu, agora, era uma capital da crença Jashinista. A crença Jashinista que não era a MINHA crença Jashinista. Uma crença impura de Hereges blasfemos. Prometi ali, a mim mesma, que os dias dos crentes dessa cidadezinha no meio do mar estavam contados, e os números já estavam baixos.

Uzu era, afinal, apenas mais uma ilhotazinha no meio no mar, completamente dependente de Kumo para sua sobrevivência... Sabia desde aquele momento que Uzu iria virar, mais uma vez na sua longa história, apenas mais uma ruína, e mais uma vez, pelas mãos de Kumo.

E o fato de que o figurante no céu não havia diretamente se direcionado a mim, como Jashinista? Mais prova de que era apenas um farsante.

Que... intrigante.