Caso I
Após finalmente ser oficializado como interrogador do Departamento de Inteligência (DI) de Konohagakure no Sato, sob o cargo de Sargento, Togyuu preparava-se para o primeiro dia de trabalho. Apressadamente, percebendo que estava atrasado, vestiu-se com seus característicos trajes, apesar de estarem um pouco amarrotadas, e equipou-se com suas armas. Logo depois de tomar o último gole de seu café, saiu à passos largos em direção ao Departamento.

— Um minuto..., foi por pouco. — O inusitado Capitão Holt o esperava à porta do estabelecimento com uma prancheta em mãos. -- Vamos, será um dia longo. — Enquanto caminhavam pelos corredores em direção às celas, o mais experiente foi relatando o caso ao novato. — É um caso bem simples esse, ótimo para começar seus trabalhos oficialmente. Pegamos um garoto de apenas 13 anos pelo furto de um caríssimo relógio de um dos fazendeiros da região, ele está bem nervoso e deve se entregar com facilidade. Apenas garanta que ele devolva o objeto e pode liberá-lo, não vamos perder nosso tempo com uma criança. — Holt deu dois tapas nos ombros de Togyuu assim que chegaram ao local onde o pequeno meliante estava e entregou-lhe a prancheta com os dados do sujeito.

— Tão jovem e já está sendo preso garoto, não tem vergonha nesta sua cara? — Começou a falar, aproximando-se do adolescente.  

— E-e-eu n-n-não fiz n-nada. — Respondeu, desviando o olhar e balançando as penas freneticamente.

O Yuki se agachou em frente ao delinquente e colocou a mão em sua perna, repreendendo-o com um olhar sério. O garoto tentou disfarçar mas levou a mão ao bolso da calça e pegou um relógio de prata com detalhes em ouro e outras pedras preciosas, entregando-o ao interrogador.

— N-n-não vai acontecer nada c-comigo, né? — Perguntou.

— Hoje não..., mas da próxima vez que eu te encontrar aqui, terei que te mandar para a prisão. Se você sair vivo de lá, no mínimo sua cara vai voltar igual a daquele ali. — Apontou para Holt que observava tudo do lado de fora. — Agora vai, some da minha frente.

Assim que o garoto deixou a cela, Togyuu entregou o relógio ao Capitão e esperou pelos próximos comandos.  

Caso II
Caminhando pelos corredores e lances de escadas do imenso Departamento de Inteligência, Togyuu e Holt chegaram ao quarto andar, onde ficava localizada a divisão comandada pelo moreno. Tratava-se de um enorme salão com diversas mesas espalhadas de maneiras aleatórias. Havia também algumas salas individuais, destinadas àqueles de maior patente; uma sala de reuniões e um grande refeitório com um sofá mais confortável para que pudessem descansar.  

— Sua mesa de trabalho é esta. — Afirmou o Capitão, entregando uma pilha de pastas ao jovem. — Pode começar assinando essas atas para mim. — Virou as costas sorrindo e pegou sua pequena garrafa térmica com saquê. Sem muitas alternativas, o Yuki limitou-se a cumprir suas obrigações.  

Passada a primeira hora, uma loira de aparência angelical cruzou as escadas carregando um outro rapaz de cabelos castanhos e tatuagens no rosto em direção à sala de Holt. Após uma breve conversa, a mulher deixou o local e o interrogador chefe sinalizou para que Togyuu viesse até ele. Pela distância entre os locais, o platinado já estava a par da situação. Dessa forma, assim que adentrou à sala, sacou uma kunai e a colocou contra o pescoço do tatuado.  

— Eu não sei nada sobre o carregamento de drogas. — O sujeito disse em tom de voz desafiado.

— Não falamos nada sobre drogas. Mas... pelo que parece você sabe de alguma coisa. — O Konoha-nin pendurou o braço sobre o ombro do suspeito e começou a balanças a kunai de um lado para o outro.

— NÃO! —  Gritou.

— Olha, você acabou se complicando. Nem precisamos nos esforçar. Daqui você não vai sair tão cedo, então é melhor começar a falar o que sabe sobre as drogas. — Completou, Holt.  

— Quero que chamem meus advogados, não falarei mais nada sem a presença deles.  

— Você é mesmo incapaz de fazer as coisas sozinho, mas está no seu direito. Togyuu, desça ao primeiro andar e chame aquela moça que trouxe ele aqui, nossa parte está feita.  

O Yuki, então, guardou a kunai de volta na bolsa de armas e desceu em busca da loira.

Caso III
O expediente finalmente chegava ao fim. Togyuu, mesmo sem ter utilizado técnicas de grande porte naquele dia, estava exausto. O escritório encontrava-se praticamente vazio e Holt já se preparava para voltar para casa. Dessa forma, repetindo os passos de seu chefe, o novato ajeitou sua mesa e recolheu seus pertences.

— Você não. — Disse, esboçando um sorriso debochado em seu rosto, após trancar a própria sala e se aproximar da mesa do Yuki. — É uma tradição do escritório..., novatos devem ficar até o último funcionário sair e trancar o Departamento. Além disso, deve ser o primeiro a se apresentar no dia seguinte para abrir as portas para os demais. — Ele riu. — Boa sorte! — Acenou e seguiu em direção à saída.  

“Eu deveria ter pensado duas vezes antes de aceitar este emprego”, reclamou mentalmente. Então, lentamente, o platinado caminhou pelo escritório para verificar se haviam funcionários nas outras partes e desceu ao primeiro andar onde, impacientemente, esperou que todos saíssem. Entretanto, após a saída da última pessoa, um homem, que quase tropeçava nas próprias pernas, ingressou no DI.

— Eu tenho uma denúncia para fazer. — Indagou, soluçando.

“Logo agora?”, reclamou. Todavia, como era um novado, não queria prejudicar sua imagem ao dizer não àquele sujeito. — Me acompanhe, por favor. — Os dois sentaram-se rente a uma mesa naquele mesmo andar. Togyuu puxou uma prancheta com uma folha de papel e começou a preencher os dados homem. A conversa entre eles durou alguns minutos e todos os detalhes da denúncia foram anotados com a devida atenção. Porém, valendo-se de suas habilidades interrogativas, o Yuki conseguia notar as contradições na fala do sujeito e não demorou para entender o ocorrido. — Está tudo certo, obrigado. Enviaremos uma equipe para realizar buscas na região ao iniciarmos os trabalhos amanhã e retornamos caso obtivermos quaisquer resultados. — Gentilmente, despediu-se do entrevistado que, da mesma forma como chegou, deixou o local.

O sujeito estava claramente embriagado e suas falas entraram em contradição, indicando que as coisas que foram ditas eram irreais. Dessa forma, arquivou o processo e finalmente pode trancar o Departamento para voltar para casa. Era o fim do intenso primeiro dia de trabalho.

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