O dia sequer havia clareado e Meiko já estava de pé. Como já era de praxe, o clima na casa não era dos melhores: briga pra um lado, briga pro outro; cara feia para um lado, cara feia pro outro e daí pra pior. A jovem não via a hora de conseguir um dinheiro para poder sair daquele local. Aliás, ela estava aliviada que eram seus pais, se fossem qualquer outro já teria dado um jeito nisso a muito tempo. Mas, pelo menos, hoje começava sua caminhada.

No dia anterior recebeu um chamado para ir até o gabinete do Kage. A jovem não o conhecia, tinha visto ele uma ou outra vez de longe apenas, então aquele possível encontro a deixou um pouco anima. Animação esta que se foi logo quando chegou ao local, nada de Kage. Apenas um assistente, um tanto quanto estranho, diga-se de passagem, que a atendeu deixando um pequeno envelope em suas mãos. Quase nenhuma palavra dita, mas, realmente, não era necessário. Meiko, abriu rapidamente o envelope e nele estava sua primeira missão.

Rank C — Auxiliar os Estudantes da Academia Ninja
Descrição: Você também já foi um pirralho estudante da Acadêmia que sonhava ser um grande ninja. Porém falta muito pra isso, e uma boa maneira de começar, é auxiliar na hora da entrada, no intervalo e na saída da acadêmia, afinal são apenas criancinhas que mal podem te fazer? Encontre um dos senseis na Acadêmia Ninja e ajude-o com o que foi citado anteriormente.

–  Não esperava voltar pra lá tão cedo. – Falou, em tom de decepção. Queria que sua primeira missão fosse algo mais emocionante. Uma viagem, ninjas inimigos pra lutar e coisas do tipo.

INFO:

Não enrolou muito para sair de casa, sequer comeu – deixaria para fazer isso pelo caminho. Colocou sua veste padrão; sua bandana, afinal não estava mais pisando na academia como aluna, e suas coisas. Apesar de frustrada por ser uma missão simples, estava conformada que sobraria energia para treinar quando chegasse em casa, pelo menos acha que teria.

Chegou na academia cerca de meia-hora depois, alguns alunos também já estavam chegando. Alguns acompanhados pelos pais. Alguns sozinhos. Alguns já agitados e correndo. Alguns meio sonolentos, assim como ela. Alguns chorando querendo voltar para casa. Outros, ainda, estavam meio perdidos para se localizar. No portão principal estava um dos senseis, que por acaso era o sensei de Meiko a pouco tempo atrás. Ele era bem alto, com cabelos ruivos e algumas sardas pelo rosto, tinha por volta de seus vinte e poucos anos.

– Sensei! – Chegou chamando pela atenção dele.

– Oh, Meiko. Não estava vê-la aqui tão cedo. – Respondeu, surpreso.

– Nem eu queria estar, mas minha missão de hoje é dar uma ajuda por aqui.

– Que ótimo, você vai adorar. – Riu. – Tem um grupo de alunos formando filas no pátio, poderia começar levando-os para suas salas. Acho que você já sabe como funcionam as filas e onde fica cada sala, né? Ah, estou responsável pelos menores desta vez, pode deixá-los esperando aqui que eu vou leva-los. Aliás, vou querer que fique na sala comigo.

Acatando ao pedido do professor imediatamente encaminhou os grupos de alunos até suas respectivas salas. Assim que levou o último grupo, retornou ao pátio à espera do sensei.

INFO:

Crianças. Seu primeiro ano na academia. Aquilo tudo ainda era novidade para eles. Ao entrarem na sala uma bagunça generalizada. Uns corriam pra todo canto, outros pulavam pelas fileiras de mesas. Tinha ainda aqueles que gritavam desesperadamente e, claro, alguns já começando a brigar. Meiko estava perdida vendo aquilo, por ela uma kunai cravada na testa de cada um já resolveria o problema, mas não podia recorrer a tais métodos. O sensei, então, tomou as rédeas batendo algumas palmas e pedindo ordem com uma voz potente. Todos acataram imediatamente a ordem.

– Bom dia, pessoal! – As crianças responderam em coro. – Hoje vamos ter um dia um pouco diferente. A senhorita Meiko Nara irá nos auxiliar durante nossas aulas.

– Yo! – Ergueu a mão, com um sorriso no rosto, tentando parecer gentil.

– Nossa, você se veste estranho em. – Gritou, um garotinho loiro, lá no fundo da sala. Rindo. A Kunoichi, imediatamente mudou para um semblante sério, levando sua mão a bolsa de armas. O sensei, calmo, segurou o braço dela, impedindo que a jovem tentasse fazer alguma coisa.

– Se acalme, não vai querer criar problemas agora que é uma genin. – Disse, acalmando a garota. – E você, meu jovem, mais respeito com as pessoas. Se estivéssemos fora daqui, provavelmente estaria morto agora. – Sorriu. – Bem, vamos lá, nossa aula de agora será sobre um dos fundamentos mais importantes do mundo ninja: Ninjutsu! Vamos começar fazendo um simples jutsu de clonagem. Por favor, Meiko.

Já entendo o que o professor queria que ela fizesse, Meiko se posicionou no sento da sala. Lentamente, para todos olharem o que ela estava fazendo, a jovem fez os selos de Carneiro, Cobra e Tigre. – Bunshin no Jutsu! – Ao seu lado um clone perfeito surgiu.

– Agora é a vez de vocês, um por um, começando por você. – Apontou para a garotinha da ponta na primeira fileira. Um por um, os alunos foram indo até a frente e fazendo seus clones. A maioria deles conseguiam de primeira, outros falhavam miseravelmente e precisavam de mais algumas tentativas. Até que chegou a criança que caçoara das vestes de Meiko. Este, para o azar dele, não conseguiu fazer nenhum clone nos primeiros 20 minutos.

– Haha, olha só o corajoso, não consegue fazer um mísero clone. – Foi a vez da Kunoichi tirar sarro dele, sendo repreendida pelo sensei logo em seguida. Mais algumas tentativas depois, e nada do coitadinho conseguir. – Meu deus garoto, presta atenção nesses selos. – A jovem, vendo a situação do garotinho, fez o selo do rato. Sua sombra começou a esticar e ir de encontro com a sombra da criança, que olhou aquilo com os olhos arregalados. – Vou te ensinar. – Afirmou, pedindo para ele prestar atenção nos selos e se concentrar em preparar o chakra. Meiko foi fazendo selo por selo, e o garoto repetiu perfeitamente os gestos. – Bunshin no Jutsu! – Os dois falaram ao mesmo tempo e ao lado de cada um deles surgiu seus respectivos clones, perfeitos.

As demais crianças expressaram frases de surpresa e admiração ao ver aquilo e o garotinho todo alegre que conseguiu fazer o clone.

INFO:

Finalmente estava dando a hora do intervalo, as crianças já começavam a ficar agitados novamente, estavam cansados e com fome. Fome, realmente, a barriga de Meiko já estava roncando, fazia algumas horas da última vez que comeu. O Sensei não precisou nem repetir a palavra que as crianças já saíram correndo para o pátio. Algumas com seus lanches, outras com dinheiro para comprar e para o azar da Kunoichi, ela estava responsável por tomar conta deles durante o intervalo. Ou seja, mais algumas horas sem comer. Isso, com certeza, iria afetar no humor da jovem.

As crianças corriam para tudo quanto é lado, trepavam em árvores e balanços, algumas até faziam alguns jutsus para se exibir. Todas as turmas misturadas. Aquilo estava um caos. Mas foi questão de tempo para tudo se acalmar, ou melhor, piorar. Se por um lado todos pararam o que estavam fazendo para prestar atenção, por outro dois garotos iniciavam uma briga. Armados com suas kunais e gritando palavras ofensivas misturadas com ameaças, ambos começaram a travar uma interessante batalha. Meiko olhou aquilo com um olhar nostálgico, se envolvia em brigas assim com frequência na sua época de academia, talvez devesse deixar aquilo rolar e ver o que iria acontecer. “Se eu deixar, quem vai ter problemas sou eu.” – Lembrou-se que era a responsável naquele momento.

A Kunoichi subiu em uma árvore que a dava visão privilegiada da luta. Quando os dois garotos tomaram distancia para iniciarem uma nova investida, a jovem jogou duas kunais que acertaram perfeitamente as sombras deles. Neste momento, ambos ficaram imobilizados. As armas estavam infundidas com o chakra da ninja, adquirindo as propriedades do Kagemane no Jutsu.

– Já é hora de parar, vocês vão acabar me dando problema. – Gritou. Logo em seguida, para sua imensa alegria, o intervalo acabou e as crianças voltaram para suas salas. A jovem recolheu as kunais e liberou os encrenqueiros.  

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Mais algumas horas de aula se passaram e Meiko já não aguentava mais. Quem diria que um dia na academia seria tão exaustivo? Seus planos de treinar quando chegar em casa, definitivamente, estavam cancelados. Só queria chegar, tomar um bom banho, comer o máximo que pudesse e repousar no silêncio de seu quarto. Estava sentada no fundo da sala acompanhando as falas do Sensei, e com os olhos fixos no relógio. Um minuto, dois minutos, três minutos e pronto, acabou. Definitivamente nunca mais queria pisar naquele lugar.

O Sensei ordenou que os alunos arrumassem suas coisas e se preparassem para sair. O único trabalho que faltava para a Kunoichi era guiar os alunos até seus pais ou responsáveis. Alguns deles, mais emocionados, pulavam no pescoço da garota e se despediam implorando para que ela voltasse outro dia e mostrasse mais daqueles jutsus. Ela apenas sorria e falava que muito em breve voltaria. “Só que não” – Ria. O último aluno a ir embora, por ironia do destino, era o mesmo que caçoara de suas vestes e não conseguia fazer o clone. Meiko acompanhou-o até seu pai e aproveitou para dar um recado, cochichando em seu ouvido. “Pense bem antes de falar da roupa dos outros, da próxima vez não vai ter o Sensei” – Riu, dando uma leve empurrada nele para que andasse mais rápido, acenando com as mãos para o pai.

Havia, enfim, terminado. Agora só precisava passar no gabinete do Kage e informar a conclusão da tarefa.

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