Um homem corria mesmo em meio ao frio. Era noite. Tão escura quanto os olhos do medo. Seus passos afundavam na neve, e todas suas fibras musculares queimavam a cada passo pesado e difícil, tornando a experiência parecida com estar preso em piche e betume. Estava ofegante e com os pulmões congelando. Não podia parar, mas não havia o que fazer. Respirou puxando o ar pela boca rachada, fazendo um som como quem estava fazendo seus últimos esforços para conseguir respirar. Seu treinamento havia sido extremamente difícil até ali, visto que a gigantesca cordilheira onde Iwagakure se instalou era um lugar traiçoeiro e letal até mesmo para um cavaleiro. Quando voltou sua percepção para o seu corpo, sentiu todos os seus músculos enrijecidos, doloridos demais para que ele conseguisse se mover de forma satisfatória, mas ainda assim continuava.

Ora, se a vida preparatória de um ninja até ali havia sido repleta de cobranças e duros treinos, porque deveria comemorar e relaxar quando finalmente recebeu mais uma graduação em sua patente e tudo se tornaria mais intenso e díficil? Um erro era igualmente uma passagem só de ida para o outro mundo no que se tratava de uma missão. Sendo assim, estanto tão afundado em preocupações, só conseguia se concentrar em se tornar mais forte. Por isso não parava de correr pelas montanhas, mesmo que seu próprio suor o cortasse pelo frio. - Eu preciso ser mais rápido.

Mais cedo, antes mesmo de correr pelos arredores de Iwagakure no Sato naquela noite de treinamento de velocidade, havia gastado um tempo no campo de treinamento, onde se posicionou entre as árvores cheias de armadilhas, onde sua necessidade era a de escapar com velocidade o suficiente das armadilhas. Troncos amarrados em cordas eram lançados do alto dos galhos das árvores, indo em direção ao Tokubetsu Jonin que hora conseguia se desviar, outra não. Passou algumas horas nesse movimento, até que nenhum dos troncos foi capaz de acertá-lo. Após essa etapa, já se sentia cansado e desgastado, mas não podia parar. Sendo assim, começou a correr, principalmente se apoiando na ideia de quando corria ele também era capaz de meditar e fortalecer não só o seu corpo, mas também a mente.

Naquele inverno, as corridas noturnas haviam se tornado não só um desafio na parte física como também de temperaturas, onde a brisa da noite era capaz de congelar os mais desavisados, dependendo da situação. De repente, enquanto estava perdido em seus devaneios, os músculos de suas pernas fraquejaram, e ele desabou no chão. Seu queixo sofreu com o impacto contra a neve suja sobre o chão de pedra e terra. Em seguida, após a queda, rolou seu corpo e botou-se de barriga pra cima, observando o céu pouco estrelado naquele clima de neblina. - Acho que por hoje é o suficiente. Eu não aguento mais. - Levantou-se pronto para partir.

Considerações do Post:

Notas gerais:

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