Voltando a ativa. 

Enquanto eu estava de saída do gabinete de Kuroko, inertes em meus pensamentos sobre como eu iria arrumar uma missão, um mensageiro estava a procura de alguém. Olhava de todos os lados, parecia procurar alguém em especifico, um papel na mão e sua preocupação faziam ele se destacar no meio da rua na qual estávamos, mirou seu olhar a mim e se surpreendeu, alguma coisa errada comigo? Veio até mim com rapidez e gritando o meu nome, como sabia o meu nome? Apresentou-me o papel que estava em suas mãos, uma missão. Não foi tão difícil quanto eu imaginava. Um guia e uma chave ilusória. Ilusões, é claro. Quem mais nessa vila usaria genjutsus além de mim? Uma missão especial para mim. A tristeza do que aconteceu na manhã foi se esvaindo durante todo o dia. Agora tinha que focar no que eu era, uma kunoichi de Kumogakure. Com dizeres gentis agradeci ao homem que estava aliviado em entregar esse papel para mim, era seu trabalho afinal de contas. O portão era o começo dessa missão que podia ser interessante e bem desafiadora.

Voltando a ativa. 

No portão eu percebia uma estranha aglomeração de pessoas em volta de algum canto que havia por aí. Era um garoto, bem estranho por sinal. Ele não parecia ser um ninja de Kumo, suas vestes não era de um ninja. Estava dançando algo bem único dele. Seus cabelos brancos chamavam a atenção, era bem bonito realmente. Ao me ver, ele parava a sua dança pegando sua bolsa de dinheiro e vinha até mim, já me chamando para a tal missão que fui designada. Seu rosto estava animado e sua risada traçava uma personalidade feliz.

- Vamos! Não perderei o passo, pode confiar - disse com um sorriso no rosto.

Segui o menino até sairmos do portão da vila. Lá eu já tinha liberdade de conversar com ele.

- Qual é seu nome? E outra coisa, o que você quer com essa tal chave ilusória? - perguntei.

Voltando a ativa. 

Milo era seu nome. Não titubeou em falar, parecia que tinha um certo tipo de confiança em mim. Continuando contando os motivos que me chamou para a missão. Um homem, melhor dizendo um padre, possuía uma chave capaz de realizar genjutsus. O menino continuou falando que tinha uma certa resistência a ilusões, interessante. Perguntava a mim sobre se eu tinha alguma resistência também, apesar que nunca me deparei com um genjutsu antes mas sabia que eu conseguiria sair até dos mais difíceis.

- Tenho meus meios para não ser afetada - disse com um sorriso fechado.

Mais a frente ele se separou de mim e foi falar com outro homem que possuía uma caravana, após alguns minutos de conversa ele voltava para mim avisando sobre algumas pequenas coisas que iriam atrapalhar na viagem.

- Não tenho nada disso, não se preocupe - respondi.

Entramos na caravana e seguimos viagem, porém eu precisava de mais informações sobre o meu inimigo, o tal padre.

- Como esse homem é? Preciso de uma descrição dele para saber melhor como localizá-lo. - falei - E como funciona essa tal chave? - adicionei.

Voltando a ativa. 

Então sua localização é facil de ser descoberta, o tal padre era venerado pelos moradores. Bullshit. Isso era coisa dessa chave que colocou os moradores num genjutsu que fizeram o ver como um deus. Isso está prestes a acabar, estou indo acabar com essa ladainha de falso poder e comando sobre as pessoas, odeio armações. A chave na qual realizava tais ilusões era quase que um segundo coração para este homem, segundo Milo.

- Este coração será tomado dele então. - afirmei com certa seriedade.

Ajeitando na caravana o menino parecia que ia dormir, e isso aconteceu de verdade. Pedia a mim para descansar, mas não, recusei.

- Não preciso dormir, tenho que pensar em como derrotar este homem e salvar sua vila. - falei.

O garoto começou a dormir. Estava sozinha ali naquela caravana em direção ao meu novo inimigo. Esta chave era um item muito forte para cair em mãos de pessoas com mentes fracas que ao encostar em algo poderoso, desejos egoístas são desabrochados. Não precisava matar o homem, mas sim destruir a chave. O homem pode ser alguém de bem, a chave poderia estar controlando-o. Durante a viagem eu pensava em todas as possibilidades, em minhas ideias malucas me veio a chance da chave ter desejos próprios e que poderia realmente estar tomando o corpo do padre. Não podia perguntar mais nada a Milo, o pobre menino estava a dormir já. Veio até minha vila para pedir ajuda. A ajuda estava ao seu lado, eu. Este trabalho era algo que poucas pessoas poderiam resolver, e acredito que eu seria uma dessas pessoas.

"Irei livrar a vila do mal que é este homem e esta chave" - pensei com certa ambição.

Vagamos por algum tempo até que nosso transporte parou. Milo continuava a dormir por isso tinha que acordá-lo.

- Menino, acho que chegamos. - falei perto do ouvido do garoto.

A passagem. 

A poucos metros do vilarejo aonde paramos, podemos ver alguns guardas na entrada da aldeia. Milo sabia que a defesa na entrada era uma resposta para sua saída repentina da vila. O garoto era esperto e sabia de uma outra passagem, porém a chance de dar errado era grande, mesmo com essa adversidade o menino continuou seu caminho até passagem alternativa, somente o segui sem questionar, ele era conhecedor da vila, coisa que eu não era. Chegamos em uma caverna escura, apesar da falta de luz ainda conseguia ver rachaduras pelas paredes. Perigoso, realmente. Andando mais adiante, podíamos ver uma escadaria, dessa vez havia luz proveniente de chamas postas no caminho que as escadas faziam.  Sem pestanejar fomos para as escadas, subindo até seu fim, onde um túnel surgia. No caminhar do túnel pude ver seu final a minha frente, uma grande pedra de ferro com simbolismos estranhos. A crença de Milo dizia que demônios eram jogados ali.

- Sei como são os demônios. Não precisa ter medo - falei com segurança. - Sabe como passar dessa pedra? - perguntei.

De trás da pedra, pude ouvir alguns zumbidos. Insetos? O local poderia estar abandonado também. Mas nosso dever era continuar.

A passagem. 

As mãos do menino Milo foram na pedra de ferro que ali estava, revelava seu poder oculto com o chakra negro que corria pelo metal e o fazia dissolver em pó. Um poder impressionante, devo dizer. O caminho aberto pelo Milo virou contra nós, realmente havia insetos do outro lado. Vieram em nossa direção nos atrapalhando para enxergar a nossa frente, dois pontos vermelhos surgiram. Seria o inimigo? As luzes se apagaram e isso foi o motivo principal para começar nossa defesa. Acumulei chakra da minha afinidade elemental em meu corpo, raios sairiam de todos os lados do meu corpo para me proteger dos insetos e evitar que qualquer pessoa chegue por perto.

- Chidori Nagashi - proferi.

Os raios acertariam tudo que estava em minha volta Poucos segundos depois de soltar os raios de meu corpo, a luz feita pelo jutsu me revelou que tinha alguém vindo em minha direção e o Nagashi me defenderia do ataque do mesmo. Seria um genjutsu ou realmente um ataque?

O pastor e sua chave. 

O ninja que viera em minha direção era uma mera ilusão, tudo se revelava com o padre mostrando sua cara e apresentando sua chave para nós. Milo fora acertado por meus raios e ficou paralisado. O sadismo do padre me deixava com raiva, sua chave não era uma mera ferramenta ilusória, também ela sugava almas e assim o fez com o pobre garoto, mais um enjaulado pelo artefato maléfico.

- Você não passa de um covarde com um objeto poderoso, no fim é somente um fraco. - falei seriamente.

As mãos do homem se ergueram, o chão estremeceu e mais insetos surgiriam. Pareciam ser mais resistentes. Não tinha outra alternativa se não lutar ali mesmo. Os bichos nojentos iriam em minha direção, nesse tempo minhas mãos já se movimentavam formando selos para a defesa, uma barreira de água. Insetos não podem bater suas asas se estiverem molhados, não é mesmo? Esperava que a torrente de água cobrisse todo a minha frente e a Milo, não deixando que o padre visse nós dois. A minha estratégia era acabar com aquela caverna soterrando ele e destruindo a chave. Criava dois clones de raios para me auxiliar nesse plano. Um me ajudaria a levar o corpo de Milo para fora da caverna e o outro terminaria o serviço acabando com o artefato. O plano era passado para as minhas cópias, ambas entenderam o que era para ser feito. Um veio a mim e pegou o corpo do menino e começamos o caminho de volta em velocidade máxima até chegarmos a saída. O clone de ataque faria selos e colocava ambas as mãos no chão e aplicava chakra Raiton em forma de cone a trinta e cinco metros a frente, com o homem embaixo dessa área, em meio aos abalos sísmicos dos insetos o pequeno distúrbio do meu jutsu não iria denunciar meu ataque. Eu original somente desfazia a torrente de água quando chegasse em segurança, nesse término do técnica de defesa, o clone já estava com um selo do tipo Tigre preparado. Olharia para o padre com um sorriso no rosto preparando para ativar sua técnica (e minha também, é só um clone).

- Seu tempo de governo a base de dor e sofrimento acabou, não há lugar para gente medrosa e covarde como você - dizia o clone.

Nisso, o clone ativava o selo feito e partiria em direção ao padre, o chakra acumulado no solo iria abrir um buraco abaixo dele e possivelmente começaria um soterramento. O clone ia até o homem para pegar a chave dele e ter certeza que ela iria ser destruída com as pedras que iriam cair, salvando as almas dos habitantes da vila de Milo e ele mesmo, a cópia iria se explodir em raios caso o homem tentasse interromper a tentativa de destruir a chave, o imobilizando.

Comigo original, meu clone e Milo já a salvos nos perguntávamos se o plano daria certo, a espera da consciência do menino voltar.

Fiz merda... 

A explosão do clone de ataque dentro da caverna me mostrava que o padre fora finalmente derrotado, porém por burrice minha eu tinha ordenado o clone a usar um jutsu que faria um grande estrago ao redor do local. Não pensei direito nisso e acabei por gerar um desastre na vila. O tremor aumentava gradativamente, o meu medo era ter muitas pessoas feridas. Pensava em alguma forma de tirar as pessoas deste desabamento que estava prestes a acontecer, nos meus pensamentos lembrava-me das palavras de Milo... "Demônios". Era isso, os Dokis poderiam me ajudar. Em minha velocidade máxima eu mordi meu dedão direito e deixei sair um pouco de sangue para começar fazer os selos e bater com a mão esquerda no chão.

- Kuchiyose no Jutsu! - anunciei.

A fumaça branca surgira e a presença dos demônios era notada. Pegava minha Mateki para comandá-los.

"Larguem suas armas e resgatem o máximo de pessoas que puderem desse desastres, vocês estão em meu comando. - pensei enquanto tocava minha flauta na sinfonia das ordens.

A clone auxiliar agora iria junto do demônio que não possuía braços e a dupla iria salvar as pessoas mais próximas da saída, a clone iria ordenar que o máximo de civis pegassem nas ataduras do demônio e segurassem firmes enquanto eles seriam levados para uma zona segura. Nomeei este demônio de Doki Blind. O demônio que possuía o porrete de ferro eu nomearia de Doki Club, e ele iria largar seu porrete e iria até nos fundos da vila e carregaria os civis até a saída. O demônio da garra se chamaria Doki Claw e sua garra de ossos já atrelada ao seu corpo serviria para salvar as pessoas que estaria em casas que estavam prestes a desabar. Pensei nos erros que cometi, mas agora eu tinha o dever de salvar a todos que prejudiquei. Os demônios me ajudariam nessa tarefa.

Aos primeiros que chegariam eu iria perguntar sobre um lugar que já conhecera antes.

- Vocês sabem como que se chega num lugar onde há diversas vilas próximas? Este lugar foi atacado por criminosos mas já está reconstruído e com certeza tem espaços para todos daqui. - perguntei e em seguida argumentei.

Falhei 

O trabalho dos demônios ia funcionar se não fosse por um erro de calculo meu em não pensar sobre o peso de meus subordinados sobre o chão, não imaginei que a estrutura da vila estava mal ao ponto de desabar em alguns movimentos bruscos. Os demônios ainda trouxeram certa de vinte habitantes enquanto mais ou menos trinta pessoas caíram junto a vila. Não suportei tal dor. Imaginava-me na posição dos falecidos. A ninja que era para salvá-los de um controle tirano acabou levando eles à morte. Isso que seria uma heroína? É óbvio que não, isso é o que mais se distancia de uma pessoa aclamada pelo povo. Milo ainda não apresentava sinal de vida, parecia que a chave não tinha sido destruída junto com o padre, eu tinha falhado totalmente? Manchei a minha imagem e a imagem de minha vila, tinha que me explicar para todos o grande desastre que gerei por minha displicência e falta de noção.

- Desculpem... Desculpem por ser tão idiota. Acabei destruindo a vila e matando pessoas que vocês amam. Isso pode ser algo difícil para vocês, tentei salvá-los e tudo que fiz foi acabar com suas vidas... - falava para os sobreviventes enquanto derramava lágrimas de meu olho esquerdo, o normal.

Esperava por uma reação da população restante, claro que nada positivo. Desfazia as invocações e a clone auxiliar enquanto sentava no chão em frente a todo desastre.

Voltando 

Os sobreviventes me surpreenderam ao não atribuírem a mim o fato de ser a culpada de todo o desastre. Mesmo assim eu era a culpada de tudo. Eles não tinham para onde ir, mas a ideia de levar-los até a vila aonde salvei dos criminosos ainda era uma opção.

- Obrigado... Acredito que vocês tenham um lugar sim para irem. Próximo a vila de Kumo, a alguns quilômetros de lá, tem um conjunto de vilas aonde estão se reconstruindo, eles precisam de gente nova por que teve um ataque por lá e acabaram por perder muitas pessoas... Que nem aqui. - pronunciei.

Eles em bando não iriam ter problemas, o que me restou fora voltar a vila com um sentimento amargo de derrota e com o peso da culpa me levando a questionar meus meios de ajudar as pessoas.