URAMESHI
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Minha natureza como governante ansiava cada vez mais poder. Diante do mundo ninja, uma boa forma de obtê-lo era por intermédio de missões. No entanto, problemático como era, esperava nunca receber uma.

Acordei bem cedo naquela manhã. Como de praxe, realizei todos os meus afazeres higiênicos e desci as escadas de casa para ir à rua, quem sabe vadiasse um pouco e encontrasse minha antiga gangue para vagabundarmos nos arredores de Iwagakure. Enquanto passava pela sala para sair, percebia que meu avô dormia no sofá da sala. "Esse velho já tá gágá", pensei enquanto rondava pela casa. Na sala, pude escutar um som de batida vindo do alto. Subi as escadas rapidamente e percebi que o som provinha de meu quarto. Abri a porta e vi um pombo bicar a parte de madeira da veneziana. Abri lentamente para não assustá-lo. Na sua perna, havia um pequeno pergaminho. Retirei lentamente o pergaminho e, enfim, expulsei aquele bicho dos meus domínios. — Some, seu demônio. — ordenei enquanto espantava-o. Desenrolei o papel e li o conteúdo da mensagem rapidamente. — Esses caras estão de palhaçada. "Caro Urameshi"... Meu nome é Urameshi, o grande. Hehe. Tá na hora de mostrar com quantos paus se faz uma canoa. — monologuei enquanto descia as escadas e logo após me retirar de casa. Dirigia-me à academia, onde tomaria conhecimento da missão e do que aconteceria.

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Como alguém que liderou gangues de pirralhos durante toda a infância, algumas crianças de academia não seriam, nem de longe, um problema. Estava diante do portão da academia de Iwagakure no Sato. Na minha frente, uma menina loira e muito bonita fazia minhas bochechas avermelharem-se de vergonha. Apesar de uma criança, ter crescido nas ruas desenvolveu-me uma certa perversão precoce. — E aí, gatinha. O grande Urameshi tá aqui pra fazer essa parada. — apresentei-me entregando o pergaminho da missão em seguida. — Vamos adiantar logo isso daqui que quando sairmos eu pagarei um sorvete pra você. Hehe. — propus com um sorriso pervertido.  

O meu jeito constrangeu a menina, que não teve outra opção senão a de me deixar entrar, muito embora a ideia de um garoto com um dialeto tão chulo quanto aquele realizar uma missão de ranqueamento alto não incutisse muito bem em sua mente. Enquanto adentrava nas imediações, observei atentamente todos os arredores da academia. Como esperado, aquele lugar não havia mudado nada desde os tempos em que saí dele. Conhecia todos os esconderijos existentes naquela escola, dado que era um grande matador de aula. Transformado em um ajudante, enxerguei a perfeita ocasião para bater em algumas pessoas sem ter de me preocupar com as repercussões desse tipo de atitude. Observados os arredores, dirigia-me a sala dos professores, onde encontraria o tutor cujo qual deveria auxiliar, estando, ainda, acompanhado da bela garota da recepção. — E aí, professor. Há quanto tempo. O grande Urameshi tá de volta na área. Hehe. — introduzi-me ao vê-lo de frente a porta da sala. Ouvir minha voz fora como um pesadelo para ele, que virou-se de costas com um rosto completamente pálido. — U-u-urameshi?! — gaguejou enquanto seu coração congelava por
ouvir minha voz. — Eu mesmo. O grande Urameshi. Aquele que um dia dominará os céus e a terra.
— satirizei. — Mas o que diabos você faz aqui? — perguntou de confuso com a situação. A menina que me acompanhava tratou de tomar a frente da situação e entregou o papel ao professor que finalmente entendeu todo o caso.

Passados alguns minutos e baixada a tensão, estava próximo a hora de finalmente haver alguma ação naquela escola. O sensei passou algumas ordens, mas, como esperado, ignorei a todas. Seguindo a natureza de uma criança, eu sabia muito bem o que se passava na mente de todos ali presentes. Quando olhasse nos olhos de cada um, seria como olhar nos olhos meus de meus amigos, aqueles os quais comandei durante minha breve passagem pela centenária instituição de ensino. Se dependesse de mim, nenhum aluno seria desordeiro. Esse papel de desordem deveria ser sempre do grande Urameshi e ninguém roubaria o meu lugar neste palanque.

Os primeiros alunos chegaram. Esses eram os mais nerds, ou, como gostava de chamar, os "puxa-sacos". Sentaram-se todos em suas cadeiras, perfilados com postura impecável e imóveis a olhar o quadro pacientemente até que a aula tivesse seu início. Não mais tarde, enquanto andava pela sala revistando as carteiras, novos alunos chegavam. Dessa vez, estavam ali todos aqueles tipos com quem um dia tive uma amizade: os deslocados e perdedores. Dei uma risada de caráter nostálgica ao ver rostos como aqueles novamente, lembravam-me do tempo no qual eu estava passando pelo mesmo processo. Se problemas fossem criados, com certeza seriam ele os responsáveis. Consoante esse motivo, passei a observar todo aquele grupo de garotos de maneira cabal. Nenhuma das suas atitudes escaparia da minha visão.

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A menina me respondeu de uma maneira indiferente, mas eu não dei importância para aquilo. Incrédulo, acreditava ser essa uma forma de dizer que ela gostava de mim. Com esses pensamentos, acabei dando uma risada. Após tudo aquilo, tudo o que podia fazer era segui-la adiante. Enquanto dentro da academia, percebia uma enxurrada de crianças surgindo ao horizonte. Estava empolgado para arrumar uma boa briga com alguns otários e torná-los meus subordinados. No entanto, antes que pudesse fazê-lo, a menina tomou a dianteira e ordenou uma organização perfeita. Aparentemente, todos ali a respeitavam. Meus olhos brilharam naquele momento. — Está decidido! Você será a esposa do grande Urameshi. — indaguei. O fato é que estava impressionado com alguém que, assim como eu, soubesse como sobrepujar pessoas daquela maneira.

O tempo passou e o recreio dos menores foi chegando ao seu fim, assim como era nos meus tempos de academia. Bem lembrava, o tempo de intervalo dos mais velhos sempre fora muito problemático por minha culpa. Talvez fossem da mesma idade que eu, talvez não. No decorrer daquele recreio, pude perceber a presença de uma figura gorda tentando perturbar um jovem menor do que ele. Ver aquela cena deixou-me furioso. Aproximei-me, fugaz, tentando passar-me desapercebido por todos até o momento em que me posicionasse nas costas daquele aparentemente mais fraco. — Seus merdinhas. Vocês desdenham do legado do grande Urameshi como o grande arruaceiro. Se querem abusar de alguém, que façam com alguém de seu tamanho. — arrogantemente falei. Poderia não parecer, mas eu ainda tinha alguns princípios. Em nenhuma de minhas aventuras havia atacado aqueles ditos mais fracos. Nelas, atacava e saqueava sempre adultos, aqueles que, supostamente, tinham muito mais força. Por esse motivo, ver alguém abusar de sua força simplesmente me tirava do sério.

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Brincavam com fogo, definitivamente. E, como bem diz o ditado, quem brinca com o fogo acaba por se queimar. Assisti ao massacre do meu chapéu desacreditado de tamanha ousadia por parte deles. O cérebro parecia estar entorpecido diante atitudes tão impensadas quanto aquelas. Quando finalmente dei conta de mim, enfureci-me evocando sobre a terra a fúria de dezenas de demônios somadas. — Vocês fumaram alguma coisa estragada, seus vacilões. Acabaram de cometer um dos maiores pecados possíveis para um humano. — indiquei com uma aura assustadora me rondeando. Havia uma clara intensão assassina.

Com o fim das palavras, faria uso daquele atributo com o qual era mais conectado: a velocidade. Fiz o chakra percorrer meu corpo por completo, avivando ainda mais esta qualidade. Acelerei meu corpo e executei movimento de finta circular para confundi-los. Ao fim, tentaria socar, com a mão direita, o rosto dos dois que seguiam o gordinho. Projetaria toda a minha força naqueles punhos, talvez causasse alguns danos porém pouco me importava. Por fim, continuaria uma finta em ziguezague para confundir seus olhos e então posicionaria-me nas costas daquele mais obeso. Num momento de pura fluidez, sacaria uma kunai da bolsa ninja e a apontaria contra a nuca do líder. Caso assim se concretizassem minhas ações, manteria-me sério. — Devolvam essa merda de chapéu e ajoelhem-se. Senão, vocês estão muito fodidos. — alertaria.

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Guardei a kunai e recuperei o meu chapéu. Ajustei-o na cabeça e, agora aliviado, escutei as palavras do menino que não teve qualquer decência em reconhecer a minha ajuda. Cerrei o rosto e permaneci quieto por um tempo até ser surpreendido pelas palavras da pretendente de esposa. Recebi outro fora, deixando-me muito cabisbaixo. — Cara, hoje não está nada fácil. Não quero obedecê-la, mas não tem nada melhor a fazer do que ficar observando esses caras aqui. — falei comigo mesmo um tanto quanto chateado.

No mais, continuei averiguando o recreio e assim permaneceria até o momento de suas saídas, mantendo-me com uma postura rija até o momento em que a missão tivesse seu fim. Finalizada, caso fosse, dirigiria-me ao quartel general em busca da minha recompensa e, enfim, voltaria para casa. Aquele estava sendo um dia cansativo e tanto.

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