Conceitualidade

As finas gotas de água não paravam de eclodir ao chão da nuvem, o escaldante sol do verão estampava o fim de tarde em um belo pôr do sol. A rota comercial da grande entrada do vilarejo não se interrompia nem por chuvas, calor ou fim do dia; idosos, crianças e mulheres eram vistos entre incontáveis comerciantes em tráfego, mas os ninjas locais eram diminutos, visto a grande concentração em uma batalha contra uma fera. Sorte grande. Apenas mais um entre tantos, o demônio níveo estagnava-se momentaneamente no horizonte do portal do vilarejo. A visão do jovem, ainda morta como de costume, vislumbrava todas aquelas estruturas rochosas em meio a tantas nuvens. Era incontestável a beleza natural daquela região, seu povo e sua cultura rigorosa e fechada.

Suspirou aquele ar pesado e rarefeito, Shiroshi vagava entre pensamentos alheios e complexos. Seus ideias, desejos e objetivos nunca estiveram tão deturpados e indecisos. Desde jovem seu desinteresse por tudo ao seu redor abismou seu criador. Literatura e conhecimento, áreas que, talvez, não interessaram o rapaz, mas sim, serviram como refúgio a sua inércia ao tempo. Conhecido mundialmente como demônio branco, alcunha representativa de seus cabelos níveos como a neve e sua amedrontadora força. Outrora espadachim da névoa e agora arqueou seu destino pelas ruas da nuvem. Os conceitos de necessidades e objetivos se mesclaram com a falta que sua amada lhe fazia.

Burocracia e leis apenas afrontavam a maneira desleixada do rapaz. Era sua saída, mesmo que ultrajante, Shiroshi abandonaria seu vilarejo em busca de um novo rumo: o domínio da névoa; assunto esse não tão importante quanto se tratava do possível confronto em sua fuga. Seu olhar antes pacato agora se enrijecia perante a presença de sua habilidade ocular, esta que possibilitou-o visualizar toda a região ao seu redor, desde ao interior das casas e energias ocultas. Visão esta que ainda seria auxiliada pela sua habilidade sensorial que detectaria como seu próprio corpo qualquer aproximação indevida. Desviou finalmente seu olhar do horizonte manchado pelas nuvens, se virou e caminhou ocultando sua movimentação entre o tráfego de tantos comerciantes, ansiando que ninguém o detivesse, evitando possíveis chacinas.